Arte urbana além das ruas: Babu seteoito e sua profundidade abissal na natureza
Depois de seis anos colorindo as ruas 
das cidades por onde passou, ele volta para as telas. E neste reencontro
 com o início de sua relação com as artes plásticas, Babu seteoito procura pela profundidade. “Onde encontramos a profundidade? No fundo do mar, no espaço, em nós mesmos”.
Como um escafandrista ou um astronauta, 
Babu mergulha nos recônditos de sua própria história para narrar as 
representações do que viveu nas telas que misturam pintura com stencil. 
Sua “Profundidade” está exposta na Casa do Parque e não para por aqui. No dia 20, “Abissal” embarca para São Paulo na Blaze Gallery e o retorno já está marcado com “Minha Natureza” para acontecer no SESC Arsenal.
São três exposições diferentes, que 
compõem a mesma narrativa que encontrou. Estas composições contam as 
histórias de sua própria vida. Os barcos de papel que representam a 
relação entre o pai e a mãe. “Meu pai morreu de amor”. Sete meses depois
 de falecer a mulher que sempre amou, uma história de idas e vindas em 
barcos de papéis que durou uma vida inteira.
Meu grande amor, somos dois barcos tristes
Que navegamos sempre em ondas fortes
Porque seguimos rumos diferentes
Que navegamos sempre em ondas fortes
Porque seguimos rumos diferentes
O coração estava presente nas últimas 
séries que produziu, inclusive na rua. Mas é tudo junto e misturado: 
tela, pintura, desenho, grafite, tudo se mistura. Tudo se relaciona para
 contar o que se pretende. Um dos corações é um Sodréliano em homenagem 
ao pintor Adir Sodré. O astronauta percorre o Universo em uma tela. 
Barcos de papel que se vão com o ir e devir das ondas do mar. A natureza
 que cresce em meio aos signos urbanos. Babu criou plantas e usou as da 
própria memória. Oito filhos de mãe benzedeira que apanharam bastante de
 espada de São Jorge, relembra o artista.
É o estado de profundidade. São suas 
heranças, a lembrança das plantas da mãe, do quintal cuiabano, dos seus 
ladrilhos. De toda uma memória que o remete à infância, ao sentimento de
 lar.
“Hoje eu tenho a vida que sempre sonhei 
desde criança e quero me descobrir cada vez mais, este é só mais um 
tentáculo da minha veia artística”. Em sua visão, ainda existe um abismo
 muito fundo que atravessa a arte urbana entre Cuiabá e São Paulo.
E isso começa pela cultura que se tem. 
Babu foi preso por expressar sua arte, responde à processo que o Estado 
moveu contra ele por fazer grafite, confusão com moradores, repressão.
O reconhecimento de sua arte é um 
fortalecer do próprio grafite, da resistência da arte urbana, das ruas. E
 é este comprometimento com as ruas que o artista precisa ter, opina 
Babu: “é um compromisso com as ruas, com a cidade, com a cultura e 
história do grafite”.
“Na década de 90, 80, vi muita pintura 
em viadutos, passarelas, postes, painéis de Gervane de Paula, Adir 
Sodré, Jonas Barros. Mas não é grafite”.
A temporada de exposições começou com 
Irigaray Arte e Cidade e depois com o prêmio incentivo do Salão Jovem 
Arte. Agora, assina seu nome individualmente para mostrar ao mundo o seu
 trabalho. É a arte urbana para além das ruas.
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