Friday 4 November 2011

conversão do cético sobre o clima

fonte - observatório da imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/a_conversao_do_cetico



MUDANÇAS CLIMÁTICAS

A conversão do cético

Por Luciano Martins Costa em 01/11/2011 na edição 666
Comentário para o programa radiofônico do OI, 1/11/2011
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Uma nota minúscula publicada na edição de terça-feira (1/11) do jornal O Estado de S.Paulo diz muito sobre certas birras que a imprensa brasileira produz quando se deixa levar por tendências conservadoras. Diz o texto que o “proeminente físico e cético do aquecimento global Richard Muller” acaba de concluir que a teoria dos 4 mil especialistas reunidos pela ONU para as pesquisas sobre as causas antropogênicas das mudanças climáticas estava correta.
Muller passou dois anos tentando contestar a tese de que a atividade humana altera o sistema climático para, recentemente, concluir que ele é que estava equivocado. O físico americano, da Universidade Berkeley, na Califórnia, descobriu que o solo está cerca de 1,6o C mais quente que na década de 1950.
Nada contra o ceticismo ou a favor da unanimidade. Afinal, na ciência, assim como na política, na biologia e na cultura, a diversidade é sinal de riqueza. Richard Muller, assim como outros céticos, como os cientistas Michael Crichton, Nigel Calder e Bjorn Lomborg, tinham todo direito e até mesmo a obrigação de manifestar suas discordâncias, uma vez que estavam convencidos de que a tese divulgada em fevereiro de 2007 pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) continha imprecisões.
Nota envergonhada
O que se observa aqui é como a imprensa brasileira, de modo geral, dedicou, nos dois anos seguintes ao anúncio do estudo geral sobre o clima, um espaço desproporcional aos céticos, contribuindo para atrasar medidas urgentes de mitigação dos efeitos do aquecimento global.
A nota quase escondida pelo Estadão na verdade não traz uma informação inédita: desde o começo deste ano Richard Muller vem dando pistas de que mudaria de opinião. Já em abril, quando foi levado ao Congresso dos Estados Unidos como “testemunha” do Partido Republicano contra a tese das mudanças climáticas, ele contrariou seus patrocinadores e afirmou que seus estudos preliminares o conduziam a uma conclusão de uma tendência global de aumento da temperatura “muito semelhante” ao que fora anunciado pelos autores do relatório do IPCC. Depois disso, Muller foi abandonado pelos seus padrinhos e pela mídia, e aparece agora confirmando aquilo que todos sabiam.
Se a comunidade científica mundial – contra a opinião de meia dúzia de contestadores – afirma que o sistema econômico global, as políticas urbanas, o modelo agrícola e os hábitos dos consumidores precisam mudar para evitar uma catástrofe, por que razão a imprensa resistiu tanto a aceitar a necessidade de novos paradigmas?
E quando uma de suas fontes de informação mais conceituadas muda de lado, por que essa notícia é escondida em uma nota curta e envergonhada em vez de ser estampada com o mesmo destaque que tinha quando ele contestava a tese do aquecimento?
A pergunta-síntese que não quer calar é: por que, diante de qualquer dilema, a imprensa, de modo genérico, escolhe a alternativa mais conservadora?

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