Monday, 1 April 2013

Entenda o Maio de 68 francês

folha uol
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u396741.shtml


Entenda o Maio de 68 francês

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ÉBANO PIACENTINI
Colaboração para a Folha Online
Em Maio de 68, a França concentrou em um mês as transformações sociais de uma década que já ocorriam nos Estados Unidos e em países da Europa e da América Latina.
Em 30 dias, os estudantes criaram barricadas, formando verdadeiras trincheiras de guerra nas ruas de Paris para confrontar a polícia. Mais do que isso, os jovens tiveram idéias e criaram frases tidas como as mais "ousadas" da segunda metade do século 20.
Em discursos nas ruas e nas universidades, em cartazes e muros, os estudantes franceses deixaram as salas de aula e se mobilizaram para dar a seus professores, pais e avós, e às instituições e ao governo "lições" sobre os "novos tempos, a liberdade e a rebeldia".
Efe
BER04. BERL N (ALEMANIA), 30/01/08.- Una de las fotografóas que aparece en la exposiciún "Berlón: Foco del 68", en la que, con motivo del cuarenta aniversario del movimiento estudiantil contestatario de "Mayo del 68", vuelve la vista atrÆs para repasar aquellos convulsos meses de enfrentamientos contra el orden establecido. EFE/G¸nter Zint ***SOLO USO EDITORIAL***
Estudantes fazem barricada na França
"O que queremos, de fato, é que as idéias voltem a ser perigosas", diziam os integrantes do grupo de intelectuais de esquerda chamado de "Internacional Situacionista", entre os quais o mais destacado foi Guy Debord.
A França dos anos de 1960, sob o comando do general Charles De Gaulle, era uma sociedade culturalmente conservadora e fechada, vivendo ainda o reflexo das perdas sofridas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Nas escolas francesas, as crianças eram disciplinadas com rigidez. As mulheres francesas tinham o costume de pedir autorização aos maridos para expressarem uma opinião, e a homossexualidade era diagnosticada pelos médicos como uma doença.
O Maio de 68 mudou profundamente as relações entre raças, sexos e gerações na França, e, em seguida, no restante da Europa. No decorrer das décadas, as manifestações ajudaram o Ocidente a fundar idéias como as das liberdades civis democráticas, dos direitos das minorias, e da igualdade entre homens e mulheres, brancos e negros e heterossexuais e homossexuais.
O Maio francês rapidamente repercutiu em vários países da Europa e do mundo, de uma forma direta e imediata. As ocupações de universidades se multiplicaram a partir da França, e ocorreu a expansão das mobilizações entre os trabalhadores europeus e latino-americanos, em muitos casos em aliança com os estudantes.
Ocupações e Barricadas
Efe
MAY109. PAR S (FRANCIA), 23/04/08.- Foto de archivo cedida por el Museo de la prefectura de la Policóa parisina que muestra los disturbios de mayo del '68 en Parós, Francia. Parós fue escenario de enfrentamientos de estudiantes y trabajadores con los miembros de la policóa durante la huelga general que llevú al gobierno al borde del colapso. EFE/Museo de la prefectura de la Policóa parisina ***S"LO USO EDITORIAL***
Rua de Paris, onde jovens arrancaram o calçamento para formar barricadas
O movimento francês teve início na Universidade de Nanterre, nos arredores de Paris, que foi cercada no final de abril por estudantes liderados por Daniel Cohn-Bendit. O protesto dos estudantes logo se dirigiu à capital.
Em 5 de maio, cerca de 10 mil estudantes entraram em choque com policiais no bairro laitino Quartier Latin, em Paris, em um protesto contra o fechamento de outra universidade francesa, a Sorbonne, em Paris.
Em seguida, em 10 de maio, ocorre a Noite das Barricadas, quando 20 mil estudantes enfrentaram a polícia nas universidades e ruas de Paris.
No dia 13, estudantes e trabalhadores franceses unificam seus movimentos e decretam uma greve geral de 24 horas em Paris, em protesto contra as políticas trabalhista e educacional do governo do general De Gaule.
No dia 20, a mobilização atinge seu auge: Paris amanhece sem metrô, ônibus, telefones e outros serviços. Cerca de 6 milhões de grevistas ocupam as 300 fábricas da França.
A Universidade de Sorbonne, ocupada pelos estudantes, começa uma outra batalha, em que as maiores "armas" foram as palavras. Surgiram frases que expressavam a política "libertária" desejada pelos jovens universitários: "A imaginação ao poder", "É proibido proibir", "Abaixo a universidade" e "Abaixo a sociedade espetacular mercantil".
Mundo
É difícil precisar quais acontecimentos e protestos em outros países foram conseqüência direta do maio francês. Na Europa, Espanha, Alemanha Ocidental e Itália já viviam dias de conflitos em universidades desde o início do ano de 1968. Na Alemanha, por exemplo, uma tentativa de assassinato, em 11 de abril, do líder estudantil Rudi Dutschke aumentou a tensão em Berlim, e a revolta se espalhou por dezenas de cidades.
No entanto, após a explosão do maio francês, os conflitos se intensificaram.
A Universidade de Madri, na Espanha, foi fechada pelo governo no fim do mês de maio. A polícia reprimiu violentamente estudantes e operários.
Efe
BER02. BERL N (ALEMANIA), 30/01/08.- Una de las fotografóas que aparece en la exposiciún "Berlón: Foco del 68", en la que, con motivo del cuarenta aniversario del movimiento estudiantil contestatario de "Mayo del 68", vuelve la vista atrÆs para repasar aquellos convulsos meses de enfrentamientos contra el orden establecido. EFE/G¸nter Zint ***SOLO USO EDITORIAL***
Alemães protestam em passeata na capital
Na Universidade de Frankfurt (Alemanha), estudantes da esquerda e da direita entraram em choque. Em Milão (Itália), já em junho, estudantes tomaram a sede de um jornal, impedindo sua circulação.
A juventude de países do Leste Europeu como Polônia, Tchecoslováquia e Iugoslávia, por sua vez, protestava pelo afrouxamento do comunismo de influência soviética, para eles, demasiado "rígido e burocrático".
Na Iugoslávia, 20 mil estudantes tentaram ocupar as universidades do país em junho.
Na Polônia, intelectuais e estudantes protestaram, em março, contra a proibição de uma peça de teatro considerada anti-soviética.
As greves em massa nas universidades foram reprimidas com violência.
Na Tchecoslováquia, o dirigente comunista Alexandre Dubcek introduziu, em abril, uma tímida liberdade, e falou de um "socialismo humano". Os tanques do Pacto de Varsóvia acabaram, em agosto, com a esperança suscitada pela Primavera de Praga.
com France Presse

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