Friday, 28 October 2011

movimento 15.0

fonte: centro burnier
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Movimento 15.O – Indignados e desencantados. Bifurcação civilizatória?

Postado em 2011-10-24 00:00:00 por roberto@centroburnier.com.br

Autor/Fonte/Link: http://www.ihu.unisinos.br/

15.O. Indignados e desencantados
Após uma década do surgimento do “Povo de Seattle” (1999), do “Povo de Porto Alegre” (2001) e de Gênova (2001), o movimento altermundialização irrompe novamente nas praças do mundo. Tudo começou com Tahrir (Egito) e logo depois veio Puerta del Sol (Espanha), Syntagma (Grécia), Zuccotti (EUA) desaguando no 15.O [15 de Outubro], desde já considerada uma das maiores manifestações globais, organizada a partir da consigna  “unidos para a mudança global” e da hashtag #globalrevolution – evocação de que agora a revolução informacional penetrou fortemente na nova forma de se fazer luta social.
O movimento dos indignados, como vem sendo denominado – referência ao ensaio Indignai-vos!, de Stéphane Hessel –, entretanto, é diferente do movimento antiglobalização. Embora guarde algumas semelhanças, suas características, sua organização e sua essência diferem substancialmente daqueles movimentos protagonizados no início dos anos 2000.
15.O –  a primeira grande manifestação realizada 24 horas em todo o mundo – está mais para maio de 68 do que para as lutas antiglobalização do início de século. Porém, mesmo a identificação com 68 é insuficiente, porque agora, já não é tanto a utopia que anima a tomada das ruas e das praças, mas acima de tudo o desencanto. Já não é tanto o “é proibido proibir” (1968) ou o “outro mundo é possível” (2001) que impulsiona os indignados às ruas, mas o “cansaço” com a falta de perspectivas, com a sempre e cada vez maior precarização da vida. "Não, não pagaremos pela sua crise", é um dos principais leitmotiv dos jovens pelo mundo afora.
Tampouco a “primavera árabe”, simbolizada a partir da Praça Tahrir, é igual à luta de Puerta del Sol na Espanha, deZuccotti nos EUA, da Praça Syntagma na Grécia ou dos black bloc em Roma. Com exceção, porém, da primavera árabe, se há algo que une os indignados nas ruas em todo o mundo é a percepção de que o mundo que lhes está sendo deixado caminha para a destruição total. A democracia, particularmente a democracia representativa,  é ineficaz e o capitalismo produtivista e consumista destrói a vida futura, porque destrói o planeta.
A falta de perspectiva,  o nada a perder e nem a esperar, a raiva social niilista – não é casual a máscara do Anonymous ou a forte presença dos encapuzados – está na origem e permeia o movimento dos indignados.
Onde tudo começou
Poder-se-ia dizer que a irrupção do 15.O tem os seus antecedente nas manifestações de Seattle (1999), no Fórum Social Mundial de Porto Alegre (2001), em Gênova (2001), nos protestos em Davos no Fórum Econômico Mundial (2003), assim como nos protestos por ocasião do Encontro Mundial sobre Mudança Climática de Copenhague (2009). Tudo isso é parcialmente verdadeiro e construiu a consciência e o caminho para o 15.O.
O movimento dos indignados em sua versão mundial 15.O, entretanto, tem sua origem mais próxima na primavera árabe, primeiro na Tunísia e depois no Egito –  na Praça Tahrir. A lição que vem da “primavera árabe” e anima os indignados segundo o ativista da Atacc Thomas Coutrot é o fato de que com as revoltas árabes “o mundo se deu conta de que as elites dominavam porque nós permitíamos que dominassem, fazem o que querem porque nós as deixamos fazer e, além disso, votamos para que o façam. As revoluções árabes foram uma mensagem de esperança e um chamado a insurreição dos povos”, diz ele. É a partir daí que surge na Espanha a convocatória para uma manifestação no dia 15 de maio de 2011 (15-M), lançada por uma rede emergente chamada “Democracia Real Já” e que redundará em Puerta del Sol em referência à praça madrilena.
O que move, curiosamente, a primavara árabe é a luta por democracia – a luta contra regimes autocráticos e ditadorias, já o que move os indignados é luta contra as insufiência da democracia. “O movimento árabe é o começo de um novo tempo democrático, já o movimento europeu é o fim de um tempo [welfare state], um modelo exitoso, mas insatisfatório. Por isso, fala-se de Primavera no Egito e em Del Sol pode-se falar de Outono”, diz Cristovam Buarque.
“A Primavera árabe tem como causa a falta de legitimidade de regimes que não permitem alternância no poder; baseados em partidos únicos ou quase-únicos; que construíram sistemas corruptos de promiscuidade entre os assuntos públicos e privados, com o enriquecimento das famílias no poder; mantendo sistemas econômicos que não conseguem diminuir o sofrimento da pobreza”, diz Cristovam.
“O Outono europeu, continua, acontece porque fizeram tudo o que os árabes agora estão descobrindo, mas o sistema se esgota. Acabou o casamento que há séculos permitiu a Europa unir democracia política com crescimento econômico e com justiça social. O crescimento econômico encontra-se impedido de continuar por limites ecológicos e já não gera mais emprego, sobretudo, para os jovens; os benefícios sociais estão se esgotando pelos limites fiscais que impedem a ampliação dos serviços públicos aos jovens de hoje”, afirma ele.
Em comum, os movimentos anunciam uma nova forma de mobilização social. Surgem à margem das instituições tradicionais – partidos e sindicatos e até mesmo das Ong’s –, e se valem das redes sociais, particularmente do Twitter e doFacebook. Emergem da “força do anonimato”.
Diferente de Seattle, Porto Alegre, Québec e Gênova
O movimento dos indignados que agora irrompe guarda semelhanças com as lutas travadas em Seattle, Porto Alegre, Québec e Gênova e que deram origem ao movimento antiglobalização. Não se trata, porém, do mesmo movimento.
Em 1999, o mundo assistiu surpreso à tomada das ruas em Seattle, lugar da Conferência Mundial da Organização Mundial do Comércio – OMC convocada para instalar a 'Rodada do Milênio' em uma nova e ofensiva política para liberalizar ainda mais o mercado.
Seattle revelou a força das Organizações Não Governamentais, as ONGs, que sitiaram a cidade americana – sede das gigantes multinacionais Boeing e Microsoft – e promoveram uma das maiores manifestações do final de século XX comparada em importância às manifestações do 'maio de 68' na França e aos protestos em Chicago contra a Guerra do Vietnã.
"Em Seattle se escreveu uma página histórica. Conseguimos frear as supostamente irresistíveis forças da globalização em benefício das grandes empresas", afirmou Lori Wallach [n.1], à época, diretora de uma das mais atuantes ONGs americanas, a Public Citizen's Global Trade Watch. A “Batalha de Seattle” como ficou conhecida “inaugurou” o movimento “antiglobalização” e foi um primeiro passo na implosão do “pensamento único”, segundo Ignacio Ramonet [n.3] e na gestação de uma de “internacional cidadã” nas palavras de Edgar Morin [n.2] manifestas depois no Fórum Social Mundial (FSM).
Em janeiro de 2001, e já na esteira do crescimento do movimento antiglobalização aconteceu a primeira edição do Fórum Social Mundial em Porto Alegre concebido como a antítese do Fórum Econômico Mundial de Davos.  A essência do FSM é a proposição de um espaço mundial para a articulação, debate e maturação de ideias, propostas e bandeiras na perspectiva da consigna de que “Outro Mundo é Possível”. Por detrás do FSM está a ideia de que o neoliberalismo não é irresistível e pode ser freado.
“O novo século começou, efetivamente, em Porto Alegre. E os fanáticos da globalização sabem que as coisas, provavelmente, já não serão mais como antes. Porque se começou a entrever que outro mundo é possível. Um mundo no qual se suprimirá a dívida externa; no qual os países pobres do Sul jogarão um papel mais importante; no qual se porá fim aos ajustes estruturais; no qual se aplicará a taxa Tobin nos mercados de divisas; no qual serão suprimidos os paraísos fiscais (...) no qual se investirá, maciçamente em escolas, habitação e saúde (...); no qual se aplicará o princípio precaução contra as manipulações genéticas e se colocará um freio à atual privatização da vida. Em suma, um mundo em que o ‘consenso de Washington’ será, finalmente, substituído pelo novo consenso de Porto Alegre”, diz à época Ignacio Ramonet [n.4], diretor do Le Monde Diplomatique.
Depois de Seattle e de Porto Alegre, veio Québec (Canadá) em abril de 2001. De um lado, 34 presidentes e chefes de Estado, reunidos para a 3ª Cúpula das Américas visando a constituição da Área de Livre Comércio – ALCA e de outro, milhares de manifestantes reprimidos com bombas de gás lacrimogêneo, separados por um imenso muro denominado ‘muro da vergonha’. De um lado, as decantadas virtudes e milagres do livre comércio, do fantástico que seria o maior mercado único do mundo constituído de mais de 800 milhões de pessoas, com uma renda total superior a US$ 13 trilhões, abrangendo uma área que vai do Ártico ao cabo Horn e, de outro, grito rouco e engasgado pela fumaça das bombas, de ‘so-so-so-solidariedade’. As duas mundializações lá estavam, novamente – como em Seattle e Porto Alegres-Davos – se defrontando. Uma apostando na construção de uma América dominada pelo capital, pelo mercado livre, satelizando a maioria dos países centro e sul-americanos e a outra anunciando que outras Américas são possíveis!
Logo após SeattlePorto Alegre e Quebec,chegou a vez de Gênova em julho de 2001. Tudo num curto espaço de tempo. Organizada para fazer frente  ao encontro do G-8 na cidade italiana, Gênova foi até então a maior manifestação mundial antiglobalização. Foi a afirmação do ‘Povo de Seatlle’ e do ‘Povo de Porto Alegre’. Mas também a mais trágica. Nela morreu o jovem Carlo Giuliani. Também conhecida como a manifestação da “geração justiça-social”, Gênova foi ocupada por vários dias com manifestações diuturnas e violenta repressão. Milhares nas ruas afirmando que “o mundo não é uma mercadoria” e um rotundo não às organizações paraestatais: OMC, FMI, G-8, entre outras.
A força do movimento antiglobalização e suas características deram vazão a obras como Mudar o mundo sem tomar o poder (2003), de John Holloway e Multidão (2004) de Antonio Negri e Michael Hardt. O anúncio de algo estava em marcha – a força das pessoas que resolveram tomar a mudança do mundo em suas mãos.
Em causa a crise civilizacional
Seattle, Porto Alegre, Québec e Gênova estão na origem do movimento dos indignados, mas hoje esse movimento é distinto do movimento altermundialização anterior. Poder-se-ia dizer que se os movimentos dos anos 2000 eram de caráter mais conjuntural, esses apontam para aspectos estruturais e colocam em causa a denominada crise civilizacional. Daí também a existência de muitas pautas e não apenas uma pauta.
Naomi Klein, ativista do movimento antiglobalização, diz: “Tenho orgulho de ter sido parte do que chamamos ‘o movimento dos movimentos’, mas hoje há diferenças importantes. Por exemplo, nós escolhemos as cúpulas como alvos: a Organização Mundial do Comércio, o Fundo Monetário Internacional, o G-8. As cúpulas são transitórias por natureza, só duram uma semana. Isso fazia com que nós fôssemos transitórios também. Aparecíamos, éramos manchete no mundo todo, depois desaparecíamos. E na histeria hiper-patriótica e nacionalista que se seguiu aos ataques de 11 de setembro, foi fácil nos varrer completamente, pelo menos na América do Norte”, diz ela.
Segundo ela, “a grande diferença que uma década faz é que, em 1999 [Seattle], encarávamos o capitalismo no cume de umboom econômico alucinado. O desemprego era baixo, as ações subiam. A mídia estava bêbada com o dinheiro fácil. Naquela época, tudo era empreendimento, não fechamento. Nós apontávamos que a desregulamentação por trás da loucura cobraria um preço. Que ela danificava os padrões laborais. Que ela danificava os padrões ambientais. Que as corporações eram mais fortes que os governos e que isso danificava nossas democracias. Mas, para ser honesta com vocês, enquanto os bons tempos estavam rolando, a luta contra um sistema econômico baseado na ganância era algo difícil de se vender, pelo menos nos países ricos”.
Continua Klein, “dez anos depois, parece que já não há países ricos. Só há um bando de gente rica. Gente que ficou rica saqueando a riqueza pública e esgotando os recursos naturais ao redor do mundo. A questão é que hoje todos são capazes de ver que o sistema é profundamente injusto e está cada vez mais fora de controle. A cobiça sem limites detona a economia global. E está detonando o mundo natural também. Estamos sobrepescando nos nossos oceanos, poluindo nossas águas com fraturas hidráulicas e perfuração profunda, adotando as formas mais sujas de energia do planeta, como as areias betuminosas de Alberta. A atmosfera não dá conta de absorver a quantidade de carbono que lançamos nela, o que cria um aquecimento perigoso. A nova normalidade são os desastres em série: econômicos e ecológicos”.
Segundo  a ativista, “hoje sabemos, ou pelo menos pressentimos, que o mundo está de cabeça para baixo: nós nos comportamos como se o finito – os combustíveis fósseis e o espaço atmosférico que absorve suas emissões – não tivesse fim. E nos comportamos como se existissem limites inamovíveis e estritos para o que é, na realidade, abundante – os recursos financeiros para construir o tipo de sociedade de que precisamos. A tarefa de nosso tempo é dar a volta nesse parafuso: apresentar o desafio à falsa tese da escassez. Insistir que temos como construir uma sociedade decente, inclusiva – e ao mesmo tempo respeitar os limites do que a Terra consegue aguentar”.
Naomi Klein, alerta que “a mudança climática significa que temos um prazo para fazer isso. Desta vez nosso movimento não pode se distrair, se dividir, se queimar ou ser levado pelos acontecimentos. Desta vez temos que dar certo. E não estou falando de regular os bancos e taxar os ricos, embora isso seja importante”.
A militante e autora do livro No Logo fala da novidade desse novo movimento que ocupa as praças em todo o mundo: “Estou falando de mudar os valores que governam nossa sociedade. Essa mudança é difícil de encaixar numa única reivindicação digerível para a mídia, e é difícil descobrir como realizá-la. Mas ela não é menos urgente por ser difícil. É isso o que vejo acontecendo nesta praça. Na forma em que vocês se alimentam uns aos outros, se aquecem uns aos outros, compartilham informação livremente e fornecem assistência médica, aulas de meditação e treinamento na militância. O meu cartaz favorito aqui é o que diz “eu me importo com você”. Numa cultura que treina as pessoas para que evitem o olhar das outras, para dizer “deixe que morram”, esse cartaz é uma afirmação profundamente radical”.
Na essência do movimento, e concordando com Naomi Klein, diz Eric Toussaint: “Esta crise adquiriu uma dimensão civilizacional. Pô-la em causa significa pôr em causa o consumismo, a mercantilização generalizada, o desprezo pelos impactes ambientais das atividades econômicas, o produtivismo, a procura de satisfação dos interesses privados em detrimento dos interesses, dos bens e dos serviços coletivos, a utilização sistemática da violência pelas grandes potências, a negação dos direitos elementares dos povos, como o da Palestina… Muitas vezes é o capitalismo que está no centro do que é posto em questão”, destaca ele.
Algo semelhante diz o ativista da Attac Thomas Coutrot: “No seio do movimento altermundialização já se via a emergência desses componentes assim como a crítica do modelo de desenvolvimento, não apenas capitalista, mas também ocidental. Esse modelo se caracteriza por estar baseado unicamente no bem estar material, independentemente dos valores e da solidariedade. Hoje, esse movimento conseguiu desenvolver suas críticas no coração da Europa”.
Cansaço, desencanto e raiva social
Diferentemente ainda de Seattle, Gênova e Porto Alegre que eram hegemonizados por Ongs, o movimento dos indignados é protagonizado por pessoas de diferentes grupos sociais, que se declara autônomo, sem filiação, sem hierarquia, sem liderança, quase anárquico, embora não o seja.
O movimento antiglobalização anterior manifestava ainda certa convicção da capacidade de mudança mais profunda a partir das lutas sociais, de mudança nos rumos da política. O mercado, entretanto triunfou, particularmente no Ocidente e na América do Norte. A “esquerda” do Velho Continente assimilou a agenda neoliberal. As grandes corporações e o mercado financeiro passaram a dar as cartas. Daí o desencanto com mudanças profundas e a descrença total nas instituições políticas.
Destaca Thomas Coutrot: “A essência do movimento dos indignados não está tanto na crítica ao sistema financeiro, isto não é novo. A novidade está precisamente na crítica radical da representação política, esse grito mundial que diz ‘vocês não nos representam’. As pessoas estão dizendo: não é porque votamos em você que isso lhe dá o direito de fazer o que quer contra a nossa opinião. Essa é a inovação fundamental. O protesto pede um retorno às fontes da democracia, a democracia real”.
Há uma percepção entre os indignados de que a política não foi, não é, e não será capaz de ser portadora do novo, da inclusão social. O movimento dos indignados manifesta cansaço com tudo que está aí. Segundo Zygmunt Bauman, “as pessoas se sentem sós e ameaçadas pela perda do emprego, da redução dos ganhos, da dificuldade de adaptação ao risco. O stress é corrente entre os desempregados, mas também nos empregados, pressionados pela demissão, as aposentadorias precoces ou salários cada vez mais baixos. Nos Estados Unidos o stress produz tantos danos econômicos como a soma conjunta de todas as demais doenças”.
O desencanto com a política manifesta-se de forma mais evidente no movimento dos indignados na Grécia, na Itália e no “Ocupa Wall Street” nos Estados Unidos.
O movimento “Ocupa Wall Street” tem suas particularidades, mas revela esse desencanto com o mundo da política, a frustração do “we can” de Obama e a indignação com a hegemonia dos interesses do mercado financeiro sobre a sociedade a partir da crise de 2008 e de sua retomada nesse início de ano.
“Enquanto alguns jovens foram inspirados pela ocupação da Praça Tahrir e pelos indignados/as de Espanha, este é um movimento essencialmente americano sobre problemas americanos. A turma do ‘Ocupa Wall Street’ está furiosa com as corporações e muitos estão revoltados com o governo também, são geralmente hostis aos Republicanos e estão desapontados com os Democratas. Frustrados/as com a situação econômica e política, querem taxar os ricos, querem parar as execuções das hipotecas, querem empregos para si e para todos os outros desempregados/as. Muita gente exige o fim das guerras no Iraque e no Afeganistão”, diz Dan la Botz sobre o “Ocupa Wall Street”.
Segundo ele, ainda, “o Ocupe Wall Street se descreve como ‘um movimento de resistência com pessoas de diferentes cores e correntes políticas. A única coisa que todos têm em comum é que somos os 99% que não mais toleraram a cobiça e a corrupção de um 1%’".
É na Itália e na Grécia, entretanto, que provavelmente o movimento dos indignados manifesta com mais evidência o desencanto com as possibilidades reais de mudança. Com pouquíssima repercussão na imprensa latino-americana e brasileira, pouca atenção se deu a virulência dos indignados na Itália. Naquele país, por ocasião do 15.O, o país em ficou surpreeso com as destruições infligidas à cidade de Roma.
A filósofa e jornalista italiana Benedetta Tobagi procurando refletir sobre quem são, o que querem e de onde vêm os protagonistas da violência dos indignados afirma que a “sensação de impotência diante de um cenário político bloqueado e da ausência de perspectivas para o futuro dos jovens gregos e italianos foi um fator determinante no desencadeamento nos dois países – diferentemente de outros lugares – de contestações de características violentas”.
Continua ela: "No future, no peace" (distorção da punk-niilista do histórico "No justice, no peace"): lemos isso em um blog de "rebeldes": "não queremos ter razão porque estamos fora da história. Somos aqueles que continuam vivendo sua própria história sem nenhuma esperança. Além da esfera do bem e do mal, fúria cega e raiva cega". Segundo a filósofa, “a violência que explode aos soluços nas metrópoles ocidentais expressa a raiva sem projeto de quem não tem nada a perder nem a esperar, desafogo de frustrações profundas alimentadas pela desigualdade social”.
“A nova raiva social niilista mostra pontos de contato com aquelas explosões de agressividade gratuita e irracional que povoam há décadas os nossos pesadelos, da ultraviolência do droog de Laranja Mecânica aos Natural Born Killers, passando pelos adolescentes assassinos em série da escola de Columbine”, diz Benedetta Tobagi.
O filósofo e jornalista italiano Massimo Mucchetti, vai na linha de sua colega. Segundo ele, em artigo no La Reppublicatraduzido pelo IHU, a razão da violência dos indignados, ao menos de parte deles, se deve a falta de esperança, de um futuro que se aproxima de forma perversa. Para ele, a única saída é “incluir os jovens em um projeto compartilhado. Para conseguir isso, podemos começar por ouvir o motivo de fundo dos seus protestos: a crítica da desigualdade. Lembrando que a excessiva concentração de riqueza faz mal para a economia”.
O que vem pela frente?
Se por um lado, o movimento dos indignados pode ser interpretado como um movimento cético em relação a mudanças substanciais, ele é visto como um movimento que pode apontar para implicações de mudança estrutural e sinal de que se está no âmago de uma bifurcação civilizatória.
Para Thomas Coutrot “não se trata de um movimento conjuntural que vai se acabar sem mais nem menos, ou que se abrandará com a próxima reativação econômica. É preciso vê-lo numa perspectiva mais ampla, ou seja, frente aos próximos dez anos”.
O filósofo e sociólogo polonês Zygmunt Bauman, famoso pelo seu conceito modernidade líquida, considera que esse tipo de movimento servirá para “aplainar o terreno para a construção mais tarde, de outro tipo de organização”. Bauman qualifica esses movimentos, como “emocional” e, em sua opinião, “se a emoção é apta para destruir resulta especialmente inepta para construir. Pessoas de qualquer classe e condição se reunem nas praças e gritam os mesmos slogans. Todos estão de acordo com o que rejeitam, mas se receberiam 100 respostas diferentes se lhes perguntasse o que desejam”, diz ele.
O movimento dos indignados anuncia a crise terminal do capitalismo como modelo de organização social?
''O capitalismo chegou ao fim da linha'', afirma Immanuel Wallerstein. “Na minha visão, o capitalismo chegou ao fim da linha e já não pode sobreviver como sistema. A crise estrutural que atravessamos começou há bastante tempo. Segundo meu ponto de vista, por volta dos anos 1970 – e ainda vai durar mais uns vinte, trinta ou quarenta anos. Não é uma crise de um ano, ou de curta duração: é o grande desabamento de um sistema. Estamos num momento de transição. Na verdade, na luta política que acontece no mundo — que a maioria das pessoas se recusa a reconhecer — não está em questão se o capitalismo sobreviverá ou não, mas o que irá sucedê-lo. E é claro: podem existir duas pontos de vista extremamente diferentes sobre o que deve tomar o lugar do capitalismo”.
Segundo o sociólogo americano, “ que acontece numa bifurcação é que, em algum momento, pendemos para um dos lados, e voltamos a uma situação relativamente estável. Quando a crise acabar, estaremos em um novo sistema, que não sabemos qual será. É uma situação muito otimista no sentido de que, na situação em que nos encontramos, o que eu e você fizermos realmente importa. Isso não acontece quando vivemos num sistema que funciona perfeitamente bem”.
Thomas Coutrot tem outra opinião: “Não acredito que o capitalismo tenha chegado ao final, penso que ainda o teremos por um tempo e que veremos acontecimentos terríveis. A crise econômica e social não terminou. Ainda não chegamos ao final da barbárie social. Receio que o que vem pela frente será muito feio como, por exemplo, o desencadeamento dos nacionalismos e a ruptura entre as nações”.
Segundo ele, entretanto, corroborando a tese da bifurcação de Wallerstein, “a emergência de um movimento mundial como os do indignados é um sinal de que o pior não é a única alternativa. A ação da sociedade civil pode ser um muro de contenção. Estamos numa disputa mundial entre soluções autoritárias que implicam a xenofobia e do outro lado, a afirmação de uma sociedade civil internacional em torno dos valores da democracia”.
No Brasil não há indignados?
A ação global 15.O também se fez presente no Brasil. O ato sob a consigna  ''unidos por uma mudança global'' foi convocado em 39 cidades. A pauta foi ampla e variada, desde a crítica ao modelo da democracia representativa – que mais se aproxima com a pauta do movimento mundial – a uma série de reivindicações que incluiram desde o fora Ricardo Teixeira, passando pela legalização das drogas, até a rejeição as alterações do Código Florestal e a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte.
Poucos dias antes e antecedendo o 15.O, no feriado de 12 de outubro, aconteceram atos em várias capitais brasileiras contra a corrupção. Atos convocados pelas redes sociais com a total ausência dos partidos e dos movimentos sociais tradicionais, como as centrais sindicais.
Em ambos os casos – 12 e 15 de outubro –, as manifestações foram fracas, com uma ou outra exceção. No caso do ato contra corrupção, Brasília reuniu o maior número de pessoas, já na ação global 15.O, São Paulo concentrou o maior contingente. Os atos, porém, tiveram pouca repercussão e sem organicidade não devem ganhar força. Destaque-se que mesmo a manifestação já tradicional do Grito dos Excluídos, no 07 de setembro, reuniu pouca gente.
Em relação aos indignados até há uma versão paulista de acampados. Uma centena de jovens acamparam no Vale do Anhangabaú - #acampasampa - e lá permanecem. Nesse fim de semana, deu-se início ainda a um acampanhamento na Cinelândia no Rio de Janeiro - a versão #OcupaRio.
Fica a pergunta: por que o movimento dos indignados, que se manifesta em todo o mundo, não prospera no Brasil e poder-se-ia dizer em todo o continente latinoamericano? Com excessão do Chile  a partir da luta estudantil  e na Bolívia, onde os protagonistas são os povos indígenas contra a abertura de uma estrada em seu território –, a América Latina inteira parece estar ligada em outra frequência. Na Argentina, Cristina Kirchner reelegeu-se com folga nesse final de semana, o que demonstra o contentamento com o seu governo.
Ainda no começo de julho, o correspondente do jornal espanhol El País no Brasil, Juan Arias, em um artigo em que relaciona as manifestações pelo mundo afora e a corrupção em nosso país, lançou a pergunta: “Por que o Brasil não tem indignados?”. Na época fazia alusão ao fato de que em apenas dois meses, a presidente Dilma Rousseff foi obrigada a demitir dois ministros – da Casa Civil (Antonio Palloci) e dos Transportes (Alfredo Nascimento) – sob suspeitas de corrupção.
No mês seguinte à interpelação de Arias, emparedado por uma sucessão de denúncias, o ministro da agricultura Wagner Rossi  também caiu. Também em agosto, parte da cúpula do Ministério do Turismo foi demitida. Motivo: corrupção. Estima-se que cerca de 3 milhões de reais tenham sido desviados.
Passados mais alguns meses da pergunta do jornalista espanhol, um quarto ministro (Orlando Silva, dos Esportes) está nacorda bamba em função também de suspeitas de corrupção política que pesam sobre ele e seu partido, o PC do B.
A corrupção representa vultosas somas desviadas anualmente: cerca de 6 bilhões de reais. Recente estudo do economista da Fundação Getúlio Vargas, Marcos Fernandes da Silva, mostra que, entre 2002 e 2008, cerca de 40 bilhões de reais foram perdidos com a corrupção. Praticamente uma Bolívia desviada em sete anos. Os dados referem-se apenas ao nível federal, portanto, sem contabilizar os Estados e Municípios, o que tornaria o quadro seguramente ainda mais dramático. Tomando como base apenas o último ano do levantamento (2008), os recursos perdidos para corrupção equivalem a quase 20% dos investimentos do governo federal (R$ 28,2 bilhões).
Ressalte-se que corrupção não é uma exclusividade brasileira. O professor de ética e filosofia política Renato Janine Ribeiro chega inclusive a desenvolver uma tipologia dos níveis de corrupção pelo mundo afora. O escalão mais baixo é formado pelos países em que a corrupção é tão elevada que chega inclusive a paralisar o seu funcionamento; “Um amplo nível intermediário é povoado pelos países em que a corrupção causa grandes danos, tanto ao desviar dinheiro público dos hospitais, escolas e geração de empregos, quanto ao desmoralizar a vida pública”; no terceiro escalão estariam aqueles “países em que há corrupção, mas esta não impede a ação do poder público no que lhe cabe”. Ribeiro situa o Brasil no nível intermediário.
Em maio passado, o mesmo filósofo político Renato Janine Ribeiro, no contexto das denúncias que pesavam contra o Palloci, se perguntava, ainda que num âmbito mais restrito: “O PT vai encarar a corrupção?”. O artigo de Ribeiro sinaliza para o fato de que a corrupção não é exclusividade de nenhum partido. Portanto, grassa em nosso país uma “cultura da corrupção”, com enormes prejuízos econômicos, sociais e éticos para o país.
O fato é que os indignados, no mundo inteiro, estão tomando as ruas (pelas mais diversas razões), mas no Brasil parece que ainda dormem um sono letárgico. “Por que os brasileiros não reagem frente à hipocrisia e a falta de ética de muitos governantes? Por que não lhes incomoda que políticos que os representam, no governo, no Congresso, nos estados ou nos municípios, roubem descaradamente dinheiro público?”, pergunta-se indignado Juan Arias. E prossegue com sua estupefação: “Nem sequer os jovens, trabalhadores ou estudantes têm manifestado, até agora, a mínima reação frente à corrupção daqueles que os governam”.
Arias acredita que os brasileiros teriam motivos para indignação. “Será que os jovens não têm motivos para exigir um Brasil não apenas cada dia mais rico (ou menos pobre), mais desenvolvido, com maior força internacional, mas também menos corrupto em suas esferas políticas, mais justo, menos desigual, onde um vereador não ganhe mais do que dez vezes o que ganha um professor, ou um deputado cem vezes mais do que ganha o cidadão comum depois de 30 anos de trabalho, e se aposenta com apenas R$ 650,00 enquanto um funcionário público com até 30 mil reais?”
O próprio Arias avança duas explicações para a falta de reação, mas que, ao seu ver, não dão conta de explicar a apatia nacional: 1) o crescimento econômico, que diminuiu a pobreza e fez crescer entre nós o consumismo; 2) o lado pacífico do brasileiro, pouco dado a protestos. Esse último argumento, ressalte-se, é extremamente controverso. “Tudo isso é também certo, mas não explica ainda, porque (...) os brasileiros não lutam para que o país, para além de ser rico, também seja mais justo, menos corrupto, mais igualitário e menos violento em todos os níveis”, diz ele.
A ausência dos "indignados" no Brasil, ao menos conjunturalmente, uma vez que no país sempre houve lutas sociais significativas, precisa ser procurada em sua própra história e conjuntura. Porém, conjunturalmente, cabe a pergunta: Teria realmente o consumismo anestesiado mentes e corações? Estariam, depois da preocupante e difícil década neoliberal (1990), as pessoas e movimentos sociais cansados e recuperando o fôlego? Mas o que dizer, então, do movimento indígena, mais atuante do que nunca contra a ofensiva da lógica de dominação sobre a natureza (e as pessoas)? Ou mesmo num mundo globalizado, os países não pulsam no mesmo ritmo?
Consignas do movimento 15.O
 “Seja você mesmo a mudança que deseja para o planeta”
“O maior perigo que nos ameaça é a passividade”
“O povo é demasiado grande para falir”
"Não, não pagaremos pela sua crise"
“Sobra mês ao final do salário”
“Não é crise, é cansaço”
“Reformem Wall Street”
“Criem Empregos”
“Taxem mais os Ricos”
 “Resistir não é um crime”
“Unidos para a mudança global”
“Eles, a crise; nós, a alternativa”
“Tomam decisões sobre nós, mas sem nós”
“Não somos anti-sistema, o sitema é contra nós”
“Se não nos deixam sonhar, não os deixaremos dormir”
“Votar é escolher secretamente quem te roubará publicamente”
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Notas:
1 – A 'batalha' de seattle derrota o império do mercado in Cepat Informa nº 57/1999.
2 – “Um outro mundo é possível – Necessidade da Utopia” in Cepat Informa nº 40/1998.
3 – “Porto Alegre: A Internacional Cidadã” in Cepat Informa nº 69/2001.
4 – “O Consenso de Porto Alegre” - in Cepat Informa nº n. 69/2001.
Conjuntura da Semana em frases
Troica
"Não à troica, não à chantagem" – cartazes levados, ontem, por manifestantes durante a greve geral na Grécia  - (Troica" é uma referência a Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu, que concederam empréstimos à Grécia, mas exigem cortes de gastos) – Folha de S. Paulo, 20-10-2011. 
Concordância
"Eu peguei uma frase [dos manifestantes] que diz assim: 'Não, nós não vamos pagar pela sua crise'. Nós podemos dizer isso" – Dilma Rousseff, presidente da República – Folha de S. Paulo, 15-10-2011.
Linha cruzada
"Não aguento mais receber telefonemas do Lula. Ele liga toda semana como se ainda fosse presidente" – Marco Maia, PT-RS, presidente da Câmara dos Deputados, em conversa recente com um ministro – Folha de S. Paulo, 14-10-2011.
Poderosa 
“No governo Dilma, há uma presidente poderosa, não eminências pardas e feudos. Ela não empurra Orlando Silva para fora, mas não mexe uma palha para mantê-lo dentro, nem para o Esporte continuar aparelhado pelo démodé PC do B com a Copa e a Olimpíada bem aí” – Eliane Cantanhêde, jornalista – Folha de S. Paulo, 20-10-2011.
Urubus
"Veio um monte de urubu comer o filezinho do projeto" - David Castro, pastor evangélico, fundador da Igreja Batista Gera Vida, de Brasília, afirmando que recebeu R$ 1,2 milhão do Ministério do Esporte e que foi pressionado a repassar 10% do dinheiro para os cofres do PC do B, o partido que controla o ministério – Folha de S. Paulo, 22-10-2011.
Roubar junto
“Saiu (o recurso foi liberado) porque eles ficavam naquela expectativa de que quando saísse a maior parte eles imaginavam que a gente fosse liberar. Só que na igreja eu não trabalho sozinho. Para eu roubar eu tenho que roubar junto com muita gente. Aí, minha filha, foi difícil” - David Castro, pastor evangélico, fundador da Igreja Batista Gera Vida, de Brasília – Folha de S. Paulo, 22-10-2011.
Na prorrogação
"O programa sob suspeita é o Segundo Tempo, mas o cargo do ministro já está na prorrogação” – frase de um aliado do governo, avaliando a condição de Orlando Silva após a denúncia de desvio de dinheiro no Ministério do Esporte – Folha de S. Paulo, 17-10-2011.
Combate
“Contra nós, tentaram tudo: perseguições, tortura, prisões e assassinatos. Mas nunca destruíram nossos sonhos nem nossos ideais. Nesse atual embate, ao atacarem meu partido, depararam-se com uma fortaleza. Uma organização unida, pronta para o combate” - Orlando Silva, ministro do Esporte – Folha de S. Paulo, 22-10-2011.
Experiência única
“Dilma Rousseff vive uma experiência talvez única por aqui. Ainda no decorrer do primeiro ano de mandato, faz uma reforma ministerial forçada e não por injunções políticas, razão comum a tais reformas, nem de eficiência governamental” – Jânio de Freitas, – Folha de S. Paulo, 18-10-2011.
Segundo tempo 
“O Orlando Silva fez uma dividida perigosa, levou uma bolada na garagem e foi expulso no segundo tempo! Entendi, ele queria ouro mas levou ferro” – José Simão, humorista – Folha de S. Paulo, 20-10-2011.
Esquisito
"O PT é um partido esquisito. Às vezes se afasta da gente. Deve ser porque ainda estamos longe da eleição. Ano que vem, pode ter certeza, os petistas aparecem” – Paulinho da Força, presidente do PDT-SP, sobre as dificuldades encontradas por seu partido na composição de aliança com o PT para as eleições paulistanas de 2012 – Folha de S. Paulo, 16-10-2011.
Realizações civilizatórias
“O mundo, porém, não é um lugar tão simples como gostaríamos. O ditador também exibe algumas realizações civilizatórias. Respaldado pelo petróleo, (Gaddafi) investiu em saúde e educação e até distribuiu alguma renda. A expectativa de vida saltou de 51 anos em 1969 para mais de 74” – Hélio Schwartsman, jornalista – Folha de S. Paulo, 21-10-2011.
Gaddafi
"Odiava Gaddafi, assim como odiei a forma como ele morreu. Graças à internet, a morte do ditador pôde ser vista praticamente ao vivo por todo o mundo. Sua morte foi pior do que qualquer julgamento sumário que ele possa ter feito. Os perseguidos se igualaram ao perseguidor" - Saulo Dias Goes - Sâo Paulo - SP - Painel do Leitor - Folha de S. Paulo, 22-10-2011.
Irracional
“Outro fator potencial de protesto é o modo irracional de gastar o dinheiro público. Olhando por esse ângulo, o Brasil comporta-se como um novo-rico, alheio à tempestade que se aproxima. (...) A Câmara dos Deputados gastou R$ 13,9 milhões com telefone nos últimos oito meses. Se houvesse interesse, com a ajuda da tecnologia esses gastos poderiam ser reduzidos à metade” – Fernando Gabeira, jornalista – O Estado de S. Paulo, 14-10-2011.
Tributo à democracia
“José Sarney declarou em entrevista que os privilégios parlamentares são um tributo à democracia. Os suecos, apesar de sua riqueza, considerariam um insulto à democracia. Basta examinar o tratamento que dão a seus parlamentares, que precisam lavar sua roupa e limpar, após usarem, a cozinha coletiva de seu prédio” – Fernando Gabeira jornalista – O Estado de S. Paulo, 14-10-2011.
Cueiros e penicos
"Roseana estatiza a fundação em memória de seu pai para guardar a catacumba, os cueiros e os penicos do senador, oficializando o Maranhão como capitania hereditária” – Domingos Dutra, deputado federal – PT-MA, sobre a iniciativa da governadora de estatizar a instituição com o acervo do ex-presidente da República – Folha de S. Paulo, 22-10-2011.
Procissão da alegria
“O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, está prestes a cometer um pequeno crime contra as crianças da cidade. Ele deve sancionar ainda neste mês o projeto de lei recém-aprovado pela Câmara que prevê a contratação de até 600 professores para darem aulas de religião em escolas municipais” – Hélio Schwartsman, jornalista – Folha de S. Paulo, 16-10-2011.
Religião
“Não faz sentido a prefeitura investir recursos numa procissão de 600 professores de religião quando ainda há tantas lacunas no ensino de matérias tão fundamentais como português e matemática” – Hélio Schwartsman, jornalista – Folha de S. Paulo, 16-10-2011.
Buraco de uma agulha

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