Sunday, 15 January 2012

"escola" nativa Kurâ-Bakairí KARÍB

fonte
http://www.ufmt.br/revista/arquivo/rev12/museuoficina_kuikare_uma_escola.html

Museu-oficina Kuikare: uma "escola" nativa Kurâ-Bakairí (Karíb)

Darlene Yaminalo Taukane


Atualmente somos conhecidos como Bakairí, mas a nossa autodenominação tradicional é Kurâ, que significa, gente, povo, nação, chão (onde estão enterrados os nossos antepassados e onde enterramos os nossos mortos). A nossa socialização é feita através da língua materna - que pertence à família Karib - mas entendemos e falamos o português.

Os Kurâ habitam duas Áreas Indígenas denominadas Santana e Bakairí, situada nos municípios de Nobres e Paranatinga (MT), respectivamente. A distância que as separam é de cerca de cem quilômetros lineares.

Na Área Indígena Santana (35.670,744 ha), encontram-se mais de 200 Bakairí. Apesar da pouca distância, estive apenas uma vez nessa Área, quando tinha seis anos, na companhia de meus pais que lá foram acompanhando um missionário do Summer Institute of Linguistics. Eles não foram fazer evangelização e sim participar de trabalhos na Área de lingüística. Sua participação foi importante no sentido de se registrar diferenças lingüisticas entre eles e nós, do Paranatinga. Os dados que aqui apresento dizem mais a respeito à Área Indígena Bakairí.

A Área Indígena Bakairí, localizada a 130 quilômetros da cidade de Paranatinga - na qual nasci e me criei - abarca 61.405,4605 hectares. Nela, conforme dados mais recentes, vivem cerca de 500 pessoas, distribuídas em oito aldeias: Aldeia Central Pakuera, Aturua, Kaiahoalo, Paxola, Sawâpa, Painkum, Painkum Âtuby e Ywy-Yare. Em cada uma delas, com exceção da última que está em fase de implantação, tem-se uma escola e todos os professores são Bakairí. São Bakairí também todos os demais que ocupam cargos remunerados: chefe de posto, auxiliares de enfermagem, etc... Eles são contratados pela FUNAI e pela prefeitura Municipal de Paranatinga.

Os rituais tradicionais que realizamos são o "Batizado do Milho" - o Yawaisare, o Sadyry (furação de orelhas dos jovens adolescentes do sexo masculino), a "festa da menina-moça", após a reclusão da primeira menstruação, o Kápa, o Ariko, que é o canto e a dança das mulheres. Além destes executamos também o Iakuigâde, com máscaras sagradas e entalhadas em madeira. De todos é o mais conhecido e foi referido pela primeira vez pelo etnólogo e expedicionário alemão Karl von den Steinen, em fins do século passado (1940,1942).

Um dos resultados da nossa longa história de contato foi a adoção das chamadas "festas de santo" - Santo Antônio, São Benedito, São José, São Pedro, Santana, etc. - que foram ressignificadas e que hoje fazem parte de nossa cultura: são "festas de santo" à moda Bakairí. Estas e os rituais tradicionais acima referidos promovem o encontro dos moradores das diversas aldeias.

A devastação do Paranatinga, rio acima, decorrente das dragas de garimpeiros concorre para o desaparecimento dos peixes (pacu, matrinchã, jaú, pintado, piraíva, etc.). Diante da escassez de peixes e da caça, a alternativa tem sido, ainda que em pequena escala, a criação de gado e o plantio de arroz. Mandioca brava e mansa, batata doce, cará, banana e milho são alimentos básicos. Uma pequena produção de artesanato concorre para a nossa subsistência. Nessa Área temos a Associação Kurâ-Bakairí, que conta com uma equipe que trabalha no sentido de divulgar e promover a nossa cultura. Sua organização conta com sete conselheiros eleitos em cada aldeia e um presidente. Sua sede fica na aldeia Pakuera, onde situa-se igualmente o Museu-Oficina Kuikare, um espaço Bakairí, criado pelos Bakairí e para os Bakairí, ainda que para consodolidá-lo tenha se contado com o apoio do SPHAN/MT (vide SPHAN/MINC, 1989). Sua história e seu sentido serão tratados aqui. Esperamos assim desfazer equívocos a ele relacionados, a exemplo da seguinte afirmação:

A Funai intervém no sentido do resgate cultural de um povo, como ocorreu com os Bakairí que já estavam bastante aculturados e retornaram às aldeias retomando a prática de suas tradições culturais, num trabalho inédito realizado por indígenas e cujos resultados não foram ainda devidamente divulgados e valorizados. O Museu Kuikare é um exemplo vivo dessa ação sob a orientação da SPHAN - Fundação Nacional Pró Memória - e participação dos técnicos da FUNAI (Batistela Sobrinho, 1991:87).

A necessidade de construir um espaço de transmissão informal de conhecimentos - portanto um projeto educativo - se relaciona a nossa experiência de contato com o mundo dos "brancos", marcada pela violência e pela intolerância a diferença.

A história dos primeiros contatos e experiência dos Kurâ com a sociedade envolvente é registrada em 1738, nas Minas de Mato Grosso - Vale do Guaporé - na condição de escravos e, posteriormente, na região de Diamantino (1805 - 1850). A partir de 1847, os Bakairí do Paranatinga, nossos antepassados, iam juntamente com os de Santana à Cuiabá, na Diretoria dos Índios da Província, em busca de ferramentas, tecidos, armas de fogo, etc.

Em 1887, os Bakairí de Santana já estavam engajados na atividade extrativista da borracha, que comercializavam em Cuiabá. Os de Paranatinga foram explorados na lavoura e criação de gado que, de forma lenta, porém definitiva, se expandiu na região em que viviam (e ainda vivem). Contudo, a presença de seringalistas e a passagem do cientista e explorador alemão Karl von den Steinen alterou profundamente a vida dos indígenas. Steinen, através de suas expedições ao Xingu, tornou conhecidos mundialmente os Bakairí e demais povos indígenas que viviam nessa região. Assim se restabeleceu o contato entre aqueles que viviam em Santana e no rio Paranatinga com os Bakairí xinguanos.

Em 1920 foi criada a Área Indígena Bakairí e nela, um Posto Indígena, hoje denominado Pakuera. Em 1923 migraram para essa área os últimos Bakairí alto-xinguanos. Um ano antes, instalou-se nela um grupo de Santana, liderado pelo cacique Roberto, que fugia da exploração e maus tratos dos fazendeiros e seringalistas.

Em 1930, sob a orientação de um mestre de obras, os Bakairí construíram as instalações definitivas da casa-sede, da escola - que foram implantada em 1923, ano que se iniciaram as primeiras aulas - do hospital, de um galpão para estocagem. Nesse mesmo ano os agentes do S.P.I. estabeleceram uma nova ordem: ele passa a funcionar nos moldes de uma empresa, explorando a força de trabalho Bakairí de uma forma mais organizada e violenta, visando a auto-suficiência da unidade administrativa e a integração dos indígenas nas práticas econômicas "civilizadas". Plantavam arroz, feijão, cana-de-açúcar (para produção de rapadura), criação extensiva de gado, além de hortas e pomares. Os excedentes eram comercializados em Cuiabá pelos agentes do S.P.I. Os Bakairí eram pagos com bens da sociedade nacional, na medida de sua assiduidade ao serviço, controlada em um "livro de ponto", onde se anotavam as presenças e faltas diárias. Esse sistema vigorou até 1958 e, com sua decadência - decorrente da do S.P.I. - os Bakairí passaram gradativamente a trabalhar nas fazendas de gado da região (Pina de Barros, 1977, 1992).

A nossa violenta história de contato, a nova ordem imposta pelos agentes do órgão tutor, a ação de missionários, o deslocamento dos pais de famílias para os locais de serviço - onde passavam a semana - e a própria presença da escola, com seus calendários e currículos nos moldes das escolas rurais, são fatores, entre outros, que comprometeram os sistemas tradicionais de transmissão de conhecimentos próprios dos Bakairí. Convivendo há mais de século, já adquirimos hábitos e costumes que hoje fazem parte do nosso cotidiano.

Entre outros tantos fatos marcantes de nossa história, tem-se o Projeto de Emancipação (1978) que, por suas propostas - tidas como etnocidas por antropólogos, missionários, indigenistas e simpatizantes da causa indígena - nos fez repensar a nossa condição. O movimento de reação dos Bakairí foi assim relatado pela antropóloga Edir Pina de Barros:

Em 1978, os Bakairí tomaram conhecimento do ‘Projeto de Emancipação’. Por entenderem que seriam ‘alvos’ prediletos de tal política etnocida, por serem considerados como ‘peões’ e ‘mansos’, decidiram não mais vender a sua força de trabalho nos estabelecimentos agro-pecuários. Na Área Indígena Bakairí, retornaram um ritual denominado Iakuigade, com suas famosas máscaras entalhadas em madeira e convidaram autoridades da FUNAI, jornalistas da imprensa falada e escrita, para assistirem a sua apresentação. Buscava-se, dessa forma, afirmar a sua indianidade (Pina de Barros, 1989:9).

Esse ritual deixou de ser praticado desde a implantação do posto indígena (1920) em conseqüência da violência da nova ordem imposta. ele fora retomado apenas em 1963, em outra situação histórica. Sobre ele registrou James Wheatley, do Summer Institute of Linguistics: Os Bakairí estão revivendo uma antiga tradição, a maioria deles são de acordo de não serem considerados índios mas sim como caboclos da região... (1963)

Ver-se como caboclo é a seqüela, a conseqüência do processo colonizador. Relendo o que sobre nós haviam escrito, constatamos que as palavras-chave presentes nos textos de mais diversas origens eram: extintos, dizimados, aculturados, desaldeados2 caboclos, bugres, "civilizados" e outras.

É importante dizer que, depois de revermos, repensarmos a história de nosso contato - como todos os povos indígenas - apesar de havermos sofrido todos os tipos de violência, sobrevivemos, superamos e renascemos mais fortes. Passamos a ser mais exigentes e questionadores de nossas próprias políticas. Da violência extraímos novos aprendizados. O Projeto de Emancipação, por exemplo, só nos fortaleceu no sentido de lutarmos pelos nossos direitos, resgatarmos aquilo que estava adormecido por um longo tempo: o ritual das máscaras, um símbolo de nossa resistência enquanto povo Kurâ. A partir dele não somente os Bakairí, mas todos os povos indígenas começaram a assumir uma nova postura diante da sociedade nacional. Impulsionados pela violência dos projetos etnocidas, passamos a lutar pela reintegração de uma área de terras denominada Pachola, subtraída de nossa Área Indígena demarcada em 1920. Nessa época, em 1985, tive a oportunidade de ir ao Museu do Índio/FUNAI, no Rio de Janeiro, levantar dados e documentos para a defesa dessas terras. Nessa ocasião tive a oportunidade de conhecer artefatos dos "antigos", documentos iconógrafos, fotográficos e bibliográficos do antigo S.P.I. A sensação que eu tinha era a de reencontrar as pessoas que eu ouvira falar na aldeia, inclusive conhecer a fotografia do Capitão Antoninho - Kuikare para os Bakairí, do qual sou descendente direta - um dos que guiaram Steinen ao Xingu.

Relatei a minha experiência na aldeia e todos ficaram interessados em saber como poderíamos ter a posse desses documentos. Mas não sabíamos exatamente como proceder e quais seriam os meios legais para tanto. Quem teria direito de posse sobre tais documentos? Fizemos planos, mas não conseguimos concretizá-los. Disso resultou, contudo, a ida de três pessoas idosas ao Museu do Índio, no Rio de Janeiro, para conhecerem os referidos documentos.

Outra idéia que surgiu foi a de criarmos um espaço na própria escola no qual os mais idosos pudessem repassar às crianças nossos próprios conteúdos: mitos, cantos, a história de antigamente, de onde viemos, qual a nossa origem, a história de nossas relações com os brancos, etc.. Essa prática durou pouco tempo. Tínhamos que amadurecer a idéia mais ainda. A idéia foi construir um espaço próprio onde os mais velhos pudessem repassar aos mais jovens a sua sabedoria, sua ciência, suas técnicas.

Em 1988 os Bakairí buscaram apoio no Escritório Técnico do SPHAN de Mato Grosso, com sede em Cuiabá, no sentido de viabilizar a recuperação do galpão antigo, antes referido, construído pelos próprios Bakairí, nos idos de 1930. Nessa ocasião a equipe técnica que lá esteve tomou conhecimento de nosso desejo de criarmos um espaço voltado para a nossa própria cultura. Com o estímulo e apoio do SPHAN foi erguido o espaço físico onde hoje funciona o Museu-Oficina Kuikare. Trata-se de uma casa Bakairí tradicional, à semelhança das casas alto-xinguanas.

A construção dessa casa-sede implicou em muito trabalho de rememoração. Há muito não se construía uma casa tipicamente Bakairí. Por interferência do SPI elas deixaram de existir e as famílias extensas que residiam em uma única unidade residencial - que abrigava muitas pessoas - passaram a viver separadas, cada qual em sua casa, via de regra de três peças, feitas de pau-a-pique barroteada, coberta de folhas de buriti. Ainda hoje as casas formam "ruas". Em um lugar central, ao lado do kadoêti, a casa dos homens, na qual se guardam as máscaras rituais - erguido em 1978, quando da realização do Iakuigâde - edificou-se a sede do Museu-Oficina Kuikare. Esse trabalho significou, durante mais de um ano, um exercício de recuperação da tecnologia arquitetônica Bakairí e uma reflexão sobre a importância de nosso próprio conhecimento.

Com a assessoria do SPHAN, formulamos um estatuto para que pudéssemos dar existência jurídica ao Museu-Oficina - assim denominado para facilitar o seu registro no CPC - Lei Sarney - para torná-lo apto a receber colaborações de órgãos e instituições nacionais e estrangeiras (gravadores, máquina fotográfica, etc.). Hoje o Museu tem o seu próprio CGC. Ele foi inaugurado em 1989, em meio a convidados, que tiveram a oportunidade de ver o Kápa e o "uka-uka", além de participar de comensalidades coletivas. Nessa ocasião ele já contava com algumas peças da cultura material, inclusive alguns exemplares resgatados pelos Bakairí, a partir das pesquisas que realizaram no Museu do Índio/RJ.

Quanto aos objetivos do museu, foram delineados os seguintes: tornar-se um espaço informal de transmissão de conhecimentos através das gerações, visando reforçar os valores e a auto-estima na interação com a sociedade nacional; criar um pólo de estudo da questão indígena visando usufruir de seu potencial para o equacionamento de nossos problemas contemporâneos; reunir um acervo renovável; repassar aos mais jovens as tecnologias de produção da cultura material; registrar, através de gerações de áudio e vídeo, de fotografias, as nossas manifestações culturais (rituais, música, mitos, etc.); promover e divulgar a cultura Bakairí fora da comunidade de origem, através de eventos.

O conceito de museu para nós, os Bakairí, tem, portanto, um significado muito próprio. Ele foi construído por nós, à nossa maneira e para nosso usufruto. Não é um lugar para guardar coisas antigas. É um lugar onde se resgata e se repassa a nossa sabedoria milenar, através de nossos anciões, dos nossos xamãs, de pessoas que tem arte em pintura, trançado, com seus respectivos desenhos, em cantos, em cerâmica, em adornos plumários, em confecção de armas, em entalhes de madeira ( máscaras rituais, inclusive), em pintura corporal. É um espaço de educação informal que traz ao presente os conhecimentos, a ciência e os fazeres Bakairí, voltada para uma geração que está em contato direto com a sociedade de consumo e que tem outros valores.

Foi a preocupação com as novas gerações que fez nascer no coração da aldeia o Museu-Oficina Kuikare, para revitalizar a memória social, a ciência Bakairí, para incentivar a vocação artística de cada um em benefício de todos. Ensinar os nossos rituais, como proceder, como e por que suportar uma abstinência durante e depois da reclusão dos ritos de passagem para a vida adulta. Repassar aos mais jovens os estoques de nomes que são passados dos mortos para os vivos, os cânticos rituais, as pinturas de cada máscara e as pinturas corporais, com seus significados. Ensinar a diferenciar as pinturas corporais de crianças, de homens e de mulheres, e seus respectivos nomes.

Dessa forma o Museu-Oficina Kuikare constitui uma "escola nativa" Bakairí que busca assegurar a transmissão de nossos conhecimentos, nossos valores, nossa ciência. Resgate, valorização e preservação são conceitos que se tornam concretos em nosso cotidiano na medida em que são vivenciados na recuperação e prática das nossas tradições e na atualização dos significados. A criação da Associação Kurâ-Bakairí é um dos desdobramentos de nossas atividades no Museu-Oficina Kuikare.

RESUMO

Na Terra Indígena Bakairí (MT), mais especificamente na aldeia Pakuera, situa-se o Museu-Oficina Kuikare, um espaço Bakairí, criado pelos Bakairí e para os Bakairí, enquanto uma "escola nativa" através da qual se busca a transmissão de conhecimentos tradicionais às novas gerações, visando reforçar os seus valores e a sua auto-estima na interação com a sociedade nacional. Sua história e seu sentido são tratados aqui.


Referências Bibliográficas

Batistela Sobrinho, Ivo - O artesanato como ponto de partida para um estudo de conflitos interculturais no Capitalismo. Monografia final do Curso de Especialização em Educação Ambiental do Programa de Pós-Graduação em Educação Pública do Instituto de Educação da UFMT, 1991.

Pina de Barros, Edir - Kurâ Bakairí/ Kurâ Karaíwa: Dois mundos em Confronto, Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade de Brasília, 1977.

Pina de Barros, Edir - Os Bakairí. Museu-Oficina Kuikare: Processo Integrado de Resgate Cultural Bakairí. Fundação Nacional Pró-Memória - SPHAN/MINC, p. 4 - 11, 1989.

Pina de Barros, Edir - História e Cosmologia na Organização Social de um Povo Karib: os Bakairí. Tese de doutoramento. Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade de São Paulo, 1992.

SPHAN/MINC - Museu-Oficina Kuikare: Processo Integrado de Resgate Cultural Bakairí (vários autores), 1989.

Steinen, Karl von den - Entre os Aborígenes do Brasil Central. Separata da Revista do Arquivo nºs XXXIV - LVIII, São Paulo, 1940.

Steinen, Karl von den - O Brasil Central. Brasiliana, Grande Formato, v. III, C.E.N., São Paulo, 1942

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