Showing posts with label 60s. Show all posts
Showing posts with label 60s. Show all posts

Monday, 3 March 2014

O mito da juventude: “O problema de envelhecer é dos velhos”

ihu
http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/o-mito-da-juventude-o-problema-de-envelhecer-e-dos-velhos-entrevista-especial-com-ted-polhemus/528670-o-mito-da-juventude-o-problema-de-envelhecer-e-dos-velhos-entrevista-especial-com-ted-polhemus


O mito da juventude: “O problema de envelhecer é dos velhos”. Entrevista especial com Ted Polhemus

“Se há um problema que me preocupa sobre a juventude de hoje é que muitos dos jovens parecem viver sob a sombra da minha geração”, afirma o antropólogo.
Foto: Lulu 
“A ideia de que nós, os Boomers, criávamos, inventávamos e éramos definidos por nossa ‘juventude’ era tão pervasiva, que nos tornamos a primeira geração que nunca lidou bem com o envelhecimento.” A declaração é do antropólogo Ted Polhemus, em entrevista concedida à IHU On-Line, por e-mail, e faz parte de sua análise em compreender o mito da juventude presente na sociedade. Segundo ele, diante da “inabilidade de crescer e envelhecer, os Boomers tentaram colar em si mesmos uma etiqueta de ‘Jovens para sempre’que, em certo sentido, nega a juventude àqueles que realmente são jovens”.
Autor do livro BOOM! A Baby Boom Memoir, Polhemusevidencia um processo de “juvenilização”, ou seja, “a transferência da cultura da juventude do domínio estrito dos jovens para a penetração em todos os grupos etários e na cultura em seu sentido mais amplo”.
E explica: “não é que simplesmente um novo mercado foi criado dentro da indústria da moda para lidar com aqueles que eram jovens, mas que jovens modelos e criações apropriadas apenas para corpos jovens empurraram tudo o mais para a indústria da moda”.
O resultado desse processo, adverte, são “adultos-infantis, que vão envelhecendo e que tentam desesperadamente ‘enturmar-se com as crianças’. Minha esperança é de que assim que a minha geração for — finalmente — para aquele grande Festival de Rock no céu, o mundo possa voltar a ter uma percepção mais normal e sensível de que a criatividade e os valores não estão limitados a nenhuma faixa etária”. E dispara: “Hoje — diferentemente dos anos 1950 e 1960 — apenas os velhos estão presos no modelo de juvenilização”.
Ted Polhemus é antropólogo com formação pela Temple University, Filadélfia.
Foto: Urban Fieldnotes
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Por que há um mito em torno da juventude?
Ted Polhemus - A partir das décadas de 1950 e 1960, surgiu o mito de que é na juventude que tudo acontece — que todos os avanços criativos vêm dos jovens. Isso derrubou o (também absurdo) mito de que a juventude nada tem a contribuir. O verdadeiro mito (e perigo) é a presunção de que a criatividade é definida pela idade. No fundo, somos mais importantes que nossa idade.
IHU On-Line - Que entendimento os Boomers tinham da juventude? Em que medida a cultura que os envolvia contribuiu para sua compreensão de juventude?
Ted Polhemus – Nós, Baby Boomers, crescemos em um mundo (logo após a Segunda Guerra Mundial) no qual nos diziam constantemente que éramos a "juventude" e, como tal, éramos especiais. A coisa realmente interessante é que toda a criatividade associada ao rock n’roll, ao Swinging London Fashion (expressão comumente utilizada para descrever a efervescência cultural dos anos 1960 na Inglaterra), veio de uma geração ligeiramente mais velha, que havia nascido durante ou mesmo antes da Segunda Guerra. Os primeiros Baby Boomers, como eu (nascido em 1947), não tinham se tornado adolescentes até 1960, enquanto o rock n’roll, os primeiros estilos de rua, o jazz moderno, os poetasbeats, haviam todos sido criados por adultos jovens que já não eram mais adolescentes há tempos. Mas a ideia de que nós, os Boomers, criávamos, inventávamos e éramos definidos por nossa "juventude" era tão pervasiva, que nos tornamos a primeira geração que nunca lidou bem com o envelhecimento.
IHU On-Line - O senhor diz que essa geração afetou “como um tsunami” as outras gerações, “distorcendo e metamorfoseando toda a cultura ocidental”. Como e em que medida isso aconteceu? Quais são os reflexos nas gerações futuras?
Ted Polhemus - Uma vez firmada a ideia de que a juventude, e apenas a juventude, tinha a chave mágica para onde tudo acontece, todas as gerações mais velhas passaram a ser vistas como "quadrados", velhos, sem esperança e que não compreendiam nada, e todas as gerações subsequentes (ou, ainda mais importante, os homens e mulheres da publicidade, que desejavam atingi-los) aceitaram sem questionar a presunção de que a vida termina quando sua juventude acaba. Veja a moda, por exemplo: estilistas como Dior, cujo "new look" tomou o mundo de assalto em 1947, criava para mulheres, não garotas (que tradicionalmente seguiriam as tendências estabelecidas por suas mães). De fato, a moda sempre focou nas mulheres e não nas garotas, nos homens e não nos meninos. Mas os estilistas dos anos 1960 (que, ironicamente, não eram eles mesmos adolescentes), como Mary Quant, criaram moda focando nas garotas adolescentes. Hoje existem grandes debates sobre modelos tamanho zero e assim por diante, mas a essência dessa preocupação não são as medidas corporais — é a idade. "Tamanho zero" denota garotas, não mulheres. Pessoalmente, penso que é hora de dissociar a moda e o estilo dessa restrição centrada na idade.

“Tenho 67 anos e não faço a menor ideia sobre os jovens de hoje”

IHU On-Line - A geração atual de jovens ainda sofre os efeitos da geração Boomers? Em que aspectos?
Ted Polhemus - Em sua inabilidade de crescer e envelhecer, os Boomers tentaram colar em si mesmos uma etiqueta de "Jovens para sempre" que, em certo sentido, nega a juventude àqueles que realmente são jovens. Quando isso aconteceu, nos anos 1970 — todos aqueles velhos hippies controlando a indústria da música —, o triunfo final da juventude e da geração que era realmente jovem foi o punk. Mas o problema, hoje, é mais insidioso na medida em que iguala "onde as coisas acontecem" com"juventude" e procura aprisionar aqueles que são jovens numa categoria que é dominada puramente pela idade. De fato, a partir do que eu vejo, a juventude de hoje tem tido a sensibilidade de se apartar desse modelo etário — nos processos de escolhas de estilo, música, ideologia, padrões de consumo, etc., estão os indicadores de identidade realmente significativos, e estes cruzam a passos largos as fronteiras de idade.
IHU On-Line - Existe um processo generalizado de conflito de gerações na sociedade ocidental? Se sim, em que termos?
Ted Polhemus - Havia nos anos 1970, quando os jovens rebeldes do punk miravam os "velhos chatos". O que me impressiona é como o conflito geracional parece ser tão pequeno hoje. E é preciso ser mais do que jovem para responsabilizar a nós, os velhos, por estragar o mundo. Apontou-se estatisticamente que a geração Boomer teve seu próprio modo de fazer as coisas: iam sorrindo aos bancos e destruíam o planeta como ninguém antes deles havia feito.
De fato, se me é permitido dizer, penso que esse tipo de argumento (como tem sido exposto em um grande número de livros campeões de vendas recentemente) recai na mesma absurdidade de centrar-se na idade.
Havia Boomers que dirigiam ônibus e ganhavam salários muito baixos, enquanto outros — como Mark Zuckerberg — que não são Boomers, mas têm feito dinheiro suficiente para manter uma pequena nação funcionando. É absolutamente verdade que foi durante o tempo de vida dos Boomers que a destruição de nosso planeta conheceu uma aceleração. Mas, novamente, não acho que seja justo colar este juízo em cada um dos Baby Boomers. Contudo, a despeito dessas retratações, eu consigo entender facilmente que as gerações mais jovens ressintam o fato de que tantos Boomers estão gozando de rendas confortáveis (para não dizer que estão usufruindo de todas as vantagens da medicina), enquanto muitos de sua geração não conseguem nem arrumar emprego.
IHU On-Line - Em que consiste esse processo de “juvenilização” de que o senhor fala?
Ted Polhemus - Por "juvenilização" eu entendo a transferência da cultura da juventude do domínio estrito dos jovens para a penetração em todos os grupos etários e na cultura em seu sentido mais amplo. Por exemplo, como mencionei antes, não é que simplesmente um novo mercado foi criado dentro da indústria da moda para lidar com aqueles que eram jovens, mas que jovens modelos e criações apropriadas apenas para corpos jovens empurraram tudo o mais para a indústria da moda; veja a música pop.
Nós esquecemos que este não é um fenômeno natural: durante 99,9% da sua história, nossos ancestrais humanos reverenciaram o antigo por sua sabedoria. Hoje, o resultado final são os "adultos-infantis", que vão envelhecendo e que tentam desesperadamente "enturmar-se com as crianças". Minha esperança é que assim que a minha geração for — finalmente — para aquele grande Festival de Rock no céu, o mundo possa voltar a ter uma percepção mais normal e sensível de que a criatividade e os valores não estão limitados a nenhuma faixa etária.
IHU On-Line - É possível romper com esse processo de juvenilização inaugurado com os Boomers? Qual seria o mito social subsequente?
Ted Polhemus - É só parar, como eu digo, de pensar que quem nós somos é definido pela nossa idade. O principal personagem e narrador do romance do final dos anos 1950, Absolute Beginners, teme que ao fazer 19 anos ele ultrapassaria o seu prazo de validade. Que tamanha bobagem — não o romance, que é ótimo, mas a noção de que a certa idade você está passado.

“Nunca antes na história humana o Homo Sapiens teve tal possibilidade de se inventar a si mesmo”

IHU On-Line - Como se dá o processo identitário de jovens hoje em dia, e como este processo se difere do conceito de "juventude" originado a partir dos Boomers?
Ted Polhemus - Isso é exatamente o que alguém tem que começar a perguntar aos jovens. Eu tenho 67 anos e não faço a menor ideia sobre os jovens de hoje. É isso que quero que alguém faça: algum tipo de pesquisa que peça aos jovens para listarem o significado de vários fatores (idade, nacionalidade, classes, marcas, música, estilo, religião, raça, valores, etc.), do mais importante para o menos importante. Aqui vai uma observação que fiz por mim mesmo: na cidade de Hastings, no Reino Unido, onde eu vivo, quando o tempo melhora (se é que melhora), há um monte de crianças, predominantemente novas, andando de patins e skates no calçadão à beira da praia. Eu digo crianças predominantemente novas — e aqui está o meu ponto —, mas noto que, quando chega alguma pessoa mais velha que é boa nos patins ou no skate, ela é bem-vinda e respeitada, ao passo que algumas crianças que não têm habilidade são ignoradas. Compare com a minha geração que dizia "Nunca".
IHU On-Line - Essa autocompreensão de “juvenilização” faz com que os jovens não desenvolvam características próprias da idade adulta? Quais, por exemplo? Como a “juvenilização” afeta a vida adulta?
Ted Polhemus - Eu penso que o outro lado dessa moeda seja mais significativo: como aqueles que não são jovens se esforçam para viver suas vidas como se fossem jovens, quando na verdade não o são. Meu palpite seria de que hoje — diferentemente dos anos 1950 e 1960 — apenas os velhos estão presos no modelo de juvenilização.
Novamente, penso que a juventude de hoje lida bem, enquanto o problema de envelhecer é dos velhos. Se há um problema que me preocupa sobre a juventude de hoje é que muitos desses jovens parecem viver sob a sombra da minha geração. Estudantes dizem para mim: "deve ter sido tão legal viver nos anos 1960". Bem, sim e não. A história tem uma mania de ignorar todas as coisas chatas e repetir em um "loop" infinito aquele clipe de Woodstock no qual a mágica acontecia. Nos anos 1950 quando, na minha visão, as reais revoluções aconteceram, tratava-se ainda mais da questão de uma pequena minoria estatisticamente inundada por uma corrente extremamente tediosa. E não nos esqueçamos de que Jack Kerouack e Neal Cassidy, de On the road, desperdiçaram muito de suas vidas — e estragaram a vida de muitos outros ao seu redor, especialmente das mulheres que passaram por suas vidas. O que é tão significativo e excitante é que o que era a preocupação de uma maioria, hoje tornou-se a preocupação da massa. Muitas pessoas hoje — de todas as idades — se esforçam para criar uma identidade única para si e expressam essa identidade em seus estilos ou palavras, música, ou seja lá o que for. E isso é global.
Lembre-se que lá atrás, nos anos 1950 e 1960, a maioria se conformava muito mais do que se expressava a si mesma, e mesmo os BeatsHippiesBikers eram conformes às demandas de suas subculturas. A moda dizia às pessoas o que era in ou out. Nunca antes na história humana o Homo Sapiens teve tal possibilidade de se inventar a si mesmo.

Friday, 27 December 2013

Veja fotos inéditas do Festival de Woodstock

hypeness
http://www.hypeness.com.br/2013/09/veja-fotos-ineditas-festival-woodstock/



Veja fotos inéditas do Festival de Woodstock
Para quem sempre sonhou em poder ter estado no Festival de Woodstock, um dos marcos da década de 60, símbolo da contracultura e da oposição à vida massificada que se estabelecia por esses dias no Ocidente, esta é uma oportunidade de, pelo menos, tentar criar um imaginário ainda mais próximo daqueles 3 dias que mudaram a vida a tantos jovens.
As fotografias são de John Dominis e Bill Eppridge e algumas delas nunca foram publicadas. A revista Life apresenta-as para comemorar o legado do festival hippie dos dias 15, 16 e 17 de agosto de 1969.
Um momento de exaltação da liberdade, que superou largamente as expectativas dos organizadores (e ainda mais dos habitantes da pequena vila de Bethel, em Nova York, onde se deu o festival). Veja algumas fotos inéditas do Festival de Woodstock.
Woodstock1
Woodstock2
Woodstock3
Woodstock4
Woodstock5
Woodstock6
Woodstock7
Woodstock8(1)
Woodstock8
Woodstock9
Woodstock10
Woodstock11
Woodstock12
Woodstock13

Thursday, 16 May 2013

Após a revolução, resta o problema dos revolucionários

carta maior
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=22041


Após a revolução, resta o problema dos revolucionários

‘Depois de maio’ (2012), filme dirigido por Olivier Assayas, procura apresentar a trajetória de uma miríade de jovens franceses três anos após a tormenta de maio de 68. A contracultura já disputa a hegemonia com os valores tradicionais de modo acirrado.

“Após a revolução, resta o problema dos revolucionários”. Tal máxima (cínica) atribuída ao ditador fascista Benito Mussolini ressoa as contradições pelas quais passam os movimentos revolucionários que conseguiram chegar ao poder. Nesse momento, a acepção etimológica da palavra revolução vem à tona: revolução, o movimento que se volta contra si mesmo. A manutenção do poder pressupõe um refreamento do ímpeto contestatório. Benito Mussolini, leitor de Nicolau Maquiavel, sentencia que, da tomada para a manutenção do poder, a revolução se transforma em Realpolitik. 

O que teria acontecido ‘Depois de maio’ (2012)? O filme dirigido por Olivier Assayas procura apresentar a trajetória de uma miríade de jovens franceses três anos após a tormenta de maio de 68. A contracultura já disputa a hegemonia com os valores tradicionais de modo acirrado. Os revolucionários dos mais diversos matizes – desde os hippies pacifistas até os incendiários Molotov – vivem em suas comunidades alternativas e começam a influenciar sobremaneira a mutação dos valores e práticas ossificados. A princípio, a contracultura de fato parece ter revelado que há sempre praias sob os pisos bem encerados dos shoppings. Crescei e multiplicai-vos: o nudismo e o poliamor fazem com que os amantes usem alianças, simultaneamente, nos anelares esquerdos e direitos. Os cabelos longos e as barbas por fazer já não se preocupam com as entrevistas de emprego. “Estamos ébrios de revolução!” A psicodelia parece romper com o tempo da rotina estrita e heterônoma, o tempo do trabalho. Mas mesmo maio de 68 teve que encarar o dia 1º de junho: segunda-feira. 

O que acontece quando os gritos de ordem espraiados pelas ruas de Paris começam a se transformar em pichações cada vez mais silenciosas? Pichações que precisam ser feitas na calada da noite, uma vez que um espectro ronda a Europa depois de maio, o espectro da polícia. O poliamor e os brados por mais liberdade sexual de fato promoveram uma profunda transvaloração dos costumes em vastas camadas da sociedade ocidental. Mas seria possível entrever uma arregimentação da poligamia pelas atuais casas de swing? Sexo grupal entre quatro paredes com hora, local e preço para acontecer. O swing dá sobrevida à agonizante relação monogâmica. 

O que acontece quando a criatividade psicodélica de ontem começa a municiar a indústria publicitária depois de maio? A contracultura começa a se tornar cotidiana. (O cotidiano, vale lembrar, não foi tomado de assalto pela revolução.) A contracultura começa a se tornar a cultura que dita contra o que os cidadãos devem se postar. Os cálculos de rentabilidade do capital percebem que a contracultura estimula a produtividade dos funcionários que já não precisam vestir gravata e das funcionárias que, vez por outra, nas sextas-feiras, podem descortinar as pernas. O horário de trabalho flexível – faça sua rotina! – remove a figura exterior do ponto que deve ser batido, respectivamente, às 8h e às 18h, para transferir o princípio de coação do horário para dentro de nossas cabeças. O home office transporta o trabalho para dentro de casa, traz a premência do relatório para a escrivaninha ao lado da cama, sonhamos com as planilhas e os planos de meta. Depois de maio, o pesadelo. 

Maio de 68 entoou com novos cânticos o mantra “Louvado seja Deus”: o LSD de fato elevou Hosana às alturas. Jesus Cristo, mais um barbudo esquálido no acampamento de Janis Joplin. Depois de maio, a psicodelia lisérgica dá lugar à felicidade prescrita diariamente por 5 mg de Prozac. Quando a revolução começa a se confundir com a Realpolitik; quando a depressão passa a ser o sintoma socialmente prescrito, ou pior, administrado, Janis Joplin já ocupa o ranking do videoclipe mais badalado pelos espectadores da MTV. 

Que fazem os jovens franceses depois de maio? (Na periferia brasileira do capitalismo, não há dúvidas: em 1968, o Ato Institucional nº 5 decreta que lugar de estudante de classe média é na escola e na universidade; apenas os militares podem exorbitar a lógica dos quartéis.) Os jovens não sabem o que fazer. Como maio via de regra dá lugar a junho, a revolução ainda não conseguiu descobrir a poção de Peter Pan: os jovens terão que trabalhar. Karl Marx terá que aparar a barba, Friedrich Engels voltará a administrar suas empresas. Mas a dor não é facilmente extirpável: para os jovens que efetivamente viveram o prenúncio de uma sociedade reorganizada sobre bases radicalmente outras, a impossibilidade de prosseguir com o ímpeto de maio leva às últimas consequências as mais diversas rupturas. O suicídio tenta cristalizar um passado que já não se pode resgatar – passado que o LSD diz escorrer entre os dedos. As ações revolucionárias – roubos a banco, sequestros e que tais – municiam a propaganda anti e contrarrevolucionária para que o pater familias e a dona de casa continuem a fazer o Pelo Sinal antes do jantar. O mercado de trabalho, ao fim e ao cabo, apresenta-se como o corredor polonês depois de maio. 

Quando a contracultura é apropriada pela reação e passa a rechaçar a revolução – ou pior, quando a revolução transforma-se em espetáculo –, os jovens mais lúdicos encontram fileiras nos bastidores circenses dos filmes de Federico Fellinni; os menos aquinhoados buscam trabalho no entretenimento autoritário de Hollywood; ao fim e ao cabo, os mais pragmáticos endossam o exército publicitário. Os aforismos de outrora viram slogans depois de maio. Nesse sentido, o diretor Olivier Assayas soube captar com a argúcia a nostalgia de Pasárgada: a revolução que poderia ter sido, mas não foi lega cicatrizes e cooptações aos outrora revolucionários que agora precisam continuar a continuar. 

Flávio Ricardo Vassoler é escritor e professor universitário. Mestre e doutorando em Teoria Literária e Literatura Comparada pela FFLCH-USP, é autor de O Evangelho segundo Talião (Editora nVersos) e organizador de Dostoiévski e Bergman: o niilismo da modernidade (Editora Intermeios). Periodicamente, atualiza o Subsolo das Memórias, www.subsolodasmemorias.blogspot.com, página em que posta fragmentos de seus textos literários e fotonarrativas de suas viagens pelo mundo. 

Monday, 1 April 2013

cronologia dos protestos estudantis de 68

folha uol
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u397160.shtml


Veja cronologia das manifestações estudantis na Europa em 68

PUBLICIDADE
da Folha Online
O ano de 1968 foi de revoltas no mundo todo. A juventude ansiava por liberdade, rejeitando a ordem estabelecida e a sociedade de consumo. Na Europa, o Maio de 1968 francês ficou conhecido como o "símbolo" de uma revolta juvenil que se espalhou por vários países--entre eles Alemanha, ex-Tchecoslováquia, Itália e Polônia.
Veja cronologia das manifestações ocorridas na Europa em 68:
Arte Folha Online
Fontes Folha de S. Paulo e France Presse

,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,
.......................

Veja a cronologia dos protestos estudantis de 68 nas Américas

PUBLICIDADE
da Folha Online
O ano de 1968 foi o ápice do movimento estudantil na América Latina, mas os protestos na região também foram motivados pela luta contra o subdesenvolvimento econômico e as ditaduras militares, além da atmosfera de contestação cultural que estava presente no mundo na época.
Veja a cronologia dos protestos no Brasil e nas Américas:
Arte Folha Online
Fontes Folha de S. Paulo e France Presse


Conheça alguns dos principais conflitos ocorridos no mundo em 1968

folha uol
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u396744.shtml


Conheça alguns dos principais conflitos ocorridos no mundo em 1968

PUBLICIDADE
da France Presse
Colaboração para a Folha Online
O ano de 1968 foi de revoltas no mundo todo. A juventude ansiava por mais liberdade, rejeitando a ordem estabelecida e a sociedade de consumo. Veja alguns dos principais conflitos ocorridos em 68:
Janeiro: Ofensiva do Tet (Vietnã)
As forças norte-vietnamitas atacavam centenas de cidades do sul, entre elas Hue e Saigon. A ofensiva surpresa, que causou comoção na opinião pública americana e desacreditou o governo do presidente Lyndon Johnson (1963-1969), mostrou que uma guerrilha poderia desafiar o até mesmo o poderio bélico dos EUA.
22.mar.1968 - Efe
O "Movimento 22 de Março" é o precursor da revolta estudantil que paralizou a França
O "Movimento 22 de Março" é o precursor da revolta estudantil que paralizou a França
Março: Nanterre se agita (França)
Estudantes liderados por Daniel Cohn-Bendit ocuparam a torre administrativa da Universidade de Nanterre e criaram o Movimento 22 de Março.
Abril: Assassinato de Martin Luther King (EUA)
Ativista contra a segregação racial nos EUA, o pastor negro e Prêmio Nobel da Paz em 1964 foi assassinado no dia 4 por um segregacionista branco em Memphis (Tennessee). Os distúrbios que se seguiram atingiram as grandes cidades americanas, entre elas Washington. Pouco tempo depois, o presidente americano Johnson assinaria a lei dos direitos cívicos, proposta por King.
Maio: A insurreição parisiense (França)
28.ago.1963 - AP
Reverendo Martin Luther King Jr. durante discurso "Eu tenho um sonho",em Washington (EUA)
Martin Luther King Jr. durante discurso "Eu tenho um sonho"
A agitação universitária se transformava em insurreição na madrugada de 10 de maio, com barricadas e incêndios de viaturas policiais no bairro latino Quartier Latin. Uma greve geral lançada no dia 13 do mesmo mês paralisa o país. Desconcertado a princípio, o governo se recupera e organiza, no dia 30, uma enorme manifestação de apoio ao presidente Charles de Gaulle, que declara: "Não sairei". Em julho, De Gaulle vence as eleições legislativas e se fortalece.
Enquanto a agitação causada pelos protestos contra a Guerra do Vietnã (1959-1975) se instala nos campi norte-americanos, o maio parisiense se estende a países como a Itália, a Alemanha, o Brasil, a Turquia e o Japão.
Junho: Um segundo Kennedy assassinado (EUA)
No dia 5 de junho, na noite de sua vitória nas primárias democratas da Califórnia, o senador Robert Kennedy, o Bobby, irmão mais novo do ex-presidente John F. Kennedy (1961-1963), assassinado em 1963, recebe vários tiros à queima-roupa disparados pelo palestino Sirhan Sirhan, e morre no dia seguinte.
Julho: Fome em Biafra (Nigéria)
Tragicamente famosa pelas imagens da fome difundidas pela mídia na época, a Guerra de Biafra, iniciada em 1967 pela luta separatista dessa região do leste da Nigéria, desencadeia um movimento humanitário internacional.
Reuters
Exército mexicano reprime protesto de estudantes em Tlatelolco, Cidade do México
Exército mexicano reprime protesto de estudantes em Tlatelolco, Cidade do México
Agosto: Repressão à Primavera de Praga (Tchecoslováquia)
Nomeado secretário do Partido Comunista tcheco em janeiro, Alexander Dubcek instaura a experiência original do "socialismo com face humana" e liberaliza o regime, algo inaceitável para Moscou, que, no dia 21, envia os tanques do Pacto de Varsóvia (aliança militar dos países do Leste Europeu) para reprimir os anseios por democracia.
Outubro: Massacre no México
Entre 200 e 300 estudantes mexicanos que realizavam protestos morrem após serem atacados pelas forças de ordem, no dia 2 de maio, na praça das Três Culturas, na Cidade do México. O massacre ocorre dez dias antes da abertura dos Jogos Olímpicos, quando, diante das câmeras de TV do mundo todo, dois atletas afro-americanos sobem ao pódio com os punhos erguidos com luvas negras, uma saudação do grupo de defesa dos direitos civis aos negros Panteras Negras.

‘Yearning for a more beautiful world’: Pre-Raphaelite and Symbolist works from the collection of Isabel Goldsmith

https://www.christies.com/features/pre-raphaelite-works-owned-by-isabel-goldsmith-12365-3.aspx?sc_lang=en&cid=EM_EMLcontent04144C16Secti...