Tuesday, 10 January 2012

Até Breve, Merireu

---------- Forwarded message ----------
From: ANTONIO JOÃO DE JESUS - MERIREU
Date: 2012/1/10
Subject: RETOMO ATÉ BREVE DE ANOS PASSADOS


Oi, para todos...
Neste passar de anos revi meu caleidoscópio e retomo velhos poemas ou poesia, sei lá... e roubo novamente um pouco de seus TEMPOS: Este ATÉ BREVE vem rememorar um pouco do IKUIAPÁ dos índios Bororo, principálmente quando o RUMOR da COPA projeta fazer do IKUIAPÁ uma cidade MODERNA, com largas avenidas e LUZES, LUZES PARA "tudo o mais". Assim, a Cuiabá do IKUIAPÁ sobrevoará e se libertará definitivamente da sombra da CAMPO GRANDE/MS e nós do IKUIAPÁ, provavelmente morreremos para sempre, então: ATÉ BREVE, um arremedo de poema, poesia, provavelmente rabisco, não sei o que é na linguagem de um literato, mas pra mim é só INSTINTO, sem respeito as métricas, pontuação e tudo que a literatura apregoa, pois pra mim escrever é como acordar, dormir, amar e nem penso em sonhar, senão, sem querer sai "até breve".
Fazer o que, né! Amigos não é para isso!
Até Breve



imagem de Reinhard - EICHVALDMOND, Áustria

poesia de MERIREU BORORO, BRASIL

Não quero morrer. Tenho medo do oeste, o lado da morte,
mesmo tendo nascido desse lado
Mas, nesse tempo quando a morte sobrevém
meus feitos são cantados e chorados.
Como fazem o povo do IKUIAPÁ
acho que Bororo era seu nome, 
que no pátio da morte, cantam a vida.
Os do Ikuiapá, no baito, no meio da tarde 
os vivos morrem com a morte
E a morte vive um pouco com esses vivos
Sendo morto e vivo uma só essência 
juntando lagrimas e sangue aos gritos dos cantos.
Neste IKUIAPÁ, que era desse povo,
Vivo angustiada, sons diferentes
O vento se limita, barrados por muitos obstáculos
das grandes árvores que não balouçam mais
São pesadas e de 15 andares.
As picadas enegrecidas pelo sangue da terra, estão
sinalizadas de amarelo e branco e de muitas placas 
criado pelos homens que mudaram minha vida 
O solo não absorve as águas da chuva.
Antes da noite da morte chegar. Tenho medo.
Mas, o povo do IKUIAPÁ, 
da terra que hoje ocupo
dançam, cantam e choram no baito,
jogam sangue, lagrimas no meu solo umedecido.
Desse outro povo, das casas eternas, ouço 
contar meu passado, passado tão perseguido,
lembram apenas um pouco das minhas glórias,
sussurrando, Igreja São Benedito, Palácio da Instrução
Igreja Senhor dos Passos, Praça Bispo Dom José,
Igreja do Bom Despacho, Museu do Rio, Casa do Artesão
SESC Arsenal, Cururu, Siriri, festas de santos.
Petete, Maria Taquara e Zé Bolo-Flor.
Mas do povo do IKUIAPÁ, 
da terra que hoje ocupo, que dança e canta no pátio
não ouço mais seus lamentos.
Quero cantar sua glória Bororo Koxiponé
do Kujibô, Ikuiére, Toroári , Ikuiapá.
Hoje sou Cuiabá, dizem é que Guarani ou Payagua
Mas quero ser lembrado como IKUIAPÁ,
do povo da terra que hoje ocupo, 
que dança e canta no pátio
mesmo quando a morte revive seus feitos
É noite, depois de dias de cantos e choro
sou esquecida, não quero morrer. 
Até Breve!

Antonio João de Jesus
*

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