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Conheça o trabalho de dez artistas plásticos que se dedicam ao ativismo ambiental em suas obras
Equipe eCycle
A arte tem um potencial provocador. Muitos artistas a utilizam como
ferramenta de ativismo. Entre as correntes destaca-se o ativismo
ambiental (saiba mais sobre a arte como ativismo ambiental).
Com a arte contemporânea, a produção artística reinventou suas
fronteiras e começou a transitar em novos territórios, utilizando
linguagens como performances e instalações. Ela pode ter caráter
efêmero, ser uma intervenção na cidade, mas vai provocar uma reação no
contato com o espectador, mesmo que seja de estranhamento. E se você
pudesse fazer as pessoas se questionarem, nem que por um instante, sobre
as questões ambientais? É o que esses artistas fazem.
O campo de trigo é o mais conhecido trabalho da artista conceitual e
pioneira na arte ambiental, Agnes Denes. Ele foi criado durante um
período de seis meses, na primavera, verão e outono de 1982, quando
Denes, com o apoio do Fundo de Arte Pública, plantou um campo de trigo
dourado em dois acres de aterro coberto de escombros, perto de Wall Street e do World Trade Center, em Manhattan (agora o local do Battery Park City e do World Financial Center),
nos Estados Unidos. A obra é um forte ato discursivo para demonstrar
que um terreno baldio pode ser útil. Após o plantio, mais de mil quilos
de trigo foram colhidos e distribuídos para 28 cidades ao redor mundo.
Desde
1976, a feminista Mierle Laderman Ukeles é artista residente do
Departamento de Saneamento da Cidade de Nova Iorque. Seu trabalho
incorpora o diálogo e a participação da comunidade em torno de questões
centradas na vida e na sustentabilidade. Ela chamou a atenção para a
manutenção dos sistemas ecológicos urbanos em geral, para a
transferência de materiais usados e recicláveis e para a vida de
trabalhadores de manutenção diária. Ukeles focou suas energias criativas
em uma série de projetos de longo prazo: Touch Sanitation (1978-1984), Flow City (1983-atual) e Fresh Kills Landfill and Sanitation Garage
(1989-atual). Estes projetos fornecem pontos de acesso e informações
para visitantes sobre questões de gestão de resíduos urbanos.
Esse projeto ecocolaborativo conectou mulheres de todo o mundo,
usando sacos de plástico como matéria-prima para fazer crochê em formato
de mamas. Osher juntou os componentes para fabricar uma forma colorida e
orgânica atraente, para chamar a atenção para as toxinas que escoam
para águas internacionais. A obra se destina a aumentar a consciência
social sobre a importância de corrigir a contaminação da água. Em
conjunto, as mulheres apontam como sacos de plástico estão ligados ao
veneno que vaza para a corrente sanguínea e afeta diretamente o leite
materno das mulheres e o futuro das gerações vindouras.
Krajcberg luta e grita contra o que chama de barbárie do homem contra
o homem e do homem contra a natureza. “A minha vida é essa, gritar cada
vez mais alto contra esse barbarismo que o homem pratica”. Ele faz da
sua arte um grito de revolta ao transformar restos de troncos e galhos
calcinados após queimadas em esculturas. "Quero que minhas obras sejam
um reflexo das queimadas. Por isso, uso as mesmas cores: vermelho e
preto, fogo e morte".
"Melting Men" é o projeto mais famoso da artista Nele Azevedo.
A obra consiste na instalação de centenas de bonequinhos de gelo. O
objetivo é abordar um dos assuntos mais urgentes que ameaçam a nossa
existência neste planeta: os efeitos das mudanças climáticas. Em 2009, a
artista se uniu com o World Wildlife Fund e colocou 1.000
figuras de gelo na Praça Gendarmenmarkt, em Berlim. A instalação
correspondeu com o lançamento do relatório do WWF sobre o aquecimento do
Ártico.
Em sua obra, o artista de rua John Fekner trouxe mensagens que
destacam questões sociais ou ambientais, provocando a ação de cidadãos e
autoridades de Nova Iorque. O artista é um dos grandes nomes da arte
urbana. Suas obras conceituais envolvem questionamentos sobre o impacto
antrópico (oriundo da atividade humana) na natureza, consumo excessivo e
exploração do homem e da natureza. O artista de multimídia fez largo
uso de stencils, pintando símbolos e frases com forte crítica ao
sistema, nos anos 70 e 80, nas ruas de EUA, Alemanha e Suécia.
Sayaka Ganz produz belas esculturas ecologicamente corretas, que
reutilizam objetos no fim de sua vida útil. A artista conta que foi
inspirada por crenças xintoístas japonesas que dizem que todos os
objetos têm espíritos, e aqueles que são jogados fora "choram à noite
dentro da lata de lixo". Com esta imagem vívida em sua mente, ela
começou a coletar materiais descartados - utensílios de cozinha, óculos
de sol, eletrodomésticos, brinquedos, etc. - e incluí-los em suas obras
de arte. Ao produzir sua arte, Ganz recupera e regenera os materiais em
questão e propõe um consumo mais racional. A concepção de resíduo é uma
criação humana, na natureza tudo é insumo de algo e dá continuidade ao
ciclo. A obra de Ganz introduz mais uma chance de vida para esses
materiais que seriam descartados, provavelmente de forma incorreta, e
degradariam o planeta.
As instalações de Johanson são funcionais e consistem em
infraestruturas que têm a intenção de recuperar ecossistemas impactados.
Seus projetos envolvem trilhas inusitadas e paisagismo, reintroduzindo
espécies de animais e vegetais ameaçados de extinção, criando lagoas de
oxidação natural para melhorar a qualidade da água, etc. Johanson
colabora com engenheiros, urbanistas, cientistas e grupos comunitários
para criar sua arte fundindo as necessidades funcionais dos seres
humanos com a nossa responsabilidade coletiva de manejo ecológico.
Spiess é uma artista contemporânea que faz instalações conceituais
com reflexões de cunho ambiental. Suas instalações temporárias na
natureza evocam uma sensibilidade quanto à reconexão do homem com o meio
ambiente. Com o ritmo atual de vida nas metrópoles, o homem se
distancia vertiginosamente da terra, dos animais, das paisagens e das
vegetações. Contudo, os efeitos negativos da interferência antrópica
revelam como nossa existência não pode ser dissociada da saúde do
planeta. "Provavelmente, a busca mais importante de todo o meu trabalho é
a busca de uma reconexão com a essência e as raízes da existência
humana e para a terra. Meus projetos são de instalação conceitual, e, na
maior parte, temporários. Eles são documentados através de vídeo, texto
e fotografia, e, em seguida, novamente desmontados, para que apenas as
lembranças permaneçam... ", revela a artista.
O artista visual realiza grandes intervenções urbanas que chamam a
atenção de milhões de pessoas para a questão ambiental. A inserção de
suas obras no cotidiano da cidade, faz com que os expectadores reflitam,
mesmo que por um breve momento, sobre as questões propostas. Srur
transita entre a fotografia, escultura, vídeo, performance, instalações e
intervenções urbanas. Suas obras são bem-humoradas, porém impactantes e
com forte dimensão crítica. A interferência no cenário urbano dialoga
com a questão ambiental e faz um importante alerta sobre os problemas
vividos nas metrópoles, como o excesso de resíduos.
Obras de arte são uma importante ferramenta para transmitir mensagens de consciência e sustentabilidade. Conheça esses artistas que transcendem a estética em busca da luta ambiental
Agnes Denes
Mierle Laderman Ukeles
Wendy Osher
Frans Krajcberg
Nele Azevedo
John Fekner
Sayaka Gans
Patricia Johanson
Anne-Katrin Spiess
Eduardo Srur
Fonte: Instituto Goethe e Artes Magazine
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