Thursday, 31 May 2012
Friday, 18 May 2012
identidade - MIA COUTO
identidade
~ por Mia Couto
Preciso ser um outro
para ser eu mesmo
Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta
Sou pólen sem insecto
Sou areia sustentando
o sexo das árvores
Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro
No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço
Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"
Tuesday, 15 May 2012
Monday, 14 May 2012
Um tratado sobre poética disfarçado de poesia
comunicação social, usp
http://comunicacao.fflch.usp.br/node/751
Um tratado sobre poética disfarçado de poesia
Manoel de Barros
“A poesia está guardada nas palavras
– é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias
(do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.”
Tratado geral das grandezas do ínfimo, Manoel de Barros
*
Por Bruna Escaleira
No ano em que o livro “Tratado geral das grandezas do ínfimo”, do poeta mato-grossense Manoel de Barros, completa dez anos de publicação, Carlos Eduardo Brefore Pinheiro defende sua Tese de Doutorado em Teoria Literária e Literatura Comparada “Entre o ínfimo e o grandioso, entre o passado e o presente: o jogo dialético da poética de Manoel de Barros”. Ao analisar as relações antagônicas que não apenas regem esta “obra-tratado”, como constituem o cerne do processo criativo do poeta, o pesquisador buscou chegar a um patamar interpretativo sobre os fundamentos que o norteiam e as tendências poéticas que trilhou, sem perder de vista o diálogo aberto pelo artista, avivando relações entre cultura, arte e sociedade. Em entrevista ao Serviço de Comunicação Social da FFLCH - USP, Pinheiro aponta as contribuições do poeta para os dias de hoje e detalha os pontos mais importantes de sua tese.
Serviço de Comunicação Social: Como a obra do autor se relaciona à produção cultural de hoje? Qual a importância de Manoel de Barros para as gerações atuais e futuras?
Carlos Eduardo Brefore Pinheiro: A obra de Manoel de Barros começou a ganhar o reconhecimento público nos últimos anos. Embora o autor publique seus poemas desde 1937, foi na década de 90 que seus livros começaram a ser percebidos pela crítica especializada. É nessa época que surgem as primeiras pesquisas acadêmicas sobre este poeta e também sua projeção na mídia. Podemos considerar hoje Manoel de Barros um dos poetas mais assediados pela imprensa, o que lança sua obra na direção de diferentes públicos, não apenas o universitário. Creio que as gerações futuras verão Barros como um escritor preocupado constantemente com o pensar sobre o fazer literário, visto o questionamento constante que sua poesia faz: o que é fazer poesia?
S.C.S.: O que o levou a escolher o livro “Tratado geral das grandezas do ínfimo” para abordar a dialética em Manoel de Barros? Como este tratado se contextualiza e o que representa na obra do poeta?
C.E.B.P.: Pensando que uma das constantes da poesia de Manoel de Barros é o auto-questionamento sobre a criação poética, o título da obra (“tratado”) chamou-me a atenção no sentido de tentar entender este volume específico da produção literária de Barros não apenas como um livro de poemas, mas como um tratado moderno sobre poética disfarçado de livro de poesia. Cotejando o livro em questão com os demais da obra do poeta, pude perceber uma retomada de temas e propostas de produção literária que já se anunciavam desde o “Livro sobre nada”, publicado em 1996, e que, de lá para cá, se tornaram o cerne de sua criação estética. O “Tratado” seria então uma espécie de sistematização, por via poética, da concepção literária que norteia o trabalho de Manoel de Barros ao longo desses anos.
S.C.S.: Como se articulam as relações dialéticas entre “ínfimo e grandioso” e “passado e presente” nos poemas do autor?
C.E.B.P.: Compondo poemas voltados para a infância como tempo/espaço idealizado, para os seres do ambiente pantaneiro, inclusive os mais ínfimos, e para a própria poesia, Barros demonstra que sua obra se forma e se movimenta por meio de um mecanismo dialético entre semas paradoxais: o ínfimo e o grandioso; o passado e o presente. Mais do que um simples jogo antitético entre estes elementos, porém, suas composições estabelecem uma relação muito particular entre eles, como desenvolvido nas análises. Com isso em vista, a proposição da minha tese foi a de demonstrar que entre (a) passado e (b) presente existe a intenção de um resgate (no plano da criação literária) – uma infância utópica que é rememorada em função de um projeto estético que se alicerça como um processo paradoxal de volta às origens dos seres, das coisas e da própria linguagem. Além disso, entre (c) grandioso e (d) ínfimo existe uma intenção de valoração – o ínfimo é evidenciado e valorado em função de uma ligação, direta ou indireta, com elementos que são em si mesmos grandiosos, ou que induzam a tal pensamento.
S.C.S.: Fale sobre os tipos de relações que o poeta estabelece entre a figura humana, a natureza e o tempo.
C.E.B.P.: Neste caminho, planejado e trilhado por Manoel de Barros para a criação deste seu “Tratado geral das grandezas do ínfimo”, dentro da articulação entre as duas macrorrelações basilares na arquitetura da obra, isto é, (a) o grandioso e o ínfimo e (b) o passado e o presente, é a figura do ser humano o elemento de ligação entre todas estas vertentes. Numa perspectiva espacial, é o movimento cósmico empreendido pelo sujeito (e, por extensão, pelo ser humano em geral) que ligará o céu e a terra, a altura e a profundidade, os seres do céu e os seres do chão, os reinos animal, vegetal e mineral, metamorfoseando-os em função da criação literária. Já numa perspectiva temporal, é o movimento empreendido pelo sujeito na busca do tempo pedido da infância como tempo mítico, das origens (do homem, dos seres, do mundo e da linguagem), gerador da percepção estética que se instaura no momento presente, materializada num objeto concreto – o “Tratado”. Assim, na visão de Manoel de Barros, as relações que se estabelecem a partir da figura do sujeito – entre o céu e a terra, entre o grandioso e o ínfimo, entre o passado e o presente, entre os diferentes reinos da natureza – são a expressão poética das manifestações do devir da vida humana.
S.C.S.: Em sua opinião, quais as principais tendências poéticas trilhadas por Manoel de Barros? Quais destas tendências o autor tomou como referência para seu trabalho e de quais foi precursor e referência?
C.E.B.P.: É comum, nos estudos acadêmicos sobre Manoel de Barros, as tentativas de fazer uma leitura comparativa de sua obra, ligando-a à produção literária de autores como Fernando Pessoa, Guimarães Rosa e Clarice Lispector. Creio que as marcas de intertextualidade não podem ser negadas, visto que Barros faz referências explícitas a autores, teóricos e artistas em geral. Porém ficarmos no plano da simples comparação é empobrecer sua obra enquanto criação original. Embora sua produção se estenda por mais de 70 anos, a rigor, este poeta não se filia a nenhum momento das chamadas “gerações modernistas”, o que faz de sua obra algo singular dentro do quadro da poesia brasileira moderna. Talvez possamos encarar Manoel de Barros como um poeta precursor se pensarmos na constante autorreferenciação que sua obra faz enquanto criação poética, na atitude abertamente lúdica que o poeta dá a seus poemas, vistos como um jogo a ser jogado pelos leitores, que requer a apropriação de regras muito próprias, as quais o próprio autor dá, por meio de seus metapoemas.
*
http://comunicacao.fflch.usp.br/node/751
Um tratado sobre poética disfarçado de poesia
Manoel de Barros
“A poesia está guardada nas palavras
– é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias
(do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.”
Tratado geral das grandezas do ínfimo, Manoel de Barros
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Por Bruna Escaleira
No ano em que o livro “Tratado geral das grandezas do ínfimo”, do poeta mato-grossense Manoel de Barros, completa dez anos de publicação, Carlos Eduardo Brefore Pinheiro defende sua Tese de Doutorado em Teoria Literária e Literatura Comparada “Entre o ínfimo e o grandioso, entre o passado e o presente: o jogo dialético da poética de Manoel de Barros”. Ao analisar as relações antagônicas que não apenas regem esta “obra-tratado”, como constituem o cerne do processo criativo do poeta, o pesquisador buscou chegar a um patamar interpretativo sobre os fundamentos que o norteiam e as tendências poéticas que trilhou, sem perder de vista o diálogo aberto pelo artista, avivando relações entre cultura, arte e sociedade. Em entrevista ao Serviço de Comunicação Social da FFLCH - USP, Pinheiro aponta as contribuições do poeta para os dias de hoje e detalha os pontos mais importantes de sua tese.
Serviço de Comunicação Social: Como a obra do autor se relaciona à produção cultural de hoje? Qual a importância de Manoel de Barros para as gerações atuais e futuras?
Carlos Eduardo Brefore Pinheiro: A obra de Manoel de Barros começou a ganhar o reconhecimento público nos últimos anos. Embora o autor publique seus poemas desde 1937, foi na década de 90 que seus livros começaram a ser percebidos pela crítica especializada. É nessa época que surgem as primeiras pesquisas acadêmicas sobre este poeta e também sua projeção na mídia. Podemos considerar hoje Manoel de Barros um dos poetas mais assediados pela imprensa, o que lança sua obra na direção de diferentes públicos, não apenas o universitário. Creio que as gerações futuras verão Barros como um escritor preocupado constantemente com o pensar sobre o fazer literário, visto o questionamento constante que sua poesia faz: o que é fazer poesia?
S.C.S.: O que o levou a escolher o livro “Tratado geral das grandezas do ínfimo” para abordar a dialética em Manoel de Barros? Como este tratado se contextualiza e o que representa na obra do poeta?
C.E.B.P.: Pensando que uma das constantes da poesia de Manoel de Barros é o auto-questionamento sobre a criação poética, o título da obra (“tratado”) chamou-me a atenção no sentido de tentar entender este volume específico da produção literária de Barros não apenas como um livro de poemas, mas como um tratado moderno sobre poética disfarçado de livro de poesia. Cotejando o livro em questão com os demais da obra do poeta, pude perceber uma retomada de temas e propostas de produção literária que já se anunciavam desde o “Livro sobre nada”, publicado em 1996, e que, de lá para cá, se tornaram o cerne de sua criação estética. O “Tratado” seria então uma espécie de sistematização, por via poética, da concepção literária que norteia o trabalho de Manoel de Barros ao longo desses anos.
S.C.S.: Como se articulam as relações dialéticas entre “ínfimo e grandioso” e “passado e presente” nos poemas do autor?
C.E.B.P.: Compondo poemas voltados para a infância como tempo/espaço idealizado, para os seres do ambiente pantaneiro, inclusive os mais ínfimos, e para a própria poesia, Barros demonstra que sua obra se forma e se movimenta por meio de um mecanismo dialético entre semas paradoxais: o ínfimo e o grandioso; o passado e o presente. Mais do que um simples jogo antitético entre estes elementos, porém, suas composições estabelecem uma relação muito particular entre eles, como desenvolvido nas análises. Com isso em vista, a proposição da minha tese foi a de demonstrar que entre (a) passado e (b) presente existe a intenção de um resgate (no plano da criação literária) – uma infância utópica que é rememorada em função de um projeto estético que se alicerça como um processo paradoxal de volta às origens dos seres, das coisas e da própria linguagem. Além disso, entre (c) grandioso e (d) ínfimo existe uma intenção de valoração – o ínfimo é evidenciado e valorado em função de uma ligação, direta ou indireta, com elementos que são em si mesmos grandiosos, ou que induzam a tal pensamento.
S.C.S.: Fale sobre os tipos de relações que o poeta estabelece entre a figura humana, a natureza e o tempo.
C.E.B.P.: Neste caminho, planejado e trilhado por Manoel de Barros para a criação deste seu “Tratado geral das grandezas do ínfimo”, dentro da articulação entre as duas macrorrelações basilares na arquitetura da obra, isto é, (a) o grandioso e o ínfimo e (b) o passado e o presente, é a figura do ser humano o elemento de ligação entre todas estas vertentes. Numa perspectiva espacial, é o movimento cósmico empreendido pelo sujeito (e, por extensão, pelo ser humano em geral) que ligará o céu e a terra, a altura e a profundidade, os seres do céu e os seres do chão, os reinos animal, vegetal e mineral, metamorfoseando-os em função da criação literária. Já numa perspectiva temporal, é o movimento empreendido pelo sujeito na busca do tempo pedido da infância como tempo mítico, das origens (do homem, dos seres, do mundo e da linguagem), gerador da percepção estética que se instaura no momento presente, materializada num objeto concreto – o “Tratado”. Assim, na visão de Manoel de Barros, as relações que se estabelecem a partir da figura do sujeito – entre o céu e a terra, entre o grandioso e o ínfimo, entre o passado e o presente, entre os diferentes reinos da natureza – são a expressão poética das manifestações do devir da vida humana.
S.C.S.: Em sua opinião, quais as principais tendências poéticas trilhadas por Manoel de Barros? Quais destas tendências o autor tomou como referência para seu trabalho e de quais foi precursor e referência?
C.E.B.P.: É comum, nos estudos acadêmicos sobre Manoel de Barros, as tentativas de fazer uma leitura comparativa de sua obra, ligando-a à produção literária de autores como Fernando Pessoa, Guimarães Rosa e Clarice Lispector. Creio que as marcas de intertextualidade não podem ser negadas, visto que Barros faz referências explícitas a autores, teóricos e artistas em geral. Porém ficarmos no plano da simples comparação é empobrecer sua obra enquanto criação original. Embora sua produção se estenda por mais de 70 anos, a rigor, este poeta não se filia a nenhum momento das chamadas “gerações modernistas”, o que faz de sua obra algo singular dentro do quadro da poesia brasileira moderna. Talvez possamos encarar Manoel de Barros como um poeta precursor se pensarmos na constante autorreferenciação que sua obra faz enquanto criação poética, na atitude abertamente lúdica que o poeta dá a seus poemas, vistos como um jogo a ser jogado pelos leitores, que requer a apropriação de regras muito próprias, as quais o próprio autor dá, por meio de seus metapoemas.
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Thursday, 10 May 2012
novos conselheiros dos direitos humanos - dhesca
dhesca
http://www.dhescbrasil.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=544:selecao-relatorias-direitos-humanos&catid=69:antiga-rok-stories
Novas Relatorias em Direitos Humanos da Plataforma Dhesca são eleitas para os próximos dois anos
Na última quinta-feira (03) o Conselho de Seleção das Relatorias Nacionais em Direitos Humanos escolheu os(as) novos(as) Relatores(as), que exercerão o mandato do período 2012/2014.
O Conselho de Seleção é composto por entidades públicas, agências das Organizações das Nações Unidas (ONU) e por membros da coordenação colegiada da Plataforma Dhesca e se reuniu na Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, em Brasília.
Em 2012, as Relatorias Nacionais em Direitos Humanos completam dez anos, por isso a escolha dos(as) novos(as) Relatores(as) toma um significado ainda mais importante. O projeto foi criado em outubro de 2002 pela Plataforma Dhesca Brasil com o objetivo de contribuir para que o Brasil adote um padrão de respeito aos DhESCA, com base na Constituição Federal de 1988, no Programa Nacional de Direitos Humanos e nos tratados internacionais de proteção dos direitos humanos ratificados pelo país, por meio da implementação de mecanismos de controle da sua exigibilidade. Este projeto é inspirado na experiência dos Relatores Especiais das Nações Unidas, e conta com a nomeação de especialistas em Direitos Humanos para investigar situações de desrespeito a esses direitos.
Conheça os(as) Relatores(as)
Relatoria do Direito Humano à Cidade
Leandro Franklin Gorsdorf: advogado e mestre em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Atualmente é professor-assistente da UFPR e conselheiro da organização de direitos humanos Terra de Direitos. Tem grande experiência com atuação em assessoria jurídica popular aos movimentos sociais ligados à questão urbana. Integra também o Observatório de Políticas Públicas do Paraná e propõe na sua atuação como Relator, dentre outros temas, o acompanhamento dos megaeventos, que impactam diretamente no Direito à Cidade.
Relatoria do Direito Humano à Educação
Rosana Rodrigues Heringer: socióloga, com doutorado e mestrado em Sociologia. É professora adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisadora na área de democratização do aceso ao ensino superior, políticas de ação afirmativa e desigualdades raciais na educação. Já atuou como coordenadora executiva da Action Aid Brasil. Integra o Conselho Fiscal da CLADE (Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação) e o Conselho Diretor do Fundo Social Elas. Em sua proposta de atuação na relatoria, Rosana inclui temas como educação e laicidade do Estado, educação no campo e educação e orientação sexual.
Relatoria do Direito Humano ao Meio Ambiente
Cristiane Faustino da Silva: Graduada em Serviço Social pela Universidade Estadual do Ceará. Atua como coordenadora do Programa de Democratização da Participação Política do Instituto Terramar. Sua atuação em direitos humanos é voltada particularmente para questões relacionadas a gênero e raça, além das questões ambientais, tendo assessorado diversas organizações e grupos a partir destes temas. É reconhecida ativista em Direitos Humanos, com experiência também na área de Racismo Ambiental. Inclui em sua proposta de atuação na Relatoria temas como a contaminação por chumbo em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, e as violações de direitos humanos no Porto do Açu, Rio de Janeiro.
Michèle Tomoko Sato: Possui licenciatura em Biologia, mestrado em Filosofia, doutorado em Ciências e pós-doutorado em Educação. É professora do Programa de Pós-Graduação em Educação na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e colaboradora nas universidades federais de São Carlos (UFSCar, SP) e Rio Grande do Sul (FURG, RS), além da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha. Possui uma trajetória consolidada de mais de 20 anos de luta e atuação na defesa dos direitos humanos e da terra. Além de fundadora atuante no Fórum de Direitos Humanos e da Terra, é fundadora e uma das principais articuladoras da Rede Mato-grossense de Educação Ambiental (REMTEA), do Grupo de Trabalho de Mobilização Social (GTMS) e de outros importantes espaços de debates e ações em torno da Educação Ambiental.
Relatoria do Direito Humano à Saúde: direitos sexuais e reprodutivos
Maria Beatriz Galli Bevilacqua: Advogada, mestre em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Toronto, no Canadá. Atua como assessora de Políticas para América Latina do Ipas Brasil, é membro do Cladem Brasil e da Comissão de Bioética e Biodireito da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro. Foi uma importante articuladora no “caso Alyne”, pelo qual o Brasil foi condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos, e da Lei Maria da Penha. Sua atuação está voltada para temas como a questão da mortalidade materna.
Relatoria do Direito Humano à Terra, Território e Alimentação
Sérgio Sauer: Doutor em Sociologia pela Universidade de Brasília e mestre em Filosofia da Religião pela School of Mission and Theology, da Faculdade de Artes, Universidade de Bergen, Noruega. Graduado em teologia e filosofia. Foi professor do programa de pós-graduação em Ciências da Religião da Universidade Católica de Goiás e assessor parlamentar no Senado Federal. Atualmente é professor da Universidade de Brasília, da Faculdade de Planaltina e dos Programas de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural e em Agronegócios da UnB. Sérgio Sauer já foi relator desta mesma relatoria no período de 2009 a 2011 e está sendo reconduzido para mais um mandato. Além de sua grande experiência acadêmica, tem forte atuação junto aos movimentos sociais, especialmente no que se refere à questão agrária, ambiental e à soberania alimentar.
Posse e seminário de planejamento acontecem em junho
A posse dos(as) novos(as) Relatores(as) acontecerá no mês de junho, em data a ser confirmada no site da Plataforma Dhesca. No mesmo mês será realizado o seminário que irá proporcionar um diálogo entre os relatores, as redes e organizações que os(as) indicaram e a coordenação da Plataforma em um planejamento integrado das atividades.
Em 2012, as Relatorias Nacionais em Direitos Humanos completam dez anos, por isso a escolha dos(as) novos(as) Relatores(as) toma um significado ainda mais importante. O projeto foi criado em outubro de 2002 pela Plataforma Dhesca Brasil com o objetivo de contribuir para que o Brasil adote um padrão de respeito aos DhESCA, com base na Constituição Federal de 1988, no Programa Nacional de Direitos Humanos e nos tratados internacionais de proteção dos direitos humanos ratificados pelo país, por meio da implementação de mecanismos de controle da sua exigibilidade. Este projeto é inspirado na experiência dos Relatores Especiais das Nações Unidas, e conta com a nomeação de especialistas em Direitos Humanos para investigar situações de desrespeito a esses direitos.
Conheça os(as) Relatores(as)
Relatoria do Direito Humano à Cidade
Leandro Franklin Gorsdorf: advogado e mestre em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Atualmente é professor-assistente da UFPR e conselheiro da organização de direitos humanos Terra de Direitos. Tem grande experiência com atuação em assessoria jurídica popular aos movimentos sociais ligados à questão urbana. Integra também o Observatório de Políticas Públicas do Paraná e propõe na sua atuação como Relator, dentre outros temas, o acompanhamento dos megaeventos, que impactam diretamente no Direito à Cidade.
Relatoria do Direito Humano à Educação
Rosana Rodrigues Heringer: socióloga, com doutorado e mestrado em Sociologia. É professora adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisadora na área de democratização do aceso ao ensino superior, políticas de ação afirmativa e desigualdades raciais na educação. Já atuou como coordenadora executiva da Action Aid Brasil. Integra o Conselho Fiscal da CLADE (Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação) e o Conselho Diretor do Fundo Social Elas. Em sua proposta de atuação na relatoria, Rosana inclui temas como educação e laicidade do Estado, educação no campo e educação e orientação sexual.
Relatoria do Direito Humano ao Meio Ambiente
Cristiane Faustino da Silva: Graduada em Serviço Social pela Universidade Estadual do Ceará. Atua como coordenadora do Programa de Democratização da Participação Política do Instituto Terramar. Sua atuação em direitos humanos é voltada particularmente para questões relacionadas a gênero e raça, além das questões ambientais, tendo assessorado diversas organizações e grupos a partir destes temas. É reconhecida ativista em Direitos Humanos, com experiência também na área de Racismo Ambiental. Inclui em sua proposta de atuação na Relatoria temas como a contaminação por chumbo em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, e as violações de direitos humanos no Porto do Açu, Rio de Janeiro.
Michèle Tomoko Sato: Possui licenciatura em Biologia, mestrado em Filosofia, doutorado em Ciências e pós-doutorado em Educação. É professora do Programa de Pós-Graduação em Educação na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e colaboradora nas universidades federais de São Carlos (UFSCar, SP) e Rio Grande do Sul (FURG, RS), além da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha. Possui uma trajetória consolidada de mais de 20 anos de luta e atuação na defesa dos direitos humanos e da terra. Além de fundadora atuante no Fórum de Direitos Humanos e da Terra, é fundadora e uma das principais articuladoras da Rede Mato-grossense de Educação Ambiental (REMTEA), do Grupo de Trabalho de Mobilização Social (GTMS) e de outros importantes espaços de debates e ações em torno da Educação Ambiental.
Relatoria do Direito Humano à Saúde: direitos sexuais e reprodutivos
Maria Beatriz Galli Bevilacqua: Advogada, mestre em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Toronto, no Canadá. Atua como assessora de Políticas para América Latina do Ipas Brasil, é membro do Cladem Brasil e da Comissão de Bioética e Biodireito da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro. Foi uma importante articuladora no “caso Alyne”, pelo qual o Brasil foi condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos, e da Lei Maria da Penha. Sua atuação está voltada para temas como a questão da mortalidade materna.
Relatoria do Direito Humano à Terra, Território e Alimentação
Sérgio Sauer: Doutor em Sociologia pela Universidade de Brasília e mestre em Filosofia da Religião pela School of Mission and Theology, da Faculdade de Artes, Universidade de Bergen, Noruega. Graduado em teologia e filosofia. Foi professor do programa de pós-graduação em Ciências da Religião da Universidade Católica de Goiás e assessor parlamentar no Senado Federal. Atualmente é professor da Universidade de Brasília, da Faculdade de Planaltina e dos Programas de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural e em Agronegócios da UnB. Sérgio Sauer já foi relator desta mesma relatoria no período de 2009 a 2011 e está sendo reconduzido para mais um mandato. Além de sua grande experiência acadêmica, tem forte atuação junto aos movimentos sociais, especialmente no que se refere à questão agrária, ambiental e à soberania alimentar.
Posse e seminário de planejamento acontecem em junho
A posse dos(as) novos(as) Relatores(as) acontecerá no mês de junho, em data a ser confirmada no site da Plataforma Dhesca. No mesmo mês será realizado o seminário que irá proporcionar um diálogo entre os relatores, as redes e organizações que os(as) indicaram e a coordenação da Plataforma em um planejamento integrado das atividades.
Wednesday, 9 May 2012
Therezhada: Niña Traviesa (Haiku, Mimi Sato)
http://therezhada.blogspot.com.br/2012/05/nina-traviesa-haiku-mimi-sato.html?showComment=1336607948457#c5697498341324600824
meu haikai num blog da espanha!
super legal
Therezhada: Niña Traviesa (Haiku, Mimi Sato):
meu haikai num blog da espanha!
super legal
Therezhada: Niña Traviesa (Haiku, Mimi Sato):
Niña traviesa
chupa una uva
guarda una lluvia
~ Mini Sato
chris jordan
http://www.midwayfilm.com/
Chris Jordan’s website and contact info: www.ChrisJordan.com
Midway Project blog, team details, behind the scenes photos, production diary videos : www.MidwayJourney.com
Facebook: http://www.facebook.com/MidwayJourney
Monday, 7 May 2012
Milhares festejam nas ruas a vitória de François Hollande
CARTA MAIOR
Paris - 31 rosas depois e uma frase que marca um rumo: “a austeridade não pode ser mais uma fatalidade na Europa”. Três décadas e um ano separam a vitória do socialista François Miterrand à presidência da República (maio de 1981) do triunfo eleitoral obtido neste domingo por François Hollande por 51,70% contra 48,30% dos votos. O modelo mais refinado do anti-herói derrotou nas urnas a versão mais xenófoba e ultrajante do liberalismo europeu: Nicolas Sarkozy ficou sem o grande sonho de revalidar seu mandato ao cabo de uma década no poder na qual seus cinco anos de presidência ficaram marcados pela panóplia de seus excessos, as promessas não cumpridas, as reformas pela metade, o desemprego, o desmonte do Estado de Bem-estar, o personalismo às últimas consequências, a arrogância e a violência racial com a qual, de uma forma ou de outra, tratou os estrangeiros.
A França encerrou uma fase na noite deste domingo e resgatou do frondoso bosque liberal a socialdemocracia europeia. Paris treme com os buzinaços e os gritos e cantos de alegria que cobrem a Praça da Bastilha. “Sarkozy terminou”, “a França Forte é a França de Esquerda”, gritava à noite a numerosa juventude que se reuniu na sede parisiense do Partido Socialista, na rua Solferino. A grande maioria desses jovens só conheceu até hoje a ação política dos governos conservadores e a fulgurante agressividade de Nicolas Sarkozy. Agora estão diante de uma nova perspectiva: “a mudança começa agora”, disse o presidente eleito no primeiro discurso que pronunciou desde Tulle (na região de Corrèze, centro sul do país), cidade da qual foi prefeito.
Pela mão de um homem discreto, sem a mais longínqua sombra de suntuosidade, que jamais ocupou um cargo ministerial e por quem, há um ano, nem seus mais fieis partidários apostavam as fichas como presidente da República, o socialismo francês regressa ao poder 17 anos depois da última vitória de François Miterrand (1988). O triunfo de Hollande é o resultado de uma construção pessoal que se plasmou logo depois de ter passado 11 anos como primeiro secretário do PS e outros dois elaborando a plataforma com a qual, no ano passado e em meio ao marasmo provocado pela queda do ex-diretor geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn (o candidato socialista até então campeão nas pesquisas). François Hollande saiu do nada. “Hollande? Não, impossível, é uma piada”, diziam seus opositores de direita e alguns elefantes do Partido Socialista. Ele os derrotou.
Logo depois de ser eleito em 2007, Nicolas Sarkozy havia dito que ao final de seu mandato queria ser julgado por duas variáveis: a taxa de desemprego e a redução da pobreza. O julgamento veio das urnas: há um milhão a mais de desempregados e vários milhões de pobres. François Hollande pediu à história outro julgamento, o dos “compromissos maiores, com a juventude e a justiça”.
O presidente eleito disse domingo à noite que cada uma de suas “decisões se baseará em dois critérios: por acaso é justo e beneficia verdadeiramente a juventude?” A vitória do socialista francês tem, além disso, outra conotação: sua chegada ao poder rompe a cúpula hegemônica que governou a Europa nos últimos anos e que ficou conhecida como Merkozy. A dupla composta pela chanceler alemã Angela Merkel e pelo presidente Nicolas Sarkozy impôs a Europa uma única via: a austeridade sem crescimento como método e disciplina. Até que François Hollande chegasse com sua candidatura, fora dos ajustes e da restrição dos gastos não havia outro caminho. A vida era isso ou nada. François Hollande foi o primeiro dirigente da UE que levantou outra bandeira e rechaçou a bíblia do rigor fiscal sem crescimento. Isso valeu a ele a afronta de um acordo secreto pactuado entre Merkel, o primeiro ministro britânico, David Cameron, o presidente do Conselho Italiano, Mario Monti, e o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, para não receber Hollande. Há dois meses, fecharam-lhe as portas. Agora, deverão colocar o tapete vermelho.
A margem da vitória de François Hollande foi mais estreita que a anunciada pelas pesquisas. Mas isso não diminui o denso golpe da história. A direita francesa protagonizou durante a campanha eleitoral, em particular durante as duas últimas semanas, uma desesperada corrida na direção da extrema-direita: fronteiras, imigração, segurança, violento discurso contra os meios de comunicação e uma vasta verborragia ultradireitista ocuparam os longos discursos de Sarkozy. Até o último momento, o atual presidente defendeu uma França ameaçada pelo mundo, pelos intercâmbios comerciais desequilibrados, os fluxos migratórios, os sindicalistas e os muçulmanos.
O conceito de “fronteira” foi para Sarkozy o antídoto contra essa massa tóxica que era o resto do planeta. À noite, no discurso que pronunciou logo após a divulgação dos resultados, Sarkozy disse: “não consegui convencer a maioria dos franceses. Assumo a responsabilidade pela derrota”. A extrema-direita com a qual tanto flertou o espera agora na primeira emboscada para esmigalhar o partido UMP e converter-se na força dominante da direita. Os conservadores têm dois inimigos em seu caminho: as eleições legislativas de 10 e 17 de junho e a extrema-direita da Frente Nacional. O enfoque moderado de François Hollande quebrou a contundente aposta ultradireitista e populista do presidente. Com ela, Nicolas Sarkozy pensou sepultar a impopularidade que o perseguia (60%) e o evidente fracasso de sua gestão. O sussurro socialdemocrata do presidente eleito tapou a fúria liberal. Sarkozy perdeu, como em toda disputa eleitoral, mas perdeu sem honra.
Imensa, coletiva, assombrosamente jovem e liberadora, como uma lufada de um perfume renovador, como o fim de um pesadelo, barulhenta e comovedora até às tripas: a alegria que explodiu nesta noite de domingo em Paris é indescritível. Agora mesmo, quando ainda se sente o tremor da história que traga o que quase já não está mais aí, as pessoas cantam e dançam na Praça da Bastilha, correm pelas ruas com bandeiras francesas, garrafas de Champagne, retratos de François Hollande e rosas na mão. Esta explosão coletiva tem o nome mais humano que se conhece: esperança. Sarkozy deixa atrás de si um país agredido: “demasiadas fraturas, demasiadas feridas, demasiados cortes separaram nossos concidadãos entre si. Isso acabou. O primeiro dever de um presidente é unir”, disse Hollande em seu discurso. Suas palavras já foram plasmadas no seio da esquerda, e isso o conduziu ao poder presidencial: uniu as correntes socialistas, atraiu os votos dos ecologistas e, sobretudo, agrupou em torno de sua a leal esquerda radical liderada por Jean-Luc Mélenchon na Frente de Esquerda. Quando François Hollande terminou seu discurso , uma mulher que estava na Praça da Bastilha, tinha os olhos cheios de lágrimas. Só conseguiu dizer: “Quando o escuto, tenho a impressão de voltar a minha casa. Este é o meu país”.
Tradução: Katarina Peixoto
Milhares festejam nas ruas a vitória de François Hollande
Imensa, coletiva, assombrosamente jovem e liberadora, como uma lufada de um perfume renovador, como o fim de um pesadelo, barulhenta e comovedora até às tripas: a alegria que explodiu nesta noite de domingo em Paris, após a confirmação da vitória do socialista François Hollande, é indescritível. As pessoas cantam e dançam na Praça da Bastilha, correm pelas ruas com bandeiras francesas, garrafas de Champagne, retratos de Hollande e rosas na mão. Esta explosão coletiva tem o nome mais humano que se conhece: esperança. Sarkozy deixou atrás de si um país agredido. O artigo é de Eduardo Febbro, direto de Paris.
Eduardo Febbro - De Paris
Paris - 31 rosas depois e uma frase que marca um rumo: “a austeridade não pode ser mais uma fatalidade na Europa”. Três décadas e um ano separam a vitória do socialista François Miterrand à presidência da República (maio de 1981) do triunfo eleitoral obtido neste domingo por François Hollande por 51,70% contra 48,30% dos votos. O modelo mais refinado do anti-herói derrotou nas urnas a versão mais xenófoba e ultrajante do liberalismo europeu: Nicolas Sarkozy ficou sem o grande sonho de revalidar seu mandato ao cabo de uma década no poder na qual seus cinco anos de presidência ficaram marcados pela panóplia de seus excessos, as promessas não cumpridas, as reformas pela metade, o desemprego, o desmonte do Estado de Bem-estar, o personalismo às últimas consequências, a arrogância e a violência racial com a qual, de uma forma ou de outra, tratou os estrangeiros.
A França encerrou uma fase na noite deste domingo e resgatou do frondoso bosque liberal a socialdemocracia europeia. Paris treme com os buzinaços e os gritos e cantos de alegria que cobrem a Praça da Bastilha. “Sarkozy terminou”, “a França Forte é a França de Esquerda”, gritava à noite a numerosa juventude que se reuniu na sede parisiense do Partido Socialista, na rua Solferino. A grande maioria desses jovens só conheceu até hoje a ação política dos governos conservadores e a fulgurante agressividade de Nicolas Sarkozy. Agora estão diante de uma nova perspectiva: “a mudança começa agora”, disse o presidente eleito no primeiro discurso que pronunciou desde Tulle (na região de Corrèze, centro sul do país), cidade da qual foi prefeito.
Pela mão de um homem discreto, sem a mais longínqua sombra de suntuosidade, que jamais ocupou um cargo ministerial e por quem, há um ano, nem seus mais fieis partidários apostavam as fichas como presidente da República, o socialismo francês regressa ao poder 17 anos depois da última vitória de François Miterrand (1988). O triunfo de Hollande é o resultado de uma construção pessoal que se plasmou logo depois de ter passado 11 anos como primeiro secretário do PS e outros dois elaborando a plataforma com a qual, no ano passado e em meio ao marasmo provocado pela queda do ex-diretor geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn (o candidato socialista até então campeão nas pesquisas). François Hollande saiu do nada. “Hollande? Não, impossível, é uma piada”, diziam seus opositores de direita e alguns elefantes do Partido Socialista. Ele os derrotou.
Logo depois de ser eleito em 2007, Nicolas Sarkozy havia dito que ao final de seu mandato queria ser julgado por duas variáveis: a taxa de desemprego e a redução da pobreza. O julgamento veio das urnas: há um milhão a mais de desempregados e vários milhões de pobres. François Hollande pediu à história outro julgamento, o dos “compromissos maiores, com a juventude e a justiça”.
O presidente eleito disse domingo à noite que cada uma de suas “decisões se baseará em dois critérios: por acaso é justo e beneficia verdadeiramente a juventude?” A vitória do socialista francês tem, além disso, outra conotação: sua chegada ao poder rompe a cúpula hegemônica que governou a Europa nos últimos anos e que ficou conhecida como Merkozy. A dupla composta pela chanceler alemã Angela Merkel e pelo presidente Nicolas Sarkozy impôs a Europa uma única via: a austeridade sem crescimento como método e disciplina. Até que François Hollande chegasse com sua candidatura, fora dos ajustes e da restrição dos gastos não havia outro caminho. A vida era isso ou nada. François Hollande foi o primeiro dirigente da UE que levantou outra bandeira e rechaçou a bíblia do rigor fiscal sem crescimento. Isso valeu a ele a afronta de um acordo secreto pactuado entre Merkel, o primeiro ministro britânico, David Cameron, o presidente do Conselho Italiano, Mario Monti, e o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, para não receber Hollande. Há dois meses, fecharam-lhe as portas. Agora, deverão colocar o tapete vermelho.
A margem da vitória de François Hollande foi mais estreita que a anunciada pelas pesquisas. Mas isso não diminui o denso golpe da história. A direita francesa protagonizou durante a campanha eleitoral, em particular durante as duas últimas semanas, uma desesperada corrida na direção da extrema-direita: fronteiras, imigração, segurança, violento discurso contra os meios de comunicação e uma vasta verborragia ultradireitista ocuparam os longos discursos de Sarkozy. Até o último momento, o atual presidente defendeu uma França ameaçada pelo mundo, pelos intercâmbios comerciais desequilibrados, os fluxos migratórios, os sindicalistas e os muçulmanos.
O conceito de “fronteira” foi para Sarkozy o antídoto contra essa massa tóxica que era o resto do planeta. À noite, no discurso que pronunciou logo após a divulgação dos resultados, Sarkozy disse: “não consegui convencer a maioria dos franceses. Assumo a responsabilidade pela derrota”. A extrema-direita com a qual tanto flertou o espera agora na primeira emboscada para esmigalhar o partido UMP e converter-se na força dominante da direita. Os conservadores têm dois inimigos em seu caminho: as eleições legislativas de 10 e 17 de junho e a extrema-direita da Frente Nacional. O enfoque moderado de François Hollande quebrou a contundente aposta ultradireitista e populista do presidente. Com ela, Nicolas Sarkozy pensou sepultar a impopularidade que o perseguia (60%) e o evidente fracasso de sua gestão. O sussurro socialdemocrata do presidente eleito tapou a fúria liberal. Sarkozy perdeu, como em toda disputa eleitoral, mas perdeu sem honra.
Imensa, coletiva, assombrosamente jovem e liberadora, como uma lufada de um perfume renovador, como o fim de um pesadelo, barulhenta e comovedora até às tripas: a alegria que explodiu nesta noite de domingo em Paris é indescritível. Agora mesmo, quando ainda se sente o tremor da história que traga o que quase já não está mais aí, as pessoas cantam e dançam na Praça da Bastilha, correm pelas ruas com bandeiras francesas, garrafas de Champagne, retratos de François Hollande e rosas na mão. Esta explosão coletiva tem o nome mais humano que se conhece: esperança. Sarkozy deixa atrás de si um país agredido: “demasiadas fraturas, demasiadas feridas, demasiados cortes separaram nossos concidadãos entre si. Isso acabou. O primeiro dever de um presidente é unir”, disse Hollande em seu discurso. Suas palavras já foram plasmadas no seio da esquerda, e isso o conduziu ao poder presidencial: uniu as correntes socialistas, atraiu os votos dos ecologistas e, sobretudo, agrupou em torno de sua a leal esquerda radical liderada por Jean-Luc Mélenchon na Frente de Esquerda. Quando François Hollande terminou seu discurso , uma mulher que estava na Praça da Bastilha, tinha os olhos cheios de lágrimas. Só conseguiu dizer: “Quando o escuto, tenho a impressão de voltar a minha casa. Este é o meu país”.
Tradução: Katarina Peixoto
Socialista François Hollande é eleito presidente da França
http://racismoambiental.net.br/2012/05/socialista-francois-hollande-e-eleito-presidente-da-franca/
Socialista François Hollande é eleito presidente da França
Por racismoambiental, 06/05/2012 15:50
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O socialista François Hollande foi eleito presidente da França ao obter neste domingo com cerca de 52% dos votos no segundo turno das eleições presidenciais. De acordo com os institutos CSA, TNS Sofres e Ipsos, o candidato socialista obteve 52% dos votos, frente a 48% de seu adversário, o presidente conservador Nicolas Sarkozy. As estimativas do instituto Harris Interactive oscilam entre 52,7 e 53,3% a favor de Hollande.
A vitória de Hollande foi confirmada por todas as estimativas às 20H00 local (15H00 de Brasília) no encerramento oficial do segundo turno das eleições presidenciais francesas.
Nicolas Sarkozy, adiantou seu discurso e reconheceu a derrota nas eleições presidenciais.
“A França tem um novo presidente e nós temos que respeitar”, disse ele, aplaudido pelos eleitores. Ele também agradeceu a oportunidade de ser presidente durante cinco anos, e deixa o cargo como o segundo presidente que nos últimos 30 anos não conseguiu se reeleger.
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2012-05-06/socialista-francois-hollande-e-eleito-presidente-da-franca.html
Friday, 4 May 2012
Resultado de Seleção das Relatorias de Direitos Humanos
DHESCA - BR
A escolha, registrada em ata que será divulgada posteriormente, foi realizada pelo Conselho de Seleção que se reuniu em Brasília, na sede da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão do MPF, no dia 03/05/2012, às 09:30. Segue a relação dos/as Relatores selecionados pelo Conselho e suas respectivas Relatorias:
Resultado de Seleção das Relatorias de Direitos Humanos
A Plataforma Dhesca Brasil, seguindo o cronograma estabelecido pelo Edital, divulga abaixo o resultado da seleção das/os Relatoras/es de Direitos Humanos para o mandato 2012/2014.
A escolha, registrada em ata que será divulgada posteriormente, foi realizada pelo Conselho de Seleção que se reuniu em Brasília, na sede da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão do MPF, no dia 03/05/2012, às 09:30. Segue a relação dos/as Relatores selecionados pelo Conselho e suas respectivas Relatorias:
Direito humano à Cidade:
Leandro Franklin Gorsdorf
Direito humano à Terra, Território e Alimentação
Sérgio Sauer
Direito Humano à Saúde: direitos sexuais e reprodutivos
Maria Beatriz Galli Bevilacqua
Direito Humano à Educação
Rosana Rodrigues Heringer
Direito Humano ao Meio Ambiente
Cristiane Faustino da Silva
Michèle Sato
Leandro Franklin Gorsdorf
Direito humano à Terra, Território e Alimentação
Sérgio Sauer
Direito Humano à Saúde: direitos sexuais e reprodutivos
Maria Beatriz Galli Bevilacqua
Direito Humano à Educação
Rosana Rodrigues Heringer
Direito Humano ao Meio Ambiente
Cristiane Faustino da Silva
Michèle Sato
Secretaria Executiva da Plataforma Dhesca
Curitiba, 04 de maio de 2012.
Tuesday, 1 May 2012
PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ ~ BRECHT
PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ
~ BERTOLT BRECHT
Quem construiu Tebas,
a cidade das sete portas?
Nos livros estão nomes de reis;
os reis carregaram pedras?
E Babilônia, tantas vezes destruída,
quem a reconstruía sempre?
Em que casas da dourada Lima
viviam aqueles que a edificaram?
No dia em que a Muralha da China ficou pronta,
para onde foram os pedreiros?
A grande Roma está cheia de arcos-do-triunfo:
quem os erigiu?
Quem eram aqueles que foram vencidos pelos césares?
Bizâncio, tão famosa,
tinha somente palácios para seus moradores?
Na legendária Atlântida, quando o mar a engoliu,
os afogados continuaram a dar ordens a seus escravos.
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César ocupou a Gália.
Não estava com ele nem mesmo um cozinheiro?
Felipe da Espanha chorou quando sua frota naufragou.
Foi o único a chorar?
Frederico Segundo venceu a guerra dos sete anos.
Quem partilhou da vitória?
A cada página uma vitória.
Quem preparava os banquetes comemorativos?
A cada dez anos um grande homem.
Quem pagava as despesas?
Tantas informações.
Tantas questões.
Tarsila do Amaral: OPERÁRIOS (1933)
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‘Yearning for a more beautiful world’: Pre-Raphaelite and Symbolist works from the collection of Isabel Goldsmith
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