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Monday, 17 December 2018

Conheça o trabalho de dez artistas plásticos que se dedicam ao ativismo ambiental em suas obras


https://www.ecycle.com.br/component/content/article/35-atitude/3971-conheca-o-trabalho-de-10-artistas-plasticos-que-se-dedicam-ao-ativismo-ambiental-em-suas-obras-arte-sustentabilidade-contemporanea-instalacoes-.html

Conheça o trabalho de dez artistas plásticos que se dedicam ao ativismo ambiental em suas obras




Obras de arte são uma importante ferramenta para transmitir mensagens de consciência e sustentabilidade. Conheça esses artistas que transcendem a estética em busca da luta ambiental

Obras de arte que se dedicam ao ativismo ambiental
A arte tem um potencial provocador. Muitos artistas a utilizam como ferramenta de ativismo. Entre as correntes destaca-se o ativismo ambiental (saiba mais sobre a arte como ativismo ambiental). Com a arte contemporânea, a produção artística reinventou suas fronteiras e começou a transitar em novos territórios, utilizando linguagens como performances e instalações. Ela pode ter caráter efêmero, ser uma intervenção na cidade, mas vai provocar uma reação no contato com o espectador, mesmo que seja de estranhamento. E se você pudesse fazer as pessoas se questionarem, nem que por um instante, sobre as questões ambientais? É o que esses artistas fazem.

Agnes Denes

agnes deves campo de trigo
O campo de trigo é o mais conhecido trabalho da artista conceitual e pioneira na arte ambiental, Agnes Denes. Ele foi criado durante um período de seis meses, na primavera, verão e outono de 1982, quando Denes, com o apoio do Fundo de Arte Pública, plantou um campo de trigo dourado em dois acres de aterro coberto de escombros, perto de Wall Street e do World Trade Center, em Manhattan (agora o local do Battery Park City e do World Financial Center), nos Estados Unidos. A obra é um forte ato discursivo para demonstrar que um terreno baldio pode ser útil. Após o plantio, mais de mil quilos de trigo foram colhidos e distribuídos para 28 cidades ao redor mundo.

Mierle Laderman Ukeles

ukeles
Desde 1976, a feminista Mierle Laderman Ukeles é artista residente do Departamento de Saneamento da Cidade de Nova Iorque. Seu trabalho incorpora o diálogo e a participação da comunidade em torno de questões centradas na vida e na sustentabilidade. Ela chamou a atenção para a manutenção dos sistemas ecológicos urbanos em geral, para a transferência de materiais usados ​​e recicláveis ​​e para a vida de trabalhadores de manutenção diária. Ukeles focou suas energias criativas em uma série de projetos de longo prazo: Touch Sanitation (1978-1984), Flow City (1983-atual) e Fresh Kills Landfill and Sanitation Garage (1989-atual). Estes projetos fornecem pontos de acesso e informações para visitantes sobre questões de gestão de resíduos urbanos.

Wendy Osher

something in water
Esse projeto ecocolaborativo conectou mulheres de todo o mundo, usando sacos de plástico como matéria-prima para fazer crochê em formato de mamas. Osher juntou os componentes para fabricar uma forma colorida e orgânica atraente, para chamar a atenção para as toxinas que escoam para águas internacionais. A obra se destina a aumentar a consciência social sobre a importância de corrigir a contaminação da água. Em conjunto, as mulheres apontam como sacos de plástico estão ligados ao veneno que vaza para a corrente sanguínea e afeta diretamente o leite materno das mulheres e o futuro das gerações vindouras.

Frans Krajcberg

frans krajcberg
Krajcberg luta e grita contra o que chama de barbárie do homem contra o homem e do homem contra a natureza. “A minha vida é essa, gritar cada vez mais alto contra esse barbarismo que o homem pratica”. Ele faz da sua arte um grito de revolta ao transformar restos de troncos e galhos calcinados após queimadas em esculturas. "Quero que minhas obras sejam um reflexo das queimadas. Por isso, uso as mesmas cores: vermelho e preto, fogo e morte".

Nele Azevedo

Nele Azevedo
"Melting Men" é o projeto mais famoso da artista Nele Azevedo. A obra consiste na instalação de centenas de bonequinhos de gelo. O objetivo é abordar um dos assuntos mais urgentes que ameaçam a nossa existência neste planeta: os efeitos das mudanças climáticas. Em 2009, a artista se uniu com o World Wildlife Fund e colocou 1.000 figuras de gelo na Praça Gendarmenmarkt, em Berlim. A instalação correspondeu com o lançamento do relatório do WWF sobre o aquecimento do Ártico.

John Fekner

john feker
Em sua obra, o artista de rua John Fekner trouxe mensagens que destacam questões sociais ou ambientais, provocando a ação de cidadãos e autoridades de Nova Iorque. O artista é um dos grandes nomes da arte urbana. Suas obras conceituais envolvem questionamentos sobre o impacto antrópico (oriundo da atividade humana) na natureza, consumo excessivo e exploração do homem e da natureza. O artista de multimídia fez largo uso de stencils, pintando símbolos e frases com forte crítica ao sistema, nos anos 70 e 80, nas ruas de EUA, Alemanha e Suécia.

Sayaka Gans

sayaka gans
Sayaka Ganz produz belas esculturas ecologicamente corretas, que reutilizam objetos no fim de sua vida útil. A artista conta que foi inspirada por crenças xintoístas japonesas que dizem que todos os objetos têm espíritos, e aqueles que são jogados fora "choram à noite dentro da lata de lixo". Com esta imagem vívida em sua mente, ela começou a coletar materiais descartados - utensílios de cozinha, óculos de sol, eletrodomésticos, brinquedos, etc. - e incluí-los em suas obras de arte. Ao produzir sua arte, Ganz recupera e regenera os materiais em questão e propõe um consumo mais racional. A concepção de resíduo é uma criação humana, na natureza tudo é insumo de algo e dá continuidade ao ciclo. A obra de Ganz introduz mais uma chance de vida para esses materiais que seriam descartados, provavelmente de forma incorreta, e degradariam o planeta.

Patricia Johanson

Patricia Johanson
As instalações de Johanson são funcionais e consistem em infraestruturas que têm a intenção de recuperar ecossistemas impactados. Seus projetos envolvem trilhas inusitadas e paisagismo, reintroduzindo espécies de animais e vegetais ameaçados de extinção, criando lagoas de oxidação natural para melhorar a qualidade da água, etc. Johanson colabora com engenheiros, urbanistas, cientistas e grupos comunitários para criar sua arte fundindo as necessidades funcionais dos seres humanos com a nossa responsabilidade coletiva de manejo ecológico.

Anne-Katrin Spiess

anne katrin spiess
Spiess é uma artista contemporânea que faz instalações conceituais com reflexões de cunho ambiental. Suas instalações temporárias na natureza evocam uma sensibilidade quanto à reconexão do homem com o meio ambiente. Com o ritmo atual de vida nas metrópoles, o homem se distancia vertiginosamente da terra, dos animais, das paisagens e das vegetações. Contudo, os efeitos negativos da interferência antrópica revelam como nossa existência não pode ser dissociada da saúde do planeta. "Provavelmente, a busca mais importante de todo o meu trabalho é a busca de uma reconexão com a essência e as raízes da existência humana e para a terra. Meus projetos são de instalação conceitual, e, na maior parte, temporários. Eles são documentados através de vídeo, texto e fotografia, e, em seguida, novamente desmontados, para que apenas as lembranças permaneçam... ", revela a artista.

Eduardo Srur

eduardo srur
O artista visual realiza grandes intervenções urbanas que chamam a atenção de milhões de pessoas para a questão ambiental. A inserção de suas obras no cotidiano da cidade, faz com que os expectadores reflitam, mesmo que por um breve momento, sobre as questões propostas. Srur transita entre a fotografia, escultura, vídeo, performance, instalações e intervenções urbanas. Suas obras são bem-humoradas, porém impactantes e com forte dimensão crítica. A interferência no cenário urbano dialoga com a questão ambiental e faz um importante alerta sobre os problemas vividos nas metrópoles, como o excesso de resíduos.

Monday, 11 September 2017

V Conferência Infanto- juvenil pelo Meio Ambiente

V Conferência Infanto- juvenil pelo Meio Ambiente V CIJMA
Vamos cuidar do Brasil cuidando das águas
http://portal.mec.gov.br/pnaes/194-secretarias-112877938/secad-educacao-continuada-223369541/17455-conferencia-infanto-juvenil-pelo-meio-ambiente-novo

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Em MT, aos cuidados de Déborah Moreira:
65 3615 8443


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OUTRAS INFORMAÇÕES
Ministério da Educação - MEC
http://portal.mec.gov.br/pnaes/194-secretarias-112877938/secad-educacao-continuada-223369541/17455-conferencia-infanto-juvenil-pelo-meio-ambiente-novo

ver histórico em:
http://conferenciainfanto.mec.gov.br/


Conferência Infanto- juvenil pelo Meio Ambiente

    Objetivo:
    O objetivo da Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA) é pedagógico e busca apoiar as Secretarias Estaduais, Municipais e Distrital de Educação na promoção da participação social. Incentiva a mobilização e a ação sobre a dimensão política e social da questão ambiental, bem como a sua inserção e apropriação pelos sistemas de ensino nas dimensões de gestão, currículo e infraestrutura das unidades escolares.
    Ações:
    • Realização das etapas preparatórias para a Conferência Nacional, que incluem a formação de professores e conferências nas escolas do ensino fundamental.
    • Disponibilizar materiais de referência para todas as escolas de ensino fundamental a fim de subsidiar o processo de debate e mobilização dos(as) estudantes nas etapas da CNIJMA;
    Como Acessar:
    As Secretarias de Educação dos Estados e Distrito Federal devem, aguardar convocação da CNIJMA pelo Ministério da Educação e incluir esta ação no Plano de Ações Articuladas Estadual (PAR) para apoio a realização das conferências.

    Documentos:
    • Relatório Final da I Conferência Infanto- juvenil pelo Meio Ambiente, 2003;

    Tuesday, 3 December 2013

    Envolver em vez de se “des-envolver”

    IHU

    http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=5288&secao=433

    Envolver em vez de se “des-envolver”

    Michèle Sato, professora e pesquisadora, aposta na educação ambiental e na relação com as populações ribeirinhas para garantir um meio ambiente equilibrado

    Por: Ricardo Machado | Colaborou: Leonardo Maltchik

    Professora e líder do Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte – GPEA, Michèle Sato aborda a Educação Ambiental junto às populações das áreas úmidas, ressaltando que historicamente esses grupos respeitam o ritmo e a dinâmica ecológica. Entretanto, os povos ribeirinhos são os mais vulneráveis às mudanças climáticas ocasionadas pelo efeito estufa, pois isso gera impactos diretos na vida das populações. “É preciso debater mais a noção de ‘des-envolvimento’ e toda a noção de progresso que realmente deixa de envolver a sociedade e o ambiente, focando apenas na economia. O desenvolvimento sustentável, ainda que ostente uma face ambiental, continua sendo o velho capitalismo, agora maquiado de um novo chavão que é repetido sem reflexão crítica, como se fosse a única verdade das diversas identidades pulsantes no mundo. Para além do desenvolvimento, estamos precisando de mais envolvimento”, avalia Michèle Sato, em entrevista por e-mail àIHU On-Line.
    Quanto à biodiversidade, a pesquisadora aponta que as áreas úmidas pantaneiras são ricas em biodiversidade aquática, no entanto diversas degradações ameaçam esses locais. “O uso exagerado de agrotóxico, por exemplo, pode contaminar os lençóis freáticos ou nascentes de água, pondo em risco não apenas o local, mas toda a complexidade global, uma vez que o ambiente não enxerga a fronteira cartográfica inventada pelos humanos”. O papel da educação ambiental, neste contexto, é “trazer o diálogo socioambiental, aliando cultura e natureza neste campo pedagógico capaz de fazer emergir a educação como mola propulsora das transformações socioambientais”, pondera.
    Michèle Sato possui licenciatura em Biologia pela Universidade de Santo Amaro - Unisa, mestrado em Filosofia pela University of East Anglia, doutorado em Ciências na Universidade Federal de São Carlos - Ufscar e pós-doutorado em Educação pela Université du Québec à Montréal. É docente associada ao Programa de Pós-Graduação em Educação na Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT e líder do Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte - GPEA, além de colaboradora em várias outras universidades nacionais e estrangeiras. Colabora nas comissões editoriais de diversos periódicos e é articuladora de diversas redes potencialmente ambientais. Possui várias experiências nacionais e internacionais e é membro do Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso.
    Confira a entrevista.

    IHU On-Line – Como podemos pensar a relação entre o humano e as áreas úmidas da Amazônia e do Pantanal, seu uso e o desenvolvimento das comunidades no contexto histórico?
    Michèle Sato – Historicamente, as populações das áreas úmidas possuem uma intrínseca ligação da cultura com a natureza, onde as expressões humanas se conjugam com o ritmo e a dinâmica ecológica. Há um vasto mundo de signos, crenças e mitologia emanado de uma epistemologia ambiental. Em outras palavras, há um saber chamado “tradicional” que, como as ciências, busca responder aos fenômenos naturais e culturais, tirando sustento, acumulando experiências, gerando movimentos de sobrevivência e ainda revelando a subjetividade como elemento pedagógico de geração a geração, como religião, fé, mitos, “causos e assombrações” na construção da felicidade local.

    IHU On-Line – Como as comunidades ribeirinhas na Amazônia e no Pantanal convivem com seu hábitat alagadiço? Como fica a questão da preservação ambiental?
    Michèle Sato - Há vários estudos técnicos sobre as populações ribeirinhas, com foco na mitigação ecológica , expressões etnográficas, condições geográficas ou situações sociológicas. Cada qual verá as populações vivendo nestes locais de acordo com seus olhares e teorias. Mas creio que todos são unânimes em denunciar as bruscas mudanças ambientais que afetam a cultura desta gente de maneira muito injusta. No caso da mudança climática, por exemplo, não se trata de enfatizar o mercado de carbono  ou evocar a tendenciosa economia verde , mas sobretudo tentar compreender de que maneira estes povos vulneráveis podem sobreviver no enfrentamento da mudança do clima. E, na medida do possível, atuar junto com eles para que uma pedagogia ambiental possa alicerçar os modos de vida.

    IHU On-Line – Que especificidades têm o uso humano nas áreas úmidas para outros tipos de biomas?
    Michèle Sato – Há várias diferenças entre estes mundos secos e úmidos, e os próprios locais chamados úmidos também vivem a época da secura. Há uma dinâmica ecológica diferenciada em cada região, demarcada pelas espécies vegetais e animais, pelo clima ou por diversos outros fatores de distinção entre uma área e outra. Por isso, é de vital importância que as políticas públicas consigam enxergar a regionalidade de cada território, ao invés de homogeneizar todas como se fossem iguais. O conceito de áreas úmidas surgiu oficialmente em 1971, durante a Convenção de Ramsar , cidade do Irã que sediou o evento para o debate internacional das áreas úmidas. Há uma comissão internacional de Ramsar com os principais especialistas mundiais, e este ano foi criado um braço chamado “Cultura”, que dá pistas notáveis de como é importante considerar o humano nos processos de proteção ambiental. Esta rede cultural veio da necessidade de alertar os cientistas de que não é mais possível fazer estudos fragmentados das áreas úmidas sem considerar as relações humanas que delas fazem parte.

    IHU On-Line – Quais os principais riscos da interferência humana nas áreas alagadas?
    Michèle Sato – As áreas úmidas são frequentemente consideradas zonas de transição de um ecossistema para outro. Os cientistas têm chamado estas áreas de “ecótono” , que é bastante rico do ponto de vista ecológico, já que agrega elementos de duas paisagens, na mistura das vidas de um ecossistema e outro. Simultaneamente, é também o local de maior estresse energético, gerando competições, adaptações e processos de resiliência, isto é, de que maneira uma espécie se adapta ao território. São áreas ricas em biodiversidade aquática, na exuberância da paisagem que a água traz. Mas há várias degradações que ameaçam estas áreas: o uso exagerado de agrotóxico, por exemplo, pode contaminar os lençóis freáticos ou nascentes de água, pondo em risco não apenas o local, mas toda a complexidade global, uma vez que o ambiente não enxerga a fronteira cartográfica inventada pelos humanos. A interconectividade do ambiente é ameaçada com ações humanas que provocam a violência socioambiental, já que um impacto ambiental traz consequências sociais drásticas. Assim, é importante ressaltar que toda vez que temos um impacto ambiental, as consequências recaem sobre os grupos sociais vulneráveis, sem condições de defesa.

    IHU On-Line – Qual o papel da educação ambiental neste contexto? Em que medida ela se torna um fator fundamental para a preservação ambiental?
    Michèle Sato – Em primeiro lugar, potencializar a educação ambiental em seu caráter político, não meramente comportamental ou intuitivo. Claro que são dimensões interessantes, mas ousar processos que promovam mudanças é mais emergencial. Neste contexto, trazer o diálogo socioambiental, aliando cultura e natureza neste campo pedagógico capaz de fazer emergir a educação como mola propulsora das transformações socioambientais. Retirar o caráter ingênuo da educação implica dizer que ela pode debater a problemática dos resíduos sólidos inscrita numa dimensão do consumo, dos modelos de desenvolvimento e das orientações econômicas que geram os resíduos. Neste contexto, será impossível promover a educação ambiental apenas por meio da coleta seletiva ou de oficinas de reutilização do lixo, mas, principalmente, haverá um debate sobre as injustiças e desigualdades que promovem a geração de resíduos.

    IHU On-Line – Considerando uma perspectiva mais focada nas áreas úmidas, de que maneira a educação pode ajudar no convívio mais harmônico das comunidades próximas às áreas alagadas com a biodiversidade local?
    Michèle Sato – Especificamente no caso das águas, as populações ribeirinhas sabem conviver bem com a natureza. Historicamente sempre houve um equilíbrio entre as ações humanas destes grupos sociais mais vulneráveis e a natureza. O que desequilibra e traz danos ambientais não são as populações, senão o capital disfarçado de sustentabilidade: o agronegócio, a usina hidrelétrica, a indústria madeireira ou outro setor mercadológico que promove o trabalho escravo e prejudica o ambiente. A educação ambiental, neste contexto, tem o papel dos ensinamentos de Paulo Freire : aprendemos a mapear os opressores e lutamos contra as forças negativas à nossa libertação. Não promovemos uma educação só de ensinamentos, senão de diálogos. Não mais uma educação ambiental ingênua de abraçar árvores, mas também aquela política, de ter coragem de assumir a não neutralidade educativa e aprender coletivamente contra quem fazemos, pensamos e sentimos a educação ambiental.

    IHU On-Line – Em que medida os danos causados ao meio ambiente surgem do desconhecimento de que tais práticas são prejudiciais? Como avançar nesse processo?
    Michèle Sato – De minha experiência pessoal, muito se conhece sobre danos e prejuízos ambientais. O que não se conhece ainda é como frear a ganância de lucrar, minimizando os lucros para maximizar os bens socioambientais. Creio que novas alternativas econômicas podem ser possíveis, como a economia solidária, popular ou alternativa a este capitalismo tardio que avassala a natureza, a cultura e a dignidade humana. É preciso debater mais a noção de “des-envolvimento” e toda noção de progresso que realmente deixa de envolver a sociedade e o ambiente, focando apenas na economia. O desenvolvimento sustentável, ainda que ostente uma face ambiental, continua sendo o velho capitalismo, agora maquiado de um novo chavão que é repetido sem reflexão crítica, como se fosse a única verdade das diversas identidades pulsantes no mundo. Para além do desenvolvimento, estamos precisando de mais envolvimento.

    IHU On-Line – Quais são os desafios postos à educação ambiental? Como interagem os saberes acadêmicos e das comunidades de regiões alagadas?
    Michèle Sato – Na Universidade Federal de Mato Grosso, o Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte  vem aliando pesquisa acadêmica com militância política, abraçando a produção científica nas malhas da educação popular. Tornamo-nos sujeitos de pesquisa junto com os comunitários, dialogando saberes, tecendo redes de debates e buscando, junto com eles, construir as políticas públicas que possam garantir dignidade de vida. Temos promovido formação, fórum de debate e produzido alguns materiais educativos que levam a assinatura dos comunitários junto conosco. Longe de ser prescritivo e fechado como as cartilhas, produzimos materiais no substrato da sabedoria deles, aliando escola e comunidade. São aprendizagens coletivas emanadas de muitos diálogos éticos entre os mundos acadêmicos e populares.

    IHU On-Line – De que maneira a questão da educação ambiental, especificamente no que se refere à questão das áreas úmidas, pode se tornar uma pauta pública de destaque na agenda nacional? Por que ela deveria ser debatida amplamente?
    Michèle Sato – Há várias maneiras de se compreender o que seja educação ambiental. O que percebo é a magnitude política dos diálogos de saberes que vazam do controle das ciências e incidem no conhecimento que as comunidades possuem sobre o mundo. Nesta envergadura, a educação ambiental deixa de ser uma prática ingênua e reveste-se de uma dimensão transformadora. Reinventa a paixão, faz a transgressão contra os sistemas de regras rígidas e tenta promover a justiça socioambiental. Considera o ambiente e a sociedade humana entrelaçados, sem hierarquizar um polo. Rompendo com este dilema do antropocentrismo ou do biocentrismo, cria uma horizontalidade de potencial de vida, num ciclo permanente de aprendizagens.

    IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?
    Michèle Sato – Na primeira vez que fui ao Pantanal típico de áreas alagadas, atravessei o local com barco, num território úmido de barro, água e esbanjamento líquido que inundava não apenas meus pés, mas também a alma. Junto com cinco homens do Pantanal de São Pedro de Joselândia, fomos observar a feitura de uma canoa, desde a escolha da árvore até a feitura final. Manoel de Barros  jorrava em suas palavras a imensidão da água daquele lugar. Descobrimos, assim, que a canoa não seria meramente um objeto de mobilidade, mas também da arte, na legítima expressão identitária da cultura pantaneira. Alguns meses se seguiram e, no novo reencontro do local, os corixos  que ali serviam de impulso das canoas estavam totalmente secos, transformados em ruas empoeiradas, e outros meios de transporte esparramavam-se na comunidade. Em cada casa visitada, um santuário católico se misturava no labirinto cotidiano de uma gente sofrida que carece de políticas públicas mais fortalecidas, mas que jamais perde sua fé na vida. Entre os seres encantados que habitam as águas e os sonhos da educação ambiental, há muito para se dialogar saberes, ensinando e aprendendo juntamente com as comunidades na travessia da educação popular. É inútil insistir somente nas ciências. A poesia emanada daquele lugar é um convite para se pensar, fazer e, sobretudo, sentir a vida transbordante do Pantanal.

    Comentários

    Friday, 22 November 2013

    roda de chimarrão: arte e educação ambiental

    roda de chimarrão: arte e educação ambiental
    com Alfredo Martin, FURG & Michèle Sato, UFMT

    29/11/13 - 15h
    educação ambiental da FURG


    charge: Wagner Passos 
    (que defende seu mestrado em cartum e humor gráfico na educação ambiental)


    Tuesday, 5 November 2013

    Michele Sato - VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental


    Michèle Sato
    VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental
    Salvador/BA
    Março - 2012




    http://youtu.be/VBjkTgenY0s
    *

    Tuesday, 15 October 2013

    Os Masai e o incerto futuro da conservação

    pela bela lembrança que tenho do Quênia...
    e à memória de todas as delícias que por lá vivi!
    alô Neruda: confesso que vivi!!!

    -------
    o eco
    http://www.oeco.org.br/marc-dourojeanni/27672-os-masai-e-o-incerto-futuro-da-conservacao?utm_source=newsletter_67&utm_medium=email&utm_campaign=leia-em-o-eco

    Os Masai e o incerto futuro da conservação
    Marc Dourojeanni - 14/10/13

    marc1Muitos Masai ainda vivem em aldeias cercadas conforme as tradições. O gado também dorme dentro do cerco. Fotos: Marc Dourojeanni
    Apesar de tudo, o sudeste de Quênia e o centro norte de Tanzânia, ainda têm a capacidade de surpreender e maravilhar seus visitantes. Apesar de tudo, pois, a cada visita, se observam mais e mais ameaças ao já muito maltratado patrimônio natural e cultural desses países. Ainda assim, nem o mais exigente profissional ou amador da natureza pode ficar indiferente ou insatisfeito daquilo que as áreas naturais protegidas dessa região da África oferecem. Neste texto, complemento relatos e conceitos em colunas anteriores O ilustrativo caso dos Masai(16/09/09) e Lula e as savanas africanas (24/11/09), ambas publicadas em ((o))eco e faço comparações entre a situação das áreas protegidas e da fauna no Quênia e na Tanzânia.
    Masais e as áreas protegidas
    Os Masai são possivelmente o grupo mais estudado e melhor conhecido da África. É um povo orgulhoso e guerreiro, de origem nilótica, que migrou progressivamente ao sul pelo vale do Rift, chegando às savanas do que hoje é parte de Quênia e Tanzânia em fins do século XVIII. Desde sempre estão associados à criação de gado bovino, dos quais obtêm a maior parte dos seus alimentos e recursos para intercâmbio ou comércio. Durante muito tempo os Masai praticaram ataques aos seus vizinhos nos territórios ocupados, em especial os Nandi e Samburus, para furtar gado. Por isso, na atualidade, seus animais perderam as caraterísticas originais e são muito semelhantes à mistura conhecida como zebu-queniano. Embora ocupassem amplos territórios onde campeava a enfermidade do sono sabe-se que o gado masai é menos susceptível que outros às infecções do tripanosoma que, de outra parte, desestimulou a ocupação das savanas.
    As autoridades coloniais alemãs e britânicas não eram insensíveis aos temas ambientais. Perceberam que a população Masai crescia e que o número dos seus animais domésticos crescia ainda mais, já por então complementado com ovinos, caprinos e até camelos. Por isso, consideraram o estabelecimento de áreas protegidas que, assim mesmo, pretendiam frear os abusivos safaris de caça dos europeus, tão em moda até meados do século anterior. Os alemães foram os primeiros a estabelecer áreas protegidas em Tanganyka (hoje Tanzânia após a independência e a anexação da ilha de Zanzibar), incluindo o Serengeti e o Ngorongoro. Os britânicos continuaram o trabalho. Nos anos 1950 e começos dos 1960, estabeleceram ou confirmaram uma série de reservas de fauna e parques nacionais, dentre outras categorias protegidas em ambas as colônias. Assim nasceram, entre várias outras, NakuruAmboseliMasai Mara e Tarangire, ademais dos já mencionados Serengeti e Cratera do Ngorongoro. O número de áreas protegidas em Quênia é grande (68), mas, na sua maior parte, são áreas pequenas. Na Tanzânia existem bem menos (14), mas são maiores. Deve-se esclarecer que não todas as áreas protegidas destes países estão nas savanas do Rift, nem em terra alguma vez ocupada pelos Masai.
    marc2Parte dos Masai vive em condições sub-humanas, na “modernidade”.
    Atualmente grande parte da área originalmente protegida pelo poder colonial, na forma de reservas de fauna ou parques, tem sido desclassificada e devolvida aos próprios Masai, ou é considerada como "áreas de conservação" (uma espécie de "áreas de proteção ambiental"), onde o pastoreio e outras atividades econômicas são permitidos ou, pelo menos, tolerados. No Quênia, a gestão dos espaços ainda protegidos nas terras dos Masai é feita diretamente por eles (como na Reserva Nacional Masai Mara), ou em outros casos é compartilhada. Todas as áreas protegidas do Quênia cobrem apenas 7,8% de seu território e a Reserva de Masai Mara tem somente 151.000 hectares, ou seja, que é uma área protegida pequena. A fauna sobrevive porque a área está conectada ao grande Parque Nacional Serengeti da Tanzânia e, também, devido ao fato que do lado queniano se conecta a outros territórios Masai que, na teoria, ainda são usados de modo tradicional.
    Todas as categorias de áreas protegidas da Tanzânia abarcam 10% do seu território e não estão todas nas savanas do Rift. O Parque Nacional do Serengeti, que é a continuação do ecossistema de savana de Masai Mara, tem ao redor de 4 milhões de hectares. Contíguo a ele se encontra a Zona de Conservação de Ngorongoro que tem 828.000 hectares dos quais a própria cratera tem 26.400 hectares. A pecuária é permitida na Zona de Conservação. Na cratera só se permite que o gado tenha acesso à água. O Parque Nacional de Tarangire tem uns 250.000 hectares. Os parques de Tanzânia são administrados diretamente pelo Serviço de Parques Nacionais. Mas a área do Ngorongoro dispõe de uma autoridade autônoma. Todas essas áreas protegidas ou não, dentre outras, tanto em Quênia como na Tanzânia formam parte do espaço que suporta a famosa migração dos gnus.
    Impactos humanos sobre a fauna
    A fauna africana é de grande porte e abundante. Antigamente sua população se movia livremente pelas savanas seguindo as chuvas e o consequente verdor das pastagens de acordo com as estações. O ciclo dos nutrientes se mantinha estável já que o pastoreio de herbívoros selvagens e domésticos (o gado), com base no grande espaço disponível não era abusivo e também devido à adubação natural dos dejetos orgânicos da fauna. Ademais a região tem influência vulcânica e os solos, apesar da falta de água, são relativamente férteis. A fauna selvagem era o principal sustento dos povos tradicionais da região, mas, como na Amazônia, as populações destes eram pequenas e se mantinham em equilíbrio com as presas apesar de alguns hábitos de caça inadequados, como o uso do fogo. Os Masai não eram caçadores já que sua alimentação dependia essencialmente do gado.
    marc4O gado e os Masai viveram juntos por séculos. Porém, agora há gado demais e também outras espécies de animais domésticos.
    Os colonos europeus, assim como outros grupos nativos não se instalaram diretamente nas planícies do Mara e do Serengeti devido à enfermidade do sono propagada pela mosca tse tse. Porém, alteraram as condições de vida ao redor delas e terminaram influindo grandemente nas savanas, pressionando diretamente nos seus limites, criando fazendas ou, indiretamente, empurrando outros grupos tribais sobre ela. Essa maior pressão aumentou os conflitos entre o povo Masai e seus vizinhos e também criou mercado para o seu gado. Além disso, os europeus iniciaram sem piedade uma caça comercial e esportiva. Para resolver esses problemas é que as autoridades estabeleceram áreas protegidas.
    marc3Observe-se o tamanho da vegetação protegida dentro da cerca e a degradação da parte de fora, submetida a pastoreio abusivo.
    A independência trouxe "modernidade" e, obviamente, os Masai não foram imunes. Como relatei nos artigos mencionados acima, é evidente a mudança de hábitos dos Masai e a degradação do ecossistema entre a minha primeira visita à região nos anos 1970 e às feitas em 2006 e, agora, em 2013, quando se compara a situação da vegetação dentro e fora das áreas protegidas e, também, comparando com o observado antes, dentro das mesmas. A observação empírica é complementada por estudos técnicos que demonstram claramente a redução drástica da população das principais espécies da fauna fora das áreas protegidas e dentro delas.
    As causas da diminuição da população da fauna e da degradação das áreas protegidas são múltiplas e complexas. Como dito, a fauna das savanas precisa migrar para se alimentar. A espécie migratória por definição é o gnu, mas não é a única. As áreas protegidas apenas garantem parcialmente a possibilidade de migrar. A maior parte da área natural de migração está fora dos limites de parques e reservas. O problema é que fora das áreas protegidas existe população humana que cria animais domésticos que usam os pastos da savana, os Masai dentre eles, e outros que praticam agricultura inclusive intensiva. A passagem ou presença da fauna, para todos eles é pelo menos um estorvo (macacos ou elefantes destroem suas colheitas, leões atacam o gado); frequentemente um risco (elefantes, hipopótamos ou crocodilos, por exemplo); e sempre é uma competidora por pastos escassos (com todos os herbívoros). Ademais, as populações humanas afetadas, como quase todas na África, são muito pobres e nenhuma resiste à tentação de comer e/ou vender a carne ou outros produtos desses animais. Búfalos e gnus são particularmente perseguidos por sua carne, mas qualquer animal selvagem é caçado ou capturado. Ao anterior há que se somar outro problema, a cada dia mais sério e que se produz dentro e fora das áreas protegidas. Refiro-me à caça comercial, em especial em procura de marfim de elefantes e chifres de rinocerontes, dentre outros produtos, e a caça de gnus e búfalos em grande escala para a comercialização de carne.
    marc5Os Masai também produzem carvão vegetal para venda nos centros urbanos próximos
    De outra parte a população nacional e em especial a dos Masai têm aumentado consideravelmente e os governos nacionais têm feito enormes esforços diretos e indiretos (educação, por exemplo) para modernizar seus hábitos tribais. Os Masai não eram nem são populares nos seus próprios países e têm pouca representação nos governos atuais. À inimizade tribal tradicional na atualidade se soma a percepção de que eles são um povo atrasado que não contribui ao progresso do país. O resultado dessas e outras pressões da globalização se manifestam em mudanças. Por exemplo, quase todo Masai que se usa vestimenta mais ou menos tradicional, embora carregue telefone celular. Primeiramente os rebanhos vão se multiplicando em número e em diversidade e seu propósito comercial é cada vez mais evidente. De outra parte, a área de pastoreio fora das áreas protegidas tem se reduzido consideravelmente devido às lideranças Masai estarem cedendo muita terra para cultivos industriais de grãos (ver os artigos acima citados). Porém, ainda, o complexo sistema de posse da terra desse povo está criando, cada vez mais, uma loteamentos da terra com cercas. Muitas são para agricultura, outras são para empreendimentos de turismo. Algumas pertencem aos Masai, embora seja cada vez mais frequentes que os beneficiários sejam de outras regiões que "alugam" a terra. De outra parte, cedendo à demanda, muitos Masai estão transformando as poucas árvores da savana em carvão. O somatório tem efeito gravíssimo sobre o pastoreio, com evidente destruição da capacidade de regeneração da vegetação natural e a consequente falta de água. Isso aumenta a pressão dos Masai mais tradicionais sobre as áreas protegidas, os únicos espaços onde os pastos se ainda mantêm um pouco melhores. Não muito, pois a fauna agora forçada a não sair desses espaços também causa impactos negativos.
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    marc7A maior ameaça ao equilíbrio ecológico das savanas e às tradições dos Masai é, sem dúvida, a produção intensiva de commodities (trigo, milho, etc.)
    O que acontece dentro das áreas protegidas
    Nesse quadro geral, as áreas protegidas são o único refúgio mais ou menos seguro da fauna, que sustenta o turismo, a principal fonte de divisas de ambas as nações. Mas, elas não estão imunes às mudanças e, pelo contrário, apesar das tremendas pressões externas mencionadas, sofrem de graves problemas internos. Alguns desses problemas são semelhantes em ambos os lados da fronteira, mas, outros, são diferentes. O problema comum é o mau manejo ou a falta de manejo do turismo o que é particularmente notório em Masai Mara. Nessa reserva os veículos de turismo não respeitam nada e não têm ninguém para fazer cumprir as regras. Usando o rádio ou os telefones celulares, os motoristas-guias empreendem verdadeiras corridas para mostrar os melhores espetáculos aos seus passageiros, já que disso podem depender as normalmente avultadas gorjetas. Assim, ao redor das passagens dos gnus pelo rio ou ao redor de guepardos ou leões, principalmente se algum deles está caçando, podem se acumular dezenas de veículos na mais absoluta desordem. Deste jeito, as trilhas dos veículos motorizados se multiplicam e ocasionam evidentes danos à vegetação natural. A poeira levantada e o barulho de motores e de gente tiram grande parte do desfrute de observar a natureza em ação. Nos parques da Tanzânia a situação é muito mais controlada e é raro ver carros fora das trilhas oficiais. Mas, não deixa de acontecer.
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    marc9As autoridades Masai não controlam o turismo que é caótico e um perigo para as pessoas e para o futuro da área protegida.
    A administração de Masai Mara é, na atualidade, inteiramente Masai, e isso é parte do problema. Relações pessoais e obrigações tribais desrespeitam a lei e, na verdade, a única medida que os guardas tomam é cobrar ingresso e aplicar multas, principalmente aos seus desafetos. Em três dias de visita, apenas uma vez foi visto um veículo dos guarda parques. Já na Tanzânia, onde a administração é do governo nacional, eles são mais presentes e, por exemplo, após duras batalhas, conseguiram recuperar áreas ao oeste do Parque Nacional Serengueti que os caçadores regionais haviam ocupado. Os caçadores, que não são Masais, já mataram vários guardas, usando inclusive flechas envenenadas. Agora, os funcionários do Parque nesse setor ocupam uma série de fortes com altas muralhas, a partir dos quais fazem o controle da área.
    Um problema que é comum a ambos os países, embora sempre com vantagens para a Tanzânia, é o destino das enormes somas de dinheiro que são cobradas aos visitantes. É óbvio que elas não são investidas nas áreas protegidas que, excetuando os guardas, carecem de quase tudo. A corrupção alcança, em ambos os países, níveis estratosféricos. Nisso, é enorme a diferença destes parques com a dos sul-africanos, que oferecem excelentes serviços e que desenvolvem uma alta qualidade de manejo.
    A falta de manejo se constata inclusive no Serengeti, onde se sabe que os próprios funcionários do Parque queimam propositadamente enormes extensões de savana, apenas para garantir o retorno dos gnus, que por sua vez garantem a renda do turismo. A esses incêndios intencionais se somam os que provocam vizinhos e caçadores e os que são de origem natural. O resultado é calamitoso.
    marc12No Serengueti foi necessário construir fortalezas para proteger os guardas do parque contra os ataques de caçadores
    O futuro provável e possível
    Nas condições descritas o futuro das áreas protegidas e da fauna das savanas de Quênia e Tanzânia não é brilhante. A conclusão não é que as áreas protegidas não servem. Bem ao contrário, a cada dia é mais evidente que, apesar de tudo, elas são e continuarão a ser a única barreira ou, quiçá, o único freio contra a extinção. Evidente é que na medida em que o desenvolvimento continue impregnando a sociedade nacional e a dos Masai, a fauna perderá gradativamente qualquer possibilidade de sobrevivência fora das áreas protegidas. Isso ocorrerá inclusive se os Masai abandonarem a prática da pecuária extensiva, pois, como visto, nesses casos dedicam suas terras a usos ainda mais incompatíveis com a conservação do ecossistema.
    marc11As queimadas são provocadas pelos caçadores, criadores de gado e até pelos próprios guardas dos parques para "criar condições para a vinda dos gnus".
    Para que as áreas protegidas continuem cumprindo a sua função será necessário achar novas fórmulas de manejo das áreas e da sua fauna, devido a esta última estar circunscrita a um âmbito cada vez mais limitado. Isso implica obviamente reduzir proporcionalmente as populações de animais. Neste processo, é provável que algumas espécies desapareçam e outras se tornem mais raras do que são hoje. Mas, ainda se salvará muito se o manejo for adequado.
    Não tudo o que, hoje, acontece com os Masai é negativo. A má gestão que fazem das áreas protegidas sob sua administração não implica que seja errado dar a eles esse privilégio ou direito, como se prefira. Ao contrário. Apenas é indispensável que cumpram bem e honestamente essa tarefa que, mais que a qualquer outro, deve beneficiar a eles mesmos. Chegar a isso levará tempo, embora não seja impossível.
    Na minha visita ao Quênia de seis anos atrás não vi nenhum Masai com roupa tradicional servindo de guia ou motorista. Eles apenas faziam graça para chamar a atenção dos turistas para visitar uma aldeia ou para vender bugiganga. Nesta visita de 2013, não só tivemos excelentes guias e motoristas Masai, e muitos deles usavam com orgulho a sua vestimenta tradicional. A minha maior surpresa foi ver em duas ocasiões mulheres Masai servindo de guias-motoristas e, em outra ocasião, uma família Masai completa, evidentemente rica, fazendo turismo. Dentre os Masai existem já muitos profissionais altamente qualificados e, é de se esperar, que progressivamente ajudem aos demais a se incorporarem à sociedade nacional preservando seus valores culturais e reconhecendo que a degeneração atual da sua atividade pecuária tradicional não conduz a nada de bom. Pior, claro, é a cessão das suas terras para produzir commodities. Existe, sem dúvida, um caminho certo para esse povo simpático e acolhedor, que passa bem no meio entre a tradição já obsoleta pela força do crescimento e as distorções do modernismo esgotante.
    marc10Hoje, já existem muitos Masai que se profissionalizaram em turismo e em outras atividades compatíveis com o desenvolvimento sustentável.


    Sunday, 22 September 2013

    África, uma aventura na rota da grande migração

    o eco
    http://www.oeco.org.br/marc-dourojeanni/27599-na-rota-da-grande-migracao?utm_source=newsletter_47&utm_medium=email&utm_campaign=leia-em-o-eco
    Consultor e professor emérito da Universidade Nacional Agrária de Lima, Peru. Foi chefe da Divisão Ambiental do Banco Interamericano de Desenvolvimento e fundador da ProNaturaleza.

    África, uma aventura na rota da grande migração
    Marc Dourojeanni - 21/09/13

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    Introdução
    Quatro dos membros do Conselho de Administração da Associação O Eco, inclusive a sua Presidente, decidiram participar juntos de uma viagem pelas rotas da migração dos gnus em áreas protegidas de Quênia e Tanzânia. Este é um brevíssimo relato ilustrado do que viram e experimentaram.
    O percurso
    A viagem ocorreu no fim de agosto e começo de setembro e se iniciou em Nairóbi. Todo o trajeto entre Nairóbi, no Quênia, e Arusha, na Tanzânia, foi feito em caminhonetes. Mais de 1.500 quilômetros foram percorridos incluindo as visitas diárias. O grupo pernoitou quase sempre em barracas, umas bem cômodas, outras nem tanto.
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    As visitas se realizaram na Área de Conservação Masai Mara, na Reserva de Fauna Masai Mara (Quênia), no Parque Nacional Serengueti, na Área de Conservação da Cratera do Ngorongoro e no Parque Nacional Tarangire (Tanzânia). Toda a viagem foi cuidadosamente planejada com o guia para evitar locais com aglomeração de turistas e para podermos apreciar espetáculos particularmente difíceis para o visitante que não é da área.
    A viagem foi pesada. Mais de 11 horas diárias de caminhonete incômoda por rotas poeirentas e cheias de buracos, sob um calor infernal, exceto nas madrugadas, frias demais. A chamada era indefectivelmente as 5h30min da matina, ou antes, e a saída nunca depois das 7h, em geral às 6h30. Nunca voltamos ao acampamento antes das 18h30.
    Nas barracas raramente havia água suficiente para um bom banho antes de irmos para a cama e jamais sobrava água para um banho matutino. Satisfazer necessidades fisiológicas no mato é perigoso e os guias as coíbem com as consequentes incomodidades para os viajantes. A comida, de outra parte, só raras vezes foi de boa qualidade e, em geral, em especial nas lancheiras diárias, é apenas sofrível.
    Mas, declaramos, de forma unânime, sem dúvidas ou murmurações, que o esforço e o custo valeram a pena. Que recomendamos a todos e qualquer um que realmente goste da natureza viver essa experiência. Como me escreveu o nosso querido e respeitado Almirante Ibsen de Gusmão Câmara, a África de hoje é apenas um pálido reflexo do que existiu há dez mil anos no Brasil. Visitar esse continente é indispensável para se compreender a nossa América do Sul.
    A pior experiência da viagem foi, sem dúvida, a invasão da barraca de Miguel e Sineia por milhares de formigas militares ou legionárias (Dorylus). Durante a madrugada. Miguel sonhou com formigas na cara. Quando despertou o sonho era realidade. A cama, como toda a barraca, estava tapizada dessas vorazes formigas, capazes de matar pequenos animais domésticos e até crianças recém-nascidas quando invadem vivendas rurais. Sorte para eles que das varias espécies dessas formigas, comuns na África e na Amazônia (onde se agrupam no gênero Eciton, que é idêntico), foram atacados pela mais mansa.
    Várias outras pequenas aventuras, que se mencionam adiante, foram desfrutadas pelos viajantes, algumas com elefantes e hipopótamos, outras com macacos e até com águias. Tudo maravilhoso!
    A equipe
    A equipe foi formada por Maria Tereza Jorge Pádua, Miguel Milano e a sua esposa Sineia Mara Zattoni, Maria de Lourdes Silva Nunes, Leide Yassuco Takahashi e Marc Dourojeanni.
    Todos ambientalistas profissionais e convencidos.
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    O nosso guia em Quênia era um Masai. O guia em Tanzânia, ou seja, para a maior parte da viagem, foi Clint Schipper, um australiano com muitos anos de experiência africana.
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    Os donos e senhores da terra que visitamos são os Masai, que há 200 ou 300 anos invadiram a região.
    Os Masai são originários do Nilo e progressivamente conquistaram as grandes savanas do Serengueti, no Quênia e na Tanzânia. São um povo guerreiro que mantém parte de suas tradições, incluindo a sua vestimenta. Uma teoria diz que a vestimenta e as armas dos Masai se originam nas que usaram as legiões romanas que ocuparam o norte de África.
    Hoje, os Masai criam cabras, ovelhas e camelos, além de gado, e cedem parte das suas terras para agricultura intensiva de grãos. O excesso de pastoreio, o uso abusivo da terra agrícola, as queimadas e a fabricação de carvão vegetal estão degradando o ecossistema. É evidente a erosão dos solos e o empobrecimento da população. Felizmente, mais e mais Masai estão se incorporando a atividades de turismo, muitos como guias e motoristas, mas, também como empreendedores.
    Os protagonistas principais
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    Os gnus são os protagonistas centrais de tudo o que acontece. São o alimento principal de felinos, hienas e crocodilos e, assim mesmo, são os grandes fertilizadores das savanas e, ao mesmo tempo, consumidores de sua biomassa.
    Observe-se na última foto um crocodilo gigante que mordeu a pata do gnu procurando arrastá-lo para que se afogue. A luta durou muitos minutos e terminou quando a presa logrou se soltar. Vitória inútil já que, com a pata quebrada, o animal está condenado à morte lenta por inanição ou até se tornar presa de outro animal. Os crocodilos matam apenas por hábito, pois são centenas os cadáveres de gnus disponíveis para serem consumidos no rio, como se observa nas próximas fotografias.
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    O espetáculo trágico e macabro da passagem dos gnus no rio Mara atrai, além de crocodilos, milhares de voyeurs, nós entre eles. Foi o único ponto da viagem em que sofremos de saturação de turistas.
    Fato curioso é que, se bem a migração responde à lógica da disponibilidade de pasto em função da chuva, o vaivém diário dos gnus no perigoso rio não responde a nada que faça sentido. Parece-se muito com o jogo infantil "sigam o líder" embora ninguém saiba, menos ainda o próprio líder, aonde vai e por que vai. Diga-se de passagem, isso é muito comum entre os humanos.
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    Para piorar as coisas, é frequente que os gnus sigam as zebras e não a seus próprios congêneres. Assim sendo, os mesmos grupos cruzam o rio em um ou outro sentido, a cada vez, arriscando a vida para deleite de predadores e turistas.
    Porém sempre há gnus em número suficiente. De fato, sabe-se que a predação é um fator essencial para manter a população de gnus saudável e forte.
    Outros habitantes dos rios e lagos
    Os hipopótamos parecem simpáticos apenas para quem ignora que, junto com os búfalos, são os animais mais perigosos da África. Muito mais que leões e elefantes.
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    Os gigantes
    Os elefantes foram onipresentes. O primeiro grupo que vimos era formado por 40 exemplares. Eles podem ser agressivos e, de fato, atacaram ao nosso motorista dentro da área de um lodge. Ele foi salvo pela intervenção de guerreiros Masai, bem sob as nossos narizes. Uns dias antes, um deles matou um turista americano.
    Em outro acampamento eles destruíram árvores a escassos 3 metros da barraca onde Maria Tereza e Marc pernoitavam. Eles atrasaram a saída do grupo, pois se instalaram no meio do acampamento.
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    Nesta viagem não foram vistos muitos rinocerontes, tremendamente perseguidos em toda África devido à demanda chinesa por afrodisíacos e da árabe por bainhas para suas adagas. Ao contrário se observaram muitas girafas e búfalos.
    Paisagens
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    Gazelas e zebras
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    Mais sobre a expedição e os expedicionários
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    Na-rota-da-grande-migracao-rev-MT-60Anoitecer no Serengueti
    Barracas de todo tipo, das boas e das bem ruins. Muitos almoços sobre grama, outros sobre o capô da camionete. As jantas eram melhores, às vezes até luxuosas.
    Durante a viagem, fomos surpreendidos por ataques de águias para roubar a nossa comida das nossas mãos e por um por um hipopótamo em nosso local de piquenique.
    Os quase humanos
    Lindo e raro primata (Colobus) vivia nas árvores acima da nossa barraca num dos acampamentos.
    Outros bem menos lindos que también vivíam la, incluia o velvet monkey, que invadia sistemáticamente as barracas para pillarlas.
    Os babuínos não são simpáticos. Atacam com muita facilidade. Presenciamos um assalto à mão armada - garras e dentes - de babuínos contra um grupo de turistas que ficaram justamente aterrorizados com a experiência brutal. Ninguém quer ir até África para experimentar o mesmo que se sofre em muitos lugares do Brasil.
    Ao lado dos babuínos se observa um denso grupo de mangostas.
    Ao final, um velvet monkey, quiçá o mesmo que nesse local enfiou seus dentes afiados na perna de uma das nossas companheiras, sem motivo nem aviso.
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    Os predadores
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    Vimos tantos leões que deixamos de nos interessar por eles. Numa oportunidade vimos 15 num grupo só. Outro grupo dormia placidamente ao redor da sua presa, um gnu.
    Observam-se muitas leoas e leões juvenis, mas, poucos machos. Vimos uma leoa dormindo numa árvore, imitando os leopardos. É raro ver leopardos. Nas minhas viagens anteriores à África não havia visto esse animal. Nesta oportunidade vimos quatro.
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    Nessa árvore hávia tres leopardos com uma carcaça de gazela. Na foto se observa o perfil da mãe vigiando a área.
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    Nossa companheira Malu tem olho clínico para ver bichos raros, como este belo serval. Ela detectou três desses gatos muito antes que os nossos guias. Este gato, como os guepardos e leões praticam ginástica e alongamento antes de partir para a caça.
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    Estes dois grupos de guepardos (mãe e dois filhotes) não são os mesmos. O primeiro foi fotografado em Quênia e o outro na Tanzânia. Pela segunda vez na minha vida vi, ao vivo e direto, uma caçada de gazelas por umguepardo. É uma comédia-tragédia bem montada onde as presas conhecem de sobra o que vai ocorrer e demostram uma curiosa resignação.
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    Mais caçadores
    A cara de bandido sem-vergonha da hiena é totalmente coerente com os seus hábitos. É assassina, é oportunista e come qualquer carne, da boa e da podre. Mas. É um bicho admirável que sobrevive muito bem, tão bem como o fazem tantos políticos que as imitam.
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    Os festins das hienas sempre contam com a participação de diversos abutres e chacais.
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    Outros habitantes da Savana
    Os facóqueiros são muito simpáticos. Para comer se ajoelham como se foram muçulmanos no momento da reza.
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    O outro bichinho simpático é o hyrax. Ele é geneticamente aparentado com os elefantes... Dá para acreditar?
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    A grande variedade de aves
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    Mais e mais paisagens
    O Lago Vitória ao amanhecer e os baobás de Tanagire.
    Na-rota-da-grande-migracao-rev-MT-97Na-rota-da-grande-migracao-rev-MT-98
    A cratera do Ngorongoro e seus flamengos e gnus correndo na beira do lago.
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    FIM


    ‘Yearning for a more beautiful world’: Pre-Raphaelite and Symbolist works from the collection of Isabel Goldsmith

    https://www.christies.com/features/pre-raphaelite-works-owned-by-isabel-goldsmith-12365-3.aspx?sc_lang=en&cid=EM_EMLcontent04144C16Secti...