Monday 23 July 2012

Um safari fotográfico pela África sem sair de casa

((o)) eco
http://www.oeco.com.br/geonoticias/26269-um-safari-fotografico-pela-africa-sem-sair-de-casa?utm_source=newsletter_448&utm_medium=email&utm_campaign=as-novidades-de-hoje-em-oeco


Em 2004 o conservacionista Mike Fay, da Wildlife Conservation Society, cruzou os céus da África a bordo de um pequeno avião para observar de perto o impacto da atividade humana nas regiões selvagens do continente. Este projeto rendeu mais de 92.000 fotos em alta resolução e um artigo publicado na revista National Geographic. O próprio Michael Fay selecionou e comentou 500 dessas fotos, que foram então incluídas no Google Earth. Nelas é possível conhecer um pouco mais de perto cenas do interior do continente africano, como formações geológicas, sinais da presença humana e até mesmo animais. ((o))eco foi ao Google Earth e selecionou algumas fotos de animais, que podem ser vistas abaixo. Quem quiser ver mais fotos deste projeto pode habilitar a camada do "Grande Sobrevôo da África" no Google Earth e sobrevoar virtualmente a África.

Uma grande revoada de egrets, uma espécie de garça, no delta do rio Zambezi, o quarto mais longo da África.


Uma manada de mais de 200 búfalos pastam em uma planície.


Um grupo de elefantes no Parque Nacional de Zakouma, no Chade.


Uma revoada de flamingos no Arquipélago de Bazaruto, ao sul de Moçambique.


Uma colônia de lobos-marinhos em Cape Fria, na Namíbia.


Um grupo de cob-leches, uma espécie de antílope, correm em seu habitat natural nas regiões pantanosas do delta do Okavango.


Uma manada de oryx em uma reserva particular.


Este grupo de mais de 200 hipopótamos é apenas uma fração dos mais de 10.000 animais que vivem nas margens deste rio.




Tuesday 17 July 2012

GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ O outono de um gênio

OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed703_o_outono_de_um_genio



GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ

O outono de um gênio

Por Mauro Santayana em 17/07/2012 na edição 703
Reproduzido do Jornal do Brasil, 7/7/12; intertítulo do OI
   
Entre outras dívidas que tenho para com a memória de Jorge Amado está a de ele me ter apresentado, em 1972, em Bad Godesberg, a Gabriel García Márquez. Era um encontro de escritores latino-americanos, patrocinado pelo governo alemão, que eu cobria para este Jornal do Brasil, e pude conhecer, também ali, o genial gualtemateco Miguel Angel Astúrias. Dissera a Jorge de minha admiração por Cién años de soledad, ao manifestar a minha timidez diante do gênio. Jorge sorriu e me confidenciou: “O escritor escreve para ser admirado. Vamos conversar com ele.” Assim, conversamos algum tempo com Gabriel. Ele já se encontrava no planalto de sua glória. Era ainda muito jovem, e exibia, aos 44 anos, o bigode um pouco grisalho.
Gabriel foi extremamente amável e me disse que éramos colegas. Colegas no jornalismo, o que o autorizava a ver-me também como escritor. O bom jornalismo é sempre boa literatura, disse. E quem não sabe escrever, não faz literatura nem jornalismo. Só pode ser considerado jornalista ou escritor aquele que vive do que escreve. Ele me surpreendeu pelo bom humor. Antes, Astúrias me impressionara pela sobriedade. Enfim, entre um e outro, havia quase trinta anos de diferença.
Não o vi em Praga, quando ali encontrei, em dezembro de 1968, Carlos Fuentes e Julio Cortázar. Ele, naquela noite – que foi a do AI-5 no Brasil – era convidado especial de Milan Kundera. Eles, juntamente com Jean Paul Sartre, haviam sido convidados pelos intelectuais tchecos, para assistir à premiére de Les Mouches, a peça do escritor francês.
A alegria da esperança
Leio agora, em El País, que seu irmão mais moço, Jaime García Márquez, que vive em Cartagena de Índias, conversa com o escritor, pelo telefone, quase todos os dias. A pedido de Gabriel, fala do passado que o irmão está perdendo. O escritor transita em seu labirinto e o tênue fio de Ariadne é a voz do irmão. Não teremos mais notícias novas do mundo fabuloso que ele criou tendo como centro a instigante Macondo.
Gabriel está com demência senil, um dos sinônimos da doença de Alzheimer. Com a memória, ele perdeu também as letras. Não escreverá mais – de acordo com a dolorosa conclusão do irmão. Mas ainda o teremos com vida: é o consolo que nos dá Jaime García Márquez. Enquanto procurar o passado de um mundo que se esvazia, Gabriel estará voltando ao mundo que criou.
Em Roma, em 1987, José Saramago, outro que deixou o jornalismo pela literatura, me disse que gostaria de morrer quando estivesse buscando a frase ideal para colocar na boca de um personagem estúpido: “Quando não conseguir mais isso, estará na hora de morrer.” Mas Saramago era homem de uma Europa sempre angustiada. Gabriel é homem de nossa América e, por isso, insiste em recuperar a vida que se esmaece porque na vida, em nossa geografia humana, sempre habita a alegria da esperança.
***
[Mauro Santayana é jornalista]

Monday 16 July 2012

The beauty of pollination

o mundo da polinização...

lamber o néctar
beber o orvalho
pousar na pétala
beijar a flor
sonhar com cor


The beauty of pollination
http://youtu.be/xHkq1edcbk4

Friday 13 July 2012

Meio ambiente e territórios dialogam em encontro de povos do campo, das águas e das florestas

DHESCA
http://www.dhescbrasil.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=585:encontro-povos-campo-aguas-floresta&catid=69:antiga-rok-stories 


Meio ambiente e territórios dialogam em encontro de povos do campo, das águas e das florestas no Mato Grosso

Com o intuito de fortalecer os povos do campo, das águas e das florestas, diversas organizações sociais se reuniram no dia 10 de julho para preparar a grande marcha para Brasília, que acontecerá nos dias 20 a 22 de agosto.
Sem o holofote da Rio+20, que trouxe o sabor do retrocesso de 20 anos, quiçá daqui a 10 anos possamos celebrar esta voz unificada do “Encontro unitário das trabalhadoras e trabalhadores e povos do campo, das águas e das florestas”.
Para lembrar quase um século de lutas, Sérgio Sauer, relator do Direito Humano à Terra, Território e Alimentação da Plataforma Dhesca, recuperou a memória destes povos desde os primórdios da luta camponesa. Identificando dez sujeitos políticos ao longo da temporalidade histórica (camponês, trabalhador rural, pequeno produtor, povos indígenas posseiros, MST, seringueiros / extrativistas quilombolas, atingidos por barragens / MAB e agricultores familiares), sua contribuição veio elucidar as identidades dos sujeitos em movimento, em suas diferenças e ideologias, que muitas vezes afastam os trabalhadores e povos étnicos por suas características singulares, mas sobremaneira podem (e devem) se unir na espiral de possibilidades de lutas coletivas.
Após o processo formativo, houve um momento de planejamento e mobilização do estado de Mato Grosso para a marcha à Brasília, com a expectativa que 5 mil participantes de todo o Brasil tomem as ruas na manifestação do campo. Outras informações no 
blog do movimento.
A Relatoria de Meio Ambiente também contribuiu com as discussões e mobilização social, especialmente sobre o caso emblemático dos Maraiwatsedé, povo indígena Xavante, também um dos atores sociais na recuperação histórica trazida por Sérgio Sauer. Recentes declarações do governo de Mato Grosso transcendem o nível de preocupação, já que se propõe a retirada dos indígenas de seus territórios, trazendo a emergência de uma missão de seguimento, que deverá acontecer brevemente para contribuir com o combate das violações aos direitos humanos.

Fotos do evento 
aqui.
Saiba mais sobre o caso Mariwatsedé 
aqui.
Por Michèle Sato - Relatora do Direito Humano ao Meio Ambiente da Plataforma Dhesca

Rosa Luxemburgo & Zenos Frudakis


"Quem não se movimenta 
não sente as correntes que o prendem" 

~ Rosa Luxemburgo

*

escultura de Zenos Frudakis: Freedom





Thursday 12 July 2012

Lembrando da memória de García Márquez

CARTA MAIOR


Arte & Cultura| 11/07/2012 | Copyleft 

Lembrando da memória de García Márquez


Gabriel García Márquez sempre foi dono de uma memória sem limites, e, agora, essa memória se desvaneceu. Disse, ao longo da vida, que não há uma só linha, em toda a sua obra, que não tivesse como ponto de partida um dado da realidade. Ou seja: um dado guardado, intacto, em sua memória. Assim ele escreveu tudo que escreveu. Bem: essa memória se acabou. E, com ela, se acabou a escrita mais luminosa das últimas muitas décadas da literatura feita na América de todos nós. O artigo é de Eric Neomuceno.

Ninguém combinou nada com ninguém, nada foi pedido a quem quer que fosse, mas existia uma espécie de pacto silencioso: não mencionar, fora de círculos absolutamente restritos e da mais rigorosa confiança, que Gabriel García Márquez perdia, pouco a pouco no princípio, e rapidamente depois, a memória. 

Começou há alguns anos. Mas foi a partir dos últimos quatro que o processo se acelerou. As declarações emocionadas de seu irmão caçula, Jaime, na semana passada, correram mundo e acabaram escancarando o assunto. Ele não foi o primeiro a romper aquele pacto não declarado: um mês antes, o jornalista colombiano Plínio Apuleyo Mendoza mencionou a perda de memória do escritor. 

Há algum tempo circulam rumores sobre o estado de saúde de García Márquez. São especulações de todo tipo, e o que fizeram Plínio Apuleyo Mendoza primeiro, e Jaime depois, serve ao menos para esclarecer alguns pontos. 

O jornalista, amigo de García Márquez há mais de meio século, seu compadre, foi mais contido. Relatou que durante um longo tempo os dois se falavam por telefone quase todas as semanas. E que, a partir de determinada época – ele não disse quando – García Márquez deixou de ligar. Daí em diante, já não se falaram. Sempre que ele telefonava para o México, ouvia alguma desculpa delicada e viável. A explicação veio, enfim, de um dos filhos de García Márquez, que contou que seu pai não reconhecia mais as pessoas pela voz, só pessoalmente. E que por isso já não atendia as ligações. 

Jaime foi caudaloso em suas declarações. Contou que ele e o irmão mais velho se falam por telefone quase todos os dias, e que o tema das conversas é recorrente: García Márquez pede que o ajude a lembrar fatos passados. 

Disse que o irmão sofre de demência senil, um mal comum na família. Afirmou que há anos ele não escreve nada, e que não tornará a escrever.
Estive com Jaime em Cartagena das Índias outubro de 2010. Numa de nossas muitas conversas ele me disse que a doença do irmão estava em estado avançado. 

Menos de um ano depois, estive com Mercedes e Gabriel García Márquez, em sua casa na Cidade do México. Foi uma conversa longa, de quase três horas. Durante esse tempo, ele falou muito pouco. Entrava em longos silêncios, mas cada vez que eu pressentia que estava alheio ao que Mercedes e eu dizíamos, ele intervinha. Eram comentários curtos, disparados entre sorrisos. A certa altura, perguntou por quê meu filho Felipe, que estava comigo no México e ele conhece desde os quatro anos de idade, não tinha ido vê-lo. E voltou a um silêncio profundo e prolongado.
Não ouvi de ninguém, de nenhum dos amigos realmente próximos, menção alguma a demência senil. O que sim, sei, é que aquela memória prodigiosa de García Márquez não existe mais, e faz tempo. 

Conta Jaime, agora, exatamente o que me contou em Cartagena: o prolongado e intenso tratamento com quimioterapia ao qual García Márquez se submeteu para superar um câncer linfático que o afetou em 1999 acabou de prejudicar de vez sua memória. Os efeitos começaram a se fazer sentir aos poucos, e se agravaram nos últimos seis anos.

Na verdade, tem sido fácil constatar isso. Gabriel García Márquez sempre foi dono de uma memória sem limites, e essa memória se desvaneceu. 

Lembro das muitas vezes que vi como ele interrogava alguém sobre determinado tema – volta e meia aconteceu comigo – e, anos depois, era capaz de rearmar a história ouvida como se tivesse sido vivida por ele dois dias antes. Era capaz de descrever determinada rua de alguma cidade como se estivesse chegando de lá. Discutir com ele era, na imensa maioria das vezes, perder tempo: acabava sempre achando alguma prova inconteste de que sua memória era imbatível.

Assim ele escreveu tudo que escreveu. Disse, ao longo da vida, que não há uma só linha, em toda a sua obra, que não tivesse como ponto de partida um dado da realidade. Ou seja: um dado guardado, intacto, em sua memória. 

Bem: essa memória se acabou. E, com ela, se acabou a escrita mais luminosa das últimas muitas décadas da literatura feita na América de todos nós.

Numa tarde de novembro de 2008 ele me disse, no jardim da sua casa: ‘Não escrevo mais porque já não tenho idéias para escrever’. Brinquei, dizendo que era a mesma coisa que ele havia me dito ao longo de mais de vinte anos.

Já contei essa história em alguns textos que escrevi sobre ele. O que não contei, porém, conto agora: ao ouvir meu comentário, Gabriel García Márquez me olhou e disse num fio de voz: ‘Idéias, eu até que tenho, ou devo ter. Só que na hora de escrever não me lembro de nenhuma’.

Foi quando entendi que já não haveria mais livros do autor que certa vez disse que escrevia para que os amigos gostassem mais dele. 

O pacto que nunca existiu volta a existir. Jaime García Márquez disse o que achou que devia dizer. Nos dias seguintes, Jaime Abello, diretor da Fundação do Novo Jornalismo, criada e mantida por Gabriel García Márquez, resolveu acabar com essa história toda. Negou que o escritor padeça de demência senil, disse que não há nenhum diagnóstico médico indicando a doença, e que García Márquez, aos seus 85 anos de vida, é apenas um ancião esquecediço (a palavra, em castelhano, foi ‘olvidadizo’), e que continua desfrutando dele como amigo.

Melhor assim. Em algum lugar de seus longos silêncios Gabriel García Márquez deve abrigar, em vez daquela memória sem fim, a nostalgia de um tempo em que recordar era viver.

Monday 9 July 2012

DOM QUIXOTE

DOM QUIXOTE...
e a minha identidade.


Candido Portinari: Quixote e Sancho


IMAGENS: DOM QUIXOTE

Salvador Dalí - https://picasaweb.google.com/116550716501288513582/DonQuijote_salvadorDali

Vários - https://picasaweb.google.com/116550716501288513582/DonQuijote_varios?authkey=Gv1sRgCMzrzs6np9Pu7QE



Dom Quixote


Muito prazer, meu nome é otário
Vindo de outros tempos mas sempre no horário
Peixe fora d'água, borboletas no aquário
Muito prazer, meu nome é otário
Na ponta dos cascos e fora do páreo
Puro sangue, puxando carroça

Um prazer cada vez mais raro
Aerodinâmica num tanque de guerra,
Vaidades que a terra um dia há de comer.
"Ás" de Espadas fora do baralho
Grandes negócios, pequeno empresário.

Muito prazer me chamam de otário
Por amor às causas perdidas.

Tudo bem, até pode ser
Que os dragões sejam moinhos de vento
Tudo bem, seja o que for
Seja por amor às causas perdidas
Por amor às causas perdidas

Tudo bem... Até pode ser
Que os dragões sejam moinhos de vento
Muito prazer... Ao seu dispor
Se for por amor às causas perdidas
Por amor às causas perdidas




Friday 6 July 2012

A LENDA DA PRINCESA DO ORIENTE

AUTORIA DE ALLISON ISHY
meu irmão de coração

e nem dá pra descrever o tamnho da felicidade ao chegar no finzinho e descobrir esta homenagem! OBRIGADA MANINHO!! AMEI, ADOREI, VIBREI, CHOREI EMOCIONADA!

owl  by alter gomit

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A LENDA DA PRINCESA DO ORIENTE

Na noite de outono,
Quando tudo era mais seco e queimava pele no vento frio,
Quando os bichos se enganam se já principiou o inverno,
Porque nos últimos ciclos os tempos já começaram a mudar,
Houve uma coruja professora que assistia do alto do carvalho, sua casa, o tumulto.

Formigas, cupins, cigarras, abelhas, vespeiros, veados, peixes, as gritantes araras e até mesmo as doces ariraranhas, já se desentendiam porque não conseguiam distinguir as estações do ano.

A coruja, havia mais acumulado sabedorias de todos tipos, que pegara um tacho que fizera no carvalho e ali tinha misturado secretamente pequenas porções de cada verdade encontrada.

Daí, quando os bichos já não se entediam por boas palavras, a dona coruja gritou lá do alto: Grow! Curto e breve, mas vibrou, vibrou!

Silêncio na floresta...

Dona coruja, mestra coruja, limpava seus óculos nas brilhantes penas, segurando as lentes com uma asa e levando contra o peito macio, e uma leve baforada, pronto, mirou todos lá embaixo:

"Vamo fazê silêncio que muito barulho nem resolve nem finda, só estremece minha paz!"

Mas indignado o puma negro já se preparava para surpreender dona Coruja começando a cochilar... mal deu seu primeiro ronquinho, quando o felino estava a ponto de pular, que seu ronquinho, como mal era esperado, saiu tão alto e tão forte e tão bravo, que ao pobre puma não restou senão chorar e fugir tremendo com rabo entre as pernas, envergonhado de sonhar que sendo maior e mais forte poderia ter poder tão forte no verbo. Que vergonha! E ele, como é da natureza natural donde os homens haviam declarado independência sem porquês, mas não os pumas e demais animais, então o felino foi fazer matrícula na escola da dona Coruja. Menos mal ou melhor bem então que o Puma foi aprender, e que benevolência da dona Coruja, que num simples roncão fez um puma querer aprender com ela! Puxa, que lições da natureza!

Então dona Coruja já ia suspirar, mas viu os olhinhos temerosos de toda floresta que agora quase iam cair em lágrimas de crianças apanhadas no flagra das artices da perfeita infância.

Então a professora disse: Que te importam as estações e o tempo quando nem entre si se entendem e se respeitam e se amam?

Que poderia resultar disso senão o próprio rancor e ódio e dores não necessárias em teus corações? E isto nada resulta de alimentos para nossas famílias e amigos. Muito menos méritos para nossos inimigos, porque ninguém pode dizer que é dono da verdade quando nem sabe o que é isto, porque nem tem certeza de qual estação será e em qual tempo virá. Oras bolinhas!

Báaaa, dizia  a hiena, pois que ela ria mesmo, já que não precisava se preocupar com a morte, pois a morte era sua oportunidade sábia de vida.

Para finalizar, dona coruja olhou só pra dona hiena, e, em câmera lenta, foi levando aquelas asas mestras e tirando seus óculos, e fez aquele olhar de uma sobrancelha levantada. Puft, a hiena riu super sem graça e seu sorriso amarelo saiu e preferiu nem olhar a platéia, tamanha vergonha de sua ignorância. Pois ela suspirava pela morte de seus amigos e de suas famílias? Bem, que ela suspirasse de amore pela morte que não se evita e que antes suspirava pelas mortes doloridas e saudosas de amigos e com isso se alimentava deles com a sagrada missão de empresar alimento de almas queridas, que nas suas mortes, alimentavam sua vida. E era grata agora, que entendia que ética seria essa que dona Coruja falava há tantas estações mas poucos, muito poucos até então tinham compreendido essas sapiências corujinianas. E agora riu perfeita, e todos aplaudiram, mas a hiena não agradeceu nem se enrubeceu, porque não merecia, só riu porque achou graça que só com um olhar da profa Coruja, a hiena que antes ria esquisito, agora ria com perfeição de entendimento divinal.

E pronto, findo o olhar silencioso e terrível como a tempestade, sorriu a coruja e finalizou aquilo tudo:

"Báaa digo eu meus amiguinhos e amiguinhas, eu nada sei, só sei que se forem meus amigos e tiver alimentos no inverno, e acharem que fosse verão, e se a família dos répteis me viesse pedir, eu daria e compartilharia, e se a família das aranhas viesse e me pedisse um teto porque não sabiam que era época das chuvas e não da primavera, e se outros assim se enganassem, mas cada um no seu próprio engano fosse justo e amoroso, então teríamos algumas famílias pensando que seria verão, outras inverno, e outras outono, e outras na primavera. Pois tudo assim equilibrado, iniciado com essa confusão, mas na paz entre nós, é porque deve ser coisa de Deus, porque se não tem explicação ainda encontrada, deve ter alguma perfeição pois tudo é criado à imagem e semelhança de Deus não é filhinhos e filhinhas?"

"Aaaaaahh, sim! Sábia coruja!"

E a Coruja virou o pescocinho, torcendo-o rapidamente e fecho os olhos como quem desdenhou o título de Sábia e percussionou no bico e no gogó: TSC TSC! (E pensava: Nada a ver, tudo é Deus, e se nada der de sabedorias para meus queridos, nada posso esperar, mas ainda assim aprendi que Deus tem regras e tem esperações nobres de seus filhos, como um Pai).

E um burburinho começou a substituir aquela antes gritaria e desentendimento total. Daí as famílias começaram a se organizar por amor de perpetuar suas espécies. Ao principante estudante poderia parecer um bem querer mais de egoísmo de que de amor verdadeiro.

Mas dona Coruja, então, com aquele soninho bom, deu um bocejo, e olhou lá do carvalho com amor seus filhinhos. E eram filhinhos e irmãos e primos e amigos, todos. E agora entendiam que mesmo se tiverem se enganado, mesmo se Deus, por obra de imaginação de Diabo, quisesse enganá-los, na amizade e no amor de cada um compartilhariam seus alimentos, e juntas as famílias também poderiam compartilhar amizades e outras nobrezas que não se pega nem se guarda nem se vê, que são coisas invisíveis que são entendíveis pelo coração puro.

Assim, a Coruja despertou mas nunca contou a ninguém.

Porque se É o que É e o que sempre foi.

Algo assim, se parece com aqueles romances que nos ferem o coração de tanta perfeição de um dia também sentir algo semelhante em si. Buscar o ferimento e aquelas dores que levam ao amor de Romeu e Julieta ou de Francisco e Clara ou dos professores com seus alunos ou dos pais com seus filhos ou das crianças.

Aquela coruja, quando foi despertando e viu que pelo menos a natureza entendia e recebia com grado aquelas sabedorias que a mestra havia coletado com carinho e paciência, haveria de nascer como uma linda princesa, que os pais deram nome aqui de Michèle, e o acento ao contrário revelou aquela sobrancelha outrERA franzida, da ave sábia, porque agora nem olhar sisudo, nem preocupações desnecessárias, sua missão é humana, e é com seus iguais, e agora ela fala docemente, e compartilha nas gentes sonhos de crianças, sonhos de poetas, sonhos de gente cor-de-canela que por antes do branco chegar já sorviam nectar dos amores inefáveis com a natureza.

E dizem que a tal Mimi, com acento ao contrário, tem dom de fazer aquele amor que sempre cresceu, enobreceu e se aperfeiçoou beijar os corações dos humanos.

Amor, amor, amor!

Eis a nobre e mais deliciosa e melhor recompensa para quem almeja trabalhar, ensinar, viver, inspirar... ALIMENTAR!


(À Michèle Sato, feliz irmazinha que nos olhos de flor do Oriente vive o calor das terras de Cuiabá - MT)
Allison Ishy
Campo Grande, MS
*


Thursday 5 July 2012

Michèle Sato irá compor Comissão de Direitos Humanos


FAPEMATCIÊNCIA
http://www.revistafapematciencia.org/noticias/noticia.asp?id=412


CNDH

Michèle Sato irá compor Comissão de Direitos Humanos
03/07/2012 10:42
  Michèle Sato assumirá a relatoria de Direito Humano ao Meio Ambiente este mês.
Michèle Tomoko Sato, professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), é uma das pesquisadoras que mistura à excelência acadêmica, a luta por justiça social, além de um bocado de arte e doçura,quebrando com isso o estereótipo gélido muitas vezes imposto a quem trabalha com ciência. Escolhida para integrar a Comissão Nacional de Direitos Humanos, sua atuação será na relatoria de Direito Humano ao Meio Ambiente, em conjunto com a assistente social Cristiane Faustino da Silva, que trabalha questões relacionadas a gênero, raça e meio ambiente.

Mas direitos humanos têm algo a ver com o meio ambiente? Tem sim e muito.  De acordo com Michèle Sato, toda vez que há um crime ambiental, há também um crime social. “As questões estão intrinsecamente conectadas”, disse. Uma violação ocorre dentro de um território. Sendo assim, pode atingir as pessoas indiretamente ou diretamente, como aconteceu na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, em 1982, quando o governo autorizou a instalação de um aterro para depósito da substância tóxica, plychlorinated-biphenyl (PCB), cancerígena, na comunidade de Warren County, formada predominantemente por negros.

Esse caso provocou manifestações e muitas pessoas foram presas, entre elas o reverendo Benjamin Chavis, um dos líderes do Movimento por Justiça Ambiental, que começou a se consolidar nesse período. Episódios semelhantes foram descobertos em diversos locais, inclusive fora dos Estados Unidos. A sequência de crimes ambientais que atingiam diretamente negros de periferias deu origem, então, ao termo “racismo ambiental”, cunhado pelo sociólogo Robert Bullard. No Brasil, segundo Michèle, não só os negros são afetados, mas os pobres em geral. Foicriada então, no país, a Rede Brasileira de Justiça Ambiental que a educadora integra desde a fundação.

Para Michèle, um crime ambiental brasileiro é a implantação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, em construção no rio Xingu, na cidade de Altamira, no Pará, e que irá fazer com que diversos povos ribeirinhos e indígenas saiam de suas terras, além de provocar diversas outras transformações ambientais. Ela enfatizou, porém, que Belo Monte é um crime autorizado. “Nosso maior agressor é o próprio Estado”, se manifestou.

Quem encaminhou o nome de Michèle como sugestão para compor a Comissão foi o Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso (FDHT-MT), que publicou recentemente seu relatório. Para participar da Comissão, foi necessário o cumprimento de uma série de pré-requisitos. A seleção realizada pela Plataforma Brasileira de Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (Plataforma Dhesca) contou com critérios como postura ética, conhecimento de línguas estrangeiras e história de atuação da pessoa em prol dos direitos humanos.  Além disso, foi necessário encaminhar currículo e um projeto que poderá ser desenvolvido na Comissão.

No projeto enviado pela professora, ela tomou como base produções de duas orientandas. Uma de Regina Silva, que mapeou grupos sociais em Mato Grosso e possibilitou o conhecimento sobre alguns pouco conhecidos, como os morroquianos, por exemplo, que vivem no morro, perto do Pantanal de Cáceres. A outra pesquisadora é Michelle Jaber. Ela trabalhou os tipos de conflitos vividos por essas comunidades. Agora, Michele propõe à Plataforma Dhesca realizar o mapeamento dos grupos vulneráveis em todo o país e também verificar os tipos de conflitos que eles enfrentam.

Segundo Michele, em Mato Grosso a principal questão é a disputa pela terra. “É garimpo, é fazendeiro invadindo unidade de conservação, terra indígena”, afirma. Outros grandes problemas são as queimadas e a disputa pela água que, segundo ela, num prazo de cinco ou seis anos, será pior do que o conflito pela terra, tanto no Brasil quanto no resto do mundo. “Os aqüíferos estão todos contaminados”, disse.

Perfil 


Paulistana do bairro Butantã, a formação da professora Michèle não está direcionada a uma área específica, mas sim a cursos que, na sua avaliação, se complementam numa busca por melhorar o mundo. Por conta do amor à natureza, fez biologia. “Sou daquelas pessoas que fica revoltada quando vê a morte dos golfinhos, das baleias. Fico chateada, choro”, disse.

A militância começou cedo na vida da cientista. Ela fundou um grêmio no ensino médio, ingressou no movimento estudantil e, ao se tornar professora, fez parte da diretoria do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeosp). “Essa militância política, ela sempre foi muito viva em mim”, contou.

Depois, concluiu o mestrado em filosofia, uma área que não abandonou nunca. É também doutora em ecologia e pós-doutora em educação. Integra o Grupo de Estudos em Educação Ambiental, do programa de pós-graduação em Educação da UFMT e é bolsista de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Além disso, faz trabalhos artísticos e, inclusive, os integra à produção acadêmica.

Luta política e intelectual

A professora Michèle Sato não separa o trabalho acadêmico das lutas. Sua pesquisa na UFMT está muito associada aos projetos de extensão feitos em comunidades. A postura que fez dela referência, no entanto, também trouxe momentos difíceis. Ela já foi ameaçada de morte duas vezes.

De acordo com Michèle Sato, esses acontecimentos não farão com que ela se cale: “Continuo falando na imprensa, continuo militando, continuo defendendo. Essa é minha obrigação. Acho que eu nasci para isso”.

Além das ameaças, Michèle disse que há muita crítica na academia. “Se você fizer é criticada, se não fizer é criticada”. Ela afirmou também que ainda existe uma visão de que a ciência tem que ter o distanciamento, isto é, olhar o objeto da pesquisa sem se envolver com ele. Para Michèle, no campo das ciências humanas isso já está transformado: “a gente já consegue fazer essas pesquisas apaixonadamente felizes. Acho que isso está sendo possibilitado. Agora, isso é alvo de críticas porque tudo o que você faz tentando inovar você bagunça o que está estabelecido, o tradicional. Então, obviamente, as pessoas se sentem incomodadas. Mas eu acho que esse é meu papel também”. 


Educação Ambiental e Meio Ambiente 


Os termos “meio ambiente” e “educação ambiental” são comumente utilizados sem entendimento mais preciso. De acordo com a professora Michèle Sato, “meio ambiente” é mais genérico, pode ter significados diferentes de acordo com a experiência de cada um: “O jornalista pode ver o meio ambiente como uma pauta cheia de notícias, o sociólogo vai acreditar que todas as relações sociais que se estabeleceram estavam na dependência da mais valia do Karl Marx, o arquiteto vai falar que a obra depende do ambiente, o biólogo vai querer cuidar do passarinho, da cachoeira, do rio porque a natureza é bonita”.

Já o conceito de Educação Ambiental contempla a conservação do meio ambiente por um processo educativo, o que inclui as pessoas conviverem com o ambiente e se respeitarem – é aí que entram os direitos humanos. Michèle Sato lembrou que no estado o fórum é de Direitos Humanos e “da Terra”, o que ela propôs. “Essa é a guinada bonita. Não é só de humano. O planeta está precisando de cuidado também. Então a gente cuida das pessoas, mas cuida do planeta também”. Michèle explicou que justamente pelo entendimento de que as dimensões sociedade e natureza estão sempre juntas é que se busca o diálogo e a justiça ambiental. “Quando vejo uma injustiça humana eu fico super triste e revoltada também. E aí a necessidade de a gente sempre casar essas coisas. O mundo na verdade é todo interligado. A gente que separou”.

Para saber mais sobre Michèle Tomoko Sato clique aqui e acesse trabalhos de seus orientandos no link.

‘Yearning for a more beautiful world’: Pre-Raphaelite and Symbolist works from the collection of Isabel Goldsmith

https://www.christies.com/features/pre-raphaelite-works-owned-by-isabel-goldsmith-12365-3.aspx?sc_lang=en&cid=EM_EMLcontent04144C16Secti...